Os
meses se passaram. Rafael continuava o caso com Dona Elaine e Audrey, embora
passasse mais tempo com a mãe que com a filha. Além do aluguel do esconderijo
também havia os presentes que ela frequentemente trazia para ele, que iam desde
roupas caras do shopping até suplementos importados. Nunca lhe faltava nada e o
fato de que estava se relacionando com as duas, como não poderia deixar de ser,
continuava gerando a curiosidade de algumas pessoas na escola e na vizinhança e
até mesmo algumas professoras chegavam a demonstrar algum interesse, ainda que
contido, no rapaz. O trabalho e o fato de se tratar de um menor de idade as
mantinha longe.
Na
escola, como é de se esperar, Audrey o espera depois da aula para irem juntos
para o esconderijo. Seu namoro com o menino de outra escola já havia atingido
um patamar em que o garoto, mesmo sabendo ou tendo forte suspeita do caso da
namorada com Rafael, fingia não saber o que estava acontecendo ou simplesmente
mantinha os olhos fechados para tudo. Nenhum dos dois se importava. A menina
mantinha o namoro, gostava de estar com o menino e do clima gostoso de romance
de mãos dadas, mas admitia que não havia como ele despertar nela o mesmo desejo
que o filho do anjo supostamente caído causava. Sobre este assunto, nenhuma
palavra. Não era conveniente entrar em detalhes sobre assuntos que levariam a
dúvida ou a uma possível repulsa por parte de suas amantes.
- E
aí, vamos lá?
-
Vamos... meu corninho só vai em casa à noite, tá no cursinho pré-vestibular.
Minha mãe não vai hoje, essa semana tá corrido com as audiências. E você anda
metendo muito esse pintão nela, seu safado... – os dois sobem no ônibus, que
passa no ponto em frente à escola.
- E
ela gosta... difícil é dizer qual de vocês eu gosto de comer mais. Mas por que
falou isso, tá com ciúme?
-
Não, ciúme não é a palavra... isso eu tenho do meu namorado. Pode ser corno,
mas eu gosto dele. Com ele, eu caso e, com você, eu tenho um caso, diz ela
rindo. É o mesmo caso do meu pai; já tá na cara que sabe que é corno, mas é
melhor fingir que não tá vendo e ficar tudo de boa e continuar com a mulher do
que perder a cabeça e ir em cana de novo. Nunca teve época melhor pra ser
mulher, a gente faz o que quer e a lei passa a mão na cabeça.
-
Então, aproveita e passa a mão na cabeça do meu pau, diz Rafael. A menina não
se contém e se coloca à frente do rapaz, roçando as nádegas em sua virilha e já
sentindo seu falo com tamanho que a leva a sentir os mