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Artigos-->OLHEMOS AS PEQUENAS COISAS -- 02/12/2003 - 22:48 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
OLHEMOS AS PEQUENAS COISAS



Francisco Miguel de Moura*





Elogio em boca própria é vitupério. Filosofia do povo e tem seu fundo de verdade. Deixar que nos elogiem é o correto. Mas o elogio na presença pode ser bajulação: noventa e nove por cento dos aduladores são falsos.

E então, como ficamos?

Há pessoas que não podem ser criticadas: saem com quatro pedras na mão, começam uma guerra. Não há mais argumentos que as façam chegar à razão. Em compensação, há outras que não podem ser elogiadas: pensam logo que é verdade e começam a querer aparecer. Fazem asneiras.

Como caronista, não elogie o chofer antes de chegar, pode ser o seu fim.

Um dia, quando comecei a dirigir veículo, levava um colega de banco comigo. Fui logo acendendo o cigarro e tirando aquela boa tragada (hoje é que sei o mal que pratiquei contra mim). Ele me elogiava por ter aprendido tão rápido. Foi a conta. Bati num poste, que é a batida mais vergonhosa do mundo.

Por extensão, não elogie governo antes de terminar o mandato. Pode vir a não se incomodar com a construção da obra. Pode querer deitar na cama antes de ser feita.

Dizem que sou parco de elogios. Na verdade, um crítico tem mesmo é que criticar. Para fazer jus à sua fama (ou má fama). Há que escandalizar mesmo. O mal das “panelinhas” – e um partido não deixa de ser uma “panelinha” – é que seus membros se elogiam demais, reciprocamente. O elogio não é produtivo. O homem e a sociedade devem saber de suas carências para que possam caminhar em busca de um futuro cheio de realizações, de crescimento.

O fato de o Ministro José Dirceu, da Casa Civil, ter atrasado uma hora (ou mais) para receber o deputado Fernando Gabeira, sem aviso, sem nada, é lamentável. Se fez isto com um deputado, até então do seu partido, pode-se imaginar o que faria com nós pobres republicanos do Brasil. Numa análise bem costurada, o ensaísta Roberto Pompeu de Toledo situou o fato. E concluiu que nós, brasileiros, continuamos com as relações marcadas pela escravidão: Quem está de cima é patrão; quem está debaixo é escravo, deve sujeitar-se à impontualidade, aos vícios da burocracia e tudo mais.

Por que isto? Porque os governos (fala-se dos três poderes) são endeusados demais, são elogiados por si e por muitos outros. Quando os elogios só deveriam vir no final, se merecidos.

Vá criticar os que estão no poder. A Benedita da Silva ficou braba porque lhe imputaram de desonesta. Vá criticar os juízes e membros dos altos tribunais do Judiciário e verá o que acontece. Na ditadura era proibido criticar os militares; agora, na “democracia”, o judiciário.

Sempre critiquei a desonestidade, assim também a impontualidade (que só é coisa menor para quem não respeita o outro). Acreditamos que o atual Governo quer receber bem o público. Ainda não tem é jogo de cintura para saber cordialmente dizer “não” quando o pleito é impossível financeiramente ou de outra forma. O exemplo tem que vir de cima, até nas pequenas coisas, pra não virar outra ditadura, a da burocracia, que emperra a liberdade, o crescimento, o direito, no rumo da verdadeira democracia.



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* Francisco Miguel de Moura é escritor.

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