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Cartas-->Carta ao médico que cortaria a língua do presidente Lula -- 25/05/2010 - 15:37 (Tânia Cristina Barros de Aguiar) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carta ao Senhor Luiz Ricardo Menezes Bastos, que gostaria de cortar a língua do Presidente Lula


Senhor Luiz,

Não vou chamá-lo de doutor. Do alto dos meus cinqüenta e dois anos de idade, mãe de família, aposentada, não vou chamá-lo mesmo de doutor. Nem do alto dos meus parcos estudos, finalizados no curso Técnico em Finanças, no GISNO, uma escola pública, em Brasília, depois de sair do meu Estado natal, lá no Nordeste, há mais de trinta anos.
Primeiro, confesso que me preocupo com sua saúde. Física, porque, pelo ódio que destila, dirigido ao Presidente Lula, desconfio que, se morder a sua língua, morrerá envenenado. Mental, porque um praticante da Medicina confessar desejo de mutilar um ser humano, seja ou não Presidente da República, é de se preocupar. O Conselho Regional deveria suspender sua licença. Ou, assim, no mínimo, admoestá-lo, publicamente, também. O senhor revela ter algum desvio de comportamento. Ainda mais se tratando de uma confissão pública. Relutei, mas preciso descrever uma cena que me passou pela cabeça, lendo seu artigo – imaginei que se o senhor fosse casado e supostamente sua esposa tivesse um amante e o suspeito caísse em sua mão numa cirurgia de emergência, por qualquer motivo - um acidente de carro, ou um incêndio - o senhor não hesitaria em extirpar-lhe o órgão genital.
Eu, simplória que sou, fico imaginando porque o fato de um presidente entregar 650 ambulâncias a 573 municipios despertaria tanto ódio num dirigente classista de médicos paulistas.
Ah, é porque só a ambulância não resolve. Mas, será que é tão ruim assim? Ora, os profissionais de saúde poderiam se mobilizar, nos seus municípios, para que as ambulâncias não fossem destinadas a sucata, como adivinha o senhor. Seria mais construtivo? Eu tenho a mania de achar que é mais fácil construir do que destruir.
Desconfio que seria um ato magnífico dos médicos dos municípios beneficiados. Aí o seu artigo poderia ser dirigido aos seus liderados, dizendo – ei, pessoal, o Presidente está doando as ambulâncias, vamos pressionar nossos dirigentes estaduais e municipais para equipá-las e contratar mais profissionais que possam prestar serviço nelas?
Nossa, isso sim, ia ser bacana, né? E garanto que ia fazer mais bem para os seus liderados do que envenená-los. Sr. Luiz, as pessoas querem ser felizes, as pessoas tem o bem dentro de si e se mobilizam facilmente para ajudar os outros, é característica dos brasileiros e brasileiras. Ainda mais médicos e médicas, enfermeiros e enfermeiras, que escolheram como profissão zelar pela vida dos outros... Já pensou, hein, o senhor liderando uma campanha para que as ambulâncias não virem sucata? Que tal? Sua associação pode inclusive fazer um jornal, listando as ambulâncias e denunciando os municípios que não as equipem. Show de bola. Aí o senhor ajudaria as pessoas.
Mas talvez o senhor ache que esse dinheiro deveria ser distribuído nos salários dos médicos, como parece fazer crer seu artigo. Eu também acho que os médicos deveriam ganhar mais. Os professores também. Aliás, os professores do País inteiro, com o PNDE , ganharam um piso nacional mais digno. Mas tem estados pobres, coitadinhos, como São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, cujos governadores, todos do mesmo partido, o PSDB, que não queriam – ou não querem, não sei a quantas anda essa disputa – pagar o Piso Nacional Básico dos Professores, instituído pelo Presidente cuja língua o senhor gostaria de cortar.
Mas eu também acho que qualquer pessoa que passe num vestibular de medicina tem discernimento para conhecer a realidade do “mercado”da sua profissão. Então, se é tão ruim, vai ser astronauta. Petroleiro. Bancário. Vai ser outra coisa. Agora, já que se formou em medicina, vai exercer, vai batalhar. E se tiver se formado em universidade federal, vai prestar serviço em hospital público, para recompensar um pouco o tanto de dinheiro de imposto que o País gastou para formar esse profissional.
Quanto a Cuba, desnecessário comentar. Todo mundo sabe a qualidade da medicina praticada em Cuba, sua política fantástica de saúde e educação. Odiar Fidel é como odiar Lula. Inútil. O amor que emanam e praticam está gravado na vida das pessoas cuja realidade mudou para melhor pela qualidade das políticas públicas que esses líderes implantaram. São perfeitos? Não. São seres humanos. Maravilhosos. Iluminados. Exemplos de políticos do bem.

