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Humor-->O dia Que me Borrei -- 03/02/2010 - 10:59 (Sérgio Olimpio da Silva Viégas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Eu estava no Super Útil, acabara de apanhar a carne quando senti aquela agulhadinha, já tão minha conhecida no estomago, suspendi as compras, de passada apanhei um saco de ossos para a sopa. As pessoas em geral confundem sopa de ossos com putiero ou fervido pior é apelidarem-na de mocotó. O segundo composto somente de ossos água e sal, enquanto a sopa de ossos é composta de ossos, batatinha, abóbora, legumes e verduras em geral. A boa sopa é como o porco na estância, um aproveitador de sobras, assim na cozinha a sopa de ossos inicia como putiero, só água e ossos e a medida do desenvolvimento da cozinha ela vai recebendo as sobras de todos os ingredientes do resto da comida.Nas minhas andanças lá pela serra gaúcha muito comi mocotó sem o mocotó, tinha todo o esqueleto da vaca menos o mocotó._ a pata da vaca- Sorte minha existe um caixa vago. Azar meu, o Banricompras esta fora do ar, as tripas iniciam a rebolcar-se dentro da barriga. Troco de cartão. Visa não autoriza, por fim a operação é realizada com o American Espress.
Durante aproximadamente, cinqüenta anos eu tive um intestino maravilhoso. Com exceção de alguma diarréia em criança, a provocar um ou outro acidente, tudo era um relógio. Até que um dia, mês de junho, por uma suposta hipertensão, fui "aconselhado" a parar de fumar. Primeiro veio a prisão de ventre. Habituado a sentar no vaso com o cigarro no canto da boca, enquanto esperava o intestino resolver a aliar-se. Sem ele as coisas passaram a não funcionar lá embaixo. Vieram os remédios e a desregulagem acabou acontecendo.
No dia da prosaica proibição eu disse não ser a ultima parada pois, se um dia dissessem-me estar perdido, eu entraria no primeiro supermercado, encheria o porta malas do Voyage com cigarros e iria daqui até o inferno fazendo fumaça. Hoje volvidos quase quinze anos mudei de idéia, nunca mais vou fumar, não abrirei mão do único beneficio encontrado na deixada de fumar, o direito de lascar. O Fumante ouve asneiras, e não pode retrucar nada sob pena de ser escrachinado. Qualquer retruque ao palestrante gera a pergunta.
"Fumante?"
A resposta positiva gera uma serie de impropérios
"Logo vi que era. Só podia ser. Todo o fumante é assim tenta esconder a sua covardia em afirmativas como essas ..."
Durante os últimos vinte anos de cigarros, sempre fiquei com uma pergunta engasgada na garganta ao ouvir os médicos afirmando que o fumante passivo fuma mais que o ativo. Será que médico não passa pelo segundo grau? Será que mecânica dos gases é ministrada só nos cursos técnicos? Entre tantas outras vezes que ouvi essa asneira, uma delas foi quando minha sogra foi operada do pulmão. O médico perguntou-lhe se era fumante, como a pergunta foi negativa, perguntou-lhe se algum fumava na casa. Sendo informado positivamente em relação ao meu sogro e dois cunhados veio essa informação. E eu como fumante tive de engolir em seco a asneira. Sob pena de ser execrado na frente de toda a família.
O supermercado esta a quatro quadras e meia de minha casa. Se seguir as regras de minha tia Tetê, consistindo em correr quando da para correr parar, trançar as pernas e trancar as pregas quando sente que vai derramar eu consigo chegar. Saio do mercado, no alivio inicio a correr. Mas a fila de quase duas quadras de carros, do mercado a travessia dos trilhos, indica-me complicação. Consulto o relógio. Onze horas e um minuto. No máximo até as onze e dez eu consigo passar. Segundo um figurão da América Latina Logística o tempo máximo de manobras sobre aquela passagem é nove minutos. O tamanho da fila de carros indica já estar acontecendo a algum tempo, quiçá, a cinco, contando quatro para percorrer as duas quadras, não terei de parar, na travessia dos trilhos.
‘Eu poderia não estar passando por este aperto se tivesse feito exatamente o planejado ao sair de casa. Mas a síndrome do aposentado pegou-me. Sempre que acontece lembro-me do velho Gabriel Teixeira la no Capão do Leão. Nos idos tempos da Escola Técnica de Pelotas, a minha mãe era costureira e com ela trabalhava uma menina,Gelci, filha do o seu Gabriel. Uma manhã onze e meia ela olha pela janela e exclama:
Dona Suely! O pai é mesmo um atraso. Veja só a hora que ele vai levando a carne para o almoço
Mal sabia que, quarenta e tantos anos após, isso aconteceria comigo, A síndrome do aposentado contagiar-me-ia.
