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Cartas-->Carta ao goleiro Júlio César -- 26/07/2010 - 16:26 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Caro goleiro Júlio César!
Ao escrever esta carta, lembro-me da linha traiçoeira daquela bola Jabulani (“confratenização” na língua sulafricana) chutada pelo holandês Sneijder, que enganou você e o Felipe Melo, levando-os do céu ao inferno nesta Copa do Mundo de 2010.
Esse feito lembrou-me outro Júlio César, Imperador de Roma, assassinado numa conspiração política em 44 a.C. Agonizando nas escadarias do Senado, puxou a túnica ensangüentada e, ao ver o filho Brutus segurando o punhal, eternizou a famosa frase: “Até tú, Brutus?”
Júlio César, você não foi o único responsável pela derrota brasileira. Essa questão pode ser analisada de diversas formas técnicas: habilidades dos jogadores e funções chaves; visão estratégica; compromissos e até mesmo a luxúria e a vaidade que o cargo de técnico da seleção pode exercer em um mortal comum, assim como a indecisão de executar as mudanças necessárias na hora exata.
Você homem abençoado pelo universo, reescreveu sua história com glória e fama. Sorte conquistada e adquirida, tem a musa Suzana Werner que encantou-se, não apenas pelo ídolo, mas pelo homem de mãos talentosas, que a fez abdicar da carreira para constituir uma família ao lado desse homem emotivo e sentimental que não teve medo de mostrar as lágrimas após a derrota. O gol sofrido pela seleção canarinho foi um fato lastimável, “coisas do futebol”. Só erra quem está em movimento. Naquele dia a Jabulani derrotou-nos com um movimento inesperado.
As mãos que você usa para acarinhar a família e seduzir sua mulher, infelizmente falhou naquele momento, quando a bola firme e veloz insistiu em derrubar nossa certeza de que mais uma vez seríamos campeões mundiais... Quanta presunção!!!!
Não pense que só vibramos quando os jogadores fazem gols, contemplamos quando você faz uma defesa impossível para nós mortais comuns estirados no sofá.
Não vim só para elogiar, preciso desabafar. Como homem me senti abalado e serei franco, tal qual sou com todos da nossa espécie. Naquele dia fatídico você cometeu duas falhas. A primeira foi sair errado do gol e “tomado um frango”. Compreensivo para quem fica em um local tão ingrato. Quando a bola atrevida rompe o limite o goleiro é sempre o réu e ninguém lembra que embaixo da trave, eterno calvário de qualquer goleiro, é o único lugar no campo onde não nasce grama.
Outro ponto é que logo após o jogo, ainda no vestuário, com os olhos marejados, numa tentativa de consolar o povo brasileiro que estava em lágrimas, você disse: “foi apenas um jogo”. O Galvão Bueno, muito competente nesta arte de inflamar e acalmar nossos ânimos em diversos jogos da seleção, reafirmou: “foi apenas um jogo”. Como brasileiro esclareço que não foi apenas um jogo e sim expectativa de toda uma nação em superar as adversidades diárias impostas pelo jogo da vida.
A fala do Galvão não espantou nossa decepção, mas foi tranqüilizadora. Ele evitou que em lágrimas os mais afoitos saíssem às ruas em alta velocidade, bebessem além do normal ou entrassem em confusões.
Quando você disse “foi apenas um jogo”, naquele momento pareceu-me que você estava tentando nos tranqüilizar. Hoje, com a emoção já refeita e o coração desacelerado, percebo que de fato você jogou “apenas um jogo” porque já é ídolo do futebol mundial, tem fama, prestígio, dinheiro e um grande amor - razões que mobilizam o ser humano.
O que para você “foi apenas um jogo” para nós foi motivo de pararmos o país inteiro. Desejávamos vê-los jogar e consagrarem-se campeões. Apesar do status já adquirido como referências mundiais, nós estávamos torcendo para vocês ganharem a copa e obterem os bônus merecidos. Acabaram ficando com o ônus da falha e nós com a decepção. Queríamos apenas a taça!
Tenha certeza que toda vez que você defendia uma bola, existia uma multidão em pensamento ao seu lado. Suas mãos talentosas estavam com as de 190 milhões de mãos fechando o gol. Quando você voava para interceptar a bola, voávamos também. Enfim, não era para acontecer. Talvez em 2014 possamos ser bem sucedidos e conquistarmos a copa em nosso país.
Espero que o próximo jogo seja “O JOGO”, não apenas “mais um”.

Abraços do seu admirador, João Rios.
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