Agora, senhor Luiz, eu queria dizer para o Senhor ir visitar Mumbuca, lá no Jalapão. Fala com Dona Miúda. A ambulância que chegou lá – não sei se é do SAMU, ou iniciativa do Estado, ou do município, mas fui visitar o povoado, em férias, há uns três anos e os quilombolas me contaram: a ambulância serviu para uma coisa simples – salvar vidas. Porque, antes, eles carregavam em redes os doentes, por quilômetros e quilômetros, até o hospital mais próximo. Portanto, senhor Luiz, se ambulância tiver um motorista que seja, já serve. Ah, o senhor nunca havia pensado nisso? Bom, provavelmente, como eu, o senhor paga mensalmente algo tipo UTI VIDA, né? Eu pago, para mim e para minha mãezinha. Para ter uma UTI completa na minha porta se nós precisarmos. Tomara funcione, nunca testei, felizmente. Mas também sei que existe o SAMU.

Ah, tenho outro lugar pro senhor conhecer, Senhor Luiz. Vamos sair da medicina, pra variar um pouco. Vá conhecer Cavalcante, em Goiás, tem boas cachoeiras e lá também tem muitos quilombolas. Que agora tem casa e energia elétrica. Os turistas finalmente podem tomar uma cervejinha gelada, quando degustam a galinha caipira da venda, no retorno das longas caminhadas até os rios que banham a região. Chiquérrimo. Esqueci o nome do quilombola, um senhor belíssimo, dono dessa venda, mas quando estive lá da primeira vez, ele, envergonhado, cabeça baixa, disse-me – se a senhora quiser cerveja, tem, mas é natural. Se eu tivesse mais dinheiro, comprava uma geladeira a gás. Pois eu voltei lá e ele tava de camisa de linho branca, alvíssima, chapéu de palha estalando de novo, todo altaneiro, olhando a gente nos olhos e perguntando – vai uma geladinha aí?

Não, eu não sou quilombola. Até sou meio loura, tenho olhos verdes. Mas creio que é a comunidade mais simbólica para a gente dar de exemplo das políticas publicas – negros, esquecidos em regiões remotas.

Ah, sim, mas eu sou do Maranhão. Que tal visitar Largo do Junco? E outros povoados próximos? Que tal ir na fábrica de sabonetes das quebradeiras de coco? Conversa com Dona Dió. Pergunta porque ela agora não tem mais vergonha quando chega estrangeiro e pergunta o que o Governo do País faz pela gente dela? Aquelas mulheres já venceram, de qualquer jeito, independente deste ou de qualquer Governo. Mas, olha, tem um povo neste País que o senhor precisa conhecer. Longe da Avenida Paulista. Ou de Limeira.

Pode até ser que a Dona Miúda, a Dona Dió, o Seu Fulano que esqueci o nome, mas vou visitar de novo, uma hora dessas, hoje tenham outras demandas, outras queixas, mas eu relatei o que eles me contaram, quando lá fui. É por essas e outras que eu tenho orgulho de ter um Presidente como Luiz Inácio Lula da Silva, para quem faço campanha desde 1989, porque eu, como milhares de brasileiros naquela época, e milhões hoje, já sabíamos: estava ali um grande Estadista, um grande ser humano, predestinado a mudar o Brasil. Um Presidente que carrega e é carregado por uma legião de gente boa, íntegra, que trabalha dez, doze, quatorze horas por dia, neste Governo, para fazer o sonho vencer o medo.
Preocupa não Sr. Luiz, que Dona Dilma vai ajudar essas prefeituras a fazer o SAMU funcionar. Vai ser café pequeno pra ela. Como eu disse, o senhor poderia ajudar.


(recebi um email com esse artigo, atribuido a Luiz Ricardo Menezes Bastos, médico,
Presidente da Associação Paulista de Medicina, Regional de Limeira. Foi irresístivel, para mim, dirigir-lhe uma carta)



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