Era uma manhã de neblina como há quarenta anos, numa época que eu considerava velhas as pessoas de quarenta anos de idade, lá em Vacaria. Gosto de andar na neblina. Creio ter sido, em outra encarnação, um lobisomem, por isso meu gosto por caminhar na neblina ou até mesmo na garoa fina, principalmente em noites de lua cheia. Sinto saudades de quando em noites assim, retornando da casa da noiva ou de outras andanças, eu chegava a beira do fogão do hotel, descalçava as luvas e servia uma xícara de quentão, normalmente feito pelo seu Waldemar Reichmann, o homem que “vai o racha”. Sua receita era, um garrafão de vinho tinto misturado após a fervura a uma gemada de uma dúzia de ovos com clara e tudo. Isso misturado a outros hidratantes sorvidos antes proporcionava-me uma noite tranqüila bem aquecido.
A caminho do mercado, uma quadra antes, resolvo dobrar a direita e andar nessa direção mais uma quadra até o banco. Antes deste, na tendinha do suco de cana encontro o Peninha, esposo da gerente da Benoit, paro e, dou um dedo de prosa. Sigo até o banco. Na porta encontro o Jost, irmão de Loja. Resolvo andar mais quadra e meia até o Bom Bocado, para o cafezinho. Sai o Jost e fico conversando na porta do café com outro aposentado da CEEE, o Farias, velho conhecido dos tempos da fronteira o este. Dali vamos, conversando, até a associação dos aposentados.Lembro-me da carne para o almoço, mas, no caminho novamente decido passar pelo banco. Já são dez e meia. No banco encontro o Companheiro de Lions, Beto Pacheco, converso um pouco, sobre a ultima reunião e minha recente saída do clube. Pelo relógio do banco, vejo estarem faltando somente dez para as onze. Saio da fila e corro ao Mercado.
Quando falta uma quadra para atravessar os trilhos, o trem de ré coloca as duas locomotivas sobre a travessia. Sinto um alivio, ele vai liberar a rua. Mero engano, um minuto depois, ele arranca para frente. Pela velocidade deduzo já estar indo embora em direção ao porto seco. Onze horas e quatro minutos, estou na travessia. Um apito indica estar atravessando sobre a Oscar Pinto. As tripas estão em polvorosa na minha barriga. Aperto, como posso, as pernas e as pregas. Um ronco indica-me que o bolo pronto para sair decidira retornar ao bucho. A minha salvação seria a Peixaria e Lancheria do Mano, ali bem na beira dos trilhos, por ser segunda feira, esta fechada, Estou a duas quadras e meia de casa. O Bar mais perto é o Bom Bocado também na mesma distancia para traz. Se fosse num passado relativamente recente existiria a maloquinha da Tia Zoe, a grande dama da noite de Cruz Alta nos tempos de antanho Como o trem continua andando. Tenho esperança de em seguida poder correr para casa. Chego a Imaginar eu nem entrando em casa e soltando tudo, a campo la no fundo Pátio. Rememorando a apologia do meu pai:
“não existe coisa melhor do que uma cagada a campo, numa ressolana abrigada por um capão de mato com o matungo seguro pela rédea.”
O bairro Ferroviário é o maior conglomerado residencial de Cruz Alta e é separado resto da cidade pela ferrovia cruzando sobre as ruas Veríssimo, Voluntário da Pátria_ Oscar Pinto e Procópio Gomes seus principais acesso. Ao descaso das autoridades municipais, a América Latina Logística e em franco desrespeito a população, manobra mais de quarenta trens ao dia sobre essas três ruas, desnecessariamente. Essas manobras de trens poderiam serem perfeitamente possíveis sem prejuízos a população no antigo ramal da Cooperativa para o outro lado da estação, desmontado pela ferrovia. Ou na estação Beijaminot, com dois mil metros de desvios, saqueada ao descaso, também da ALL.
Este bairro a exemplo do bairro Fragata em Pelotas, não existe em Cruz Alta. Nasceu pela construção de algumas casas no outro lado da linha constituindo um vila. Apelidada de vila ferroviária, muito longe da cidade. Achegada do trem traz consigo uma leva de empregados, no mínimo; um agente, este com residência na própria estação, dois ou três telegrafistas, um numero igual de guarda-chaves entro outros tantos. Isso provocou o nascimento da villa. Com o avanço da cidade em direção, em torno da vila nascem loteamentos. Inclusive são construídos alguns hotéis como o Murussi, do outro lado dos trilhos. Hoje é constituído de no mínimo uns dez bairros.
Quando o trem chegou a Cruz Alta em novembro de 1894, por ser considerado como uma coisa altamente perigosa, A estação e a estrada de ferro foram colocadas muito longe da cidade. Esta concentrava~se nos arredores da Praça Érico Veríssimo ou da Matriz. Embora meu Irmão e escritor Rossano Cavalari negue Cel Vidal como fundador de Cruz Alta, e até por isso o considerarei simplesmente como seu idealizado. Pilar, segundo encontrei em alguns registros, Mandou Localizar a praça da Matriz, colocando a direita a capela, Traçando uma rua a direita e um a esquerda, considerando como de frente para a casa de Pilar duas a frente, duas a direita e três as costas. Assim sendo a estação ferroviária ficava a oito quadras da praça da Matriz. Com o aparecimento dos Hotéis, próximo a estação, motivados pelo intenso movimento de passageiros, em menos de duas décadas, o centro da cidade muda-se para próximo dela. Com a criação da praça Gal. Firmino e localizada nela a nova sede da Intendência. Os trens de passageiro desapareceram e hoje Cruz Alta só contabiliza prejuízos por uma estação e uma ferrovia no centro da cidade.
“De acordo com o escritor Rossano Cavalari, em Olhos do General” antes da chegada do trem a Cruz Alta a viajem a Porto alegre era feita em no mínimo em cinco dias. Pois se ia de diligencia até Santa Maria, onde se embarcava no trem, indo até Santo Amaro, pernoitando lá e seguindo de vapor até Porto alegre onde chegava-se quase fim do dia. Deduzo eu, bazeado na informação do mesmo autor, no livro, A Gênese de Cruz Alta, sobre o movimento de diligencias entre Santa Maria e Cruz Alta, a viajem, só nesse trecho durar três dias, diz ele:
As diligencias saiam de Santa Maria para Cruz Alta, nas segundas ou terças feiras, retornado da Cruz Alta nas quintas ou sextas feiras.
Ou seja quando saiam na segunda feira, pernoitariam no caminho, segunda e terça-feira, iniciando a viajem de retorno na quinta feira, em caso de saída na terça chegariam a Cruz Alta somente na quinta pernoitando aqui e iniciando a viajem de volta na sexta-feira. Debalde tenho procurado saber onde seriam os postos de troca das parelhas e os pernoites. O próprio escritor e pesquisador, não soube me informar nem precisar esse tempo deduzido por mim. Também estimo em sete ou oito dias a viajem até Porto Alegre antes da Linha férrea entre Santa Maria e Santo Amaro, 13 de 10 de 1885, quando a viagem seria em carruagens até o Porto de Santo Amaro.
Mais um apito do trem, indica-me estar passando a Procópio Gomes O tripeio novamente revolta-se. Parece realmente estar indo para o graneleiro. Em desespero consulto novamente o relógio. Onze horas e doze minutos. O desastre parece inevitável. E quando digo desastre é desastre mesmo. A multidão na beira do trilho, em volta de mim, cresce vertiginosamente. É a hora do retorno das compras, a hora da correria das donas de casa em demanda das cozinhas. Em desespero tento desviar os pensamentos. E acabo recordando coisas desagradáveis, quem sabe meu ultimo acidente.
Eu tinha nove anos de idade e estudava em Dom Pedrito, quando aconteceu. Eu parava com meus avós e quem tomava conta de mim era uma tia minha a Tetê. Dom Pedrito é a minha terra natal como também é do Coronel Aviador Mario Alberto Pilar Bandarra, só que nem ele nem eu nuca moramos lá. Eu ao menos andei estudando lá ele nunca mais voltou. Minha mãe ao casar foi morar no interior de Pedras Altas. - Vide deste autor "Professorinha de Campanha". Aquela tarde descuidei-me brincado e não tive tempo de chegar em casa. Corri como pude ainda sem conhecer a técnica da Tetê e quando menos esperei desceu perna abaixo. Apavorado, troquei o calção, lavei-me como pude e como pude enxagüei o calcão, na época ainda não usava cuecas. Só que nem um nem outro ficaram limpos e, na chegada a tia viu as pernas chorriadas e sentiu o fedor. Entrei na cinta.
"Onde já se viu um marmanjo de nove anos cagando-se, na rua?"
Disse-me ela ao passar-me a cinta
O Trem para e, um minuto mais, inicia a manobra inversa. Eu suando frio, um arroto interno e, a bosta retorna ao bucho.
"Quem sabe esse desgraçado não libera agora a rua essa maldita rua"
Penso eu em desespero. As duas locomotivas agora estão sobre a rua, dois metros a mais consigo passar e correr até em casa. Com o retorno de todo o mundo estou novamente no momento de correr. O trem novamente para. Volta a fase apertar tudo o que da. Aumenta o povo ao meu redor. O trem novamente volta a andar continuando de ré, Abre-se uma brecha e o povaréu atropela-se. Menos eu. Estou trancado, se caminho me cago. Veio novamente o arroto aliviador, mas enganoso, tento correr, porém, quem corre é o caldo quente e fedorento pernas abaixo enchendo o sapato, com a multidão passando por mim, ao sabor de todo aquele fedor. Quando consigo desvencihar-me do povaréu sigo, bem pelo meio da rua, de pernas abertas até em casa. Dobro a esquina, não atravesso a rua. Minha esposa esta no portão conversando com duas amigas. Só a atravesso de fronte ao portão da garagem. Corro até a área aberta da lavanderia. Tiro calças cuecas e sapatos. Com um pano sujo, encontrado, limpo como posso a bunda e as pernas. Sorte minha, o meu macacão esta lá visto-o e corro de pés descalços pela grama molhada em direção ao banheiro.
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