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Cronicas-->1970 - Marulho -- 31/03/2018 - 23:06 (Jairo de A. Costa Jr.) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
1.970 - Marulho

Tomando café-lanche agora à noite e reclamando da vida, além de falar mal de algumas pessoas, pode, eu estava destemperado com o bocão aberto no cerne delas e na minha cabeça é tudo verdade, no entanto vocês sabem que sempre existem três verdades: a minha, a dos outros e a real verdade. Convicto eu estava nos comentários, contudo qual será a verdade, já que eu estava usando só a minha.
Saí tomar um ar e ver a lua azul, que segundo o G1 é a segunda vez que ocorre neste dois mil e dezoito, sendo a última em trinta e um de janeiro passado, quando ocorreu a Superlua Azul de Sangue. Mais detalhes na internet e a lua azul de hoje foi um fiasco, pois o céu aqui sobre a minha casa era só nuvens, nem um tantinho de lua.
Ganhei um café expresso e o tomando pensei o que escrever ainda hoje, porque amanhã irei encontrar os meus filhos, genro e nora, para um almoço de filé à parmegiana. Sobre quem eu estava falando mal não dá, né gente, a não ser que eu tivesse, pelo menos mais uma verdade e como eu não tenho abandonei a ideia. Sobre a lua azul, ela já se encerrou no parágrafo acima. Bão e então, vamos ver nos apontamentos.
Encontrei a anotação - marulho, que foi tema de um trabalho escolar em mil novecentos e setenta. Trabalho que me dá uma vontade de pegar emprestado o DeLorean transformado em máquina do tempo no filme De Volta Para o Futuro, para voltar e encontrar o Shoiti, o Lelo, a Didi, a Margarete e a Irani, colegas de realização do trabalho.
Imaginem de onde a professora de geografia tirou essa palavra para dar como tema de um trabalho. Não sei, só sei que por obra do acaso eu tinha um livro antigo com páginas e páginas sobre os oceanos e mares. E ali estava sobrando explicações sobre o marulho, o que era tudo e não precisava de colocações pessoais, pois o trabalho era técnico. Bastava uma pesquisa na biblioteca e descrever o tema, só que não tinha nada e por isso o livro antigo foi a salvação da lavoura.
Marulho é a agitação permanente das águas do mar, constituída pelo movimento incessante de vagas curtas e pouco altas, às vezes imperceptível. Estão pensando que peguei isso na memória, ledo engano, precisei ir ao Dicionário Houaiss e encontrei também que marulho é o ruído característico que acompanha essa agitação, é o ruído produzido pelo mar de encontro à costa.
Fora das águas do mar, marulho é uma inquietação, um desassossego, desordem, motim, confusão e balbúrdia. Sabem que nunca mais ouvi a palavra marulho, em todas as suas definições do dicionário. Só nas minhas lembranças desse trabalho, num momento muito bom do meu segundo colegial e da turma toda, depois dividida entre Itapetininga e São Miguel, colégios Modesto e Nestor.
Aí o marulho ficou e São Paulo surgiu para mim, com suas inquietações, suas confusões e sua agitação permanente como das águas do mar, ligação que estou fazendo só agora. Eu poderia arrasar numa conversa com os colegas de trabalho daquele início da minha vida paulistana. E aí Estevam, como está o marulho lá na Freguesia do Ó? Já pensaram na cara de espanto dele e na do Zé Ribeiro então, um tirador de sarro contumaz.
Ainda bem que não usei e evitei ser o Marulho, os caras pespegavam mesmo com qualquer possibilidade de apelido e como não usei, acho que até hoje eles nem sabem o que significa e eu saber não me faz intelectual, só um momento da minha vida entre vários momentos daquele ano setenta no auge dos meus dezesseis anos e saudade mesmo só dos meus cabelos.
Escute aqui, diria Dona Cida, não foi esse trabalho que você datilografou a metade dele na escola da Assucena e depois terminou a mão. Verdade, nós já tivemos curso de datilografia, importante para um bom currículo na época e neste sábado, trinta e um de três de dezoito, digitando num teclado Dell digo que os ensinamentos ainda se fazem presente na construção da palavra marulho e dá-lhe asdfg, çlkjh, qwert, poiuy, zxcvb, nm...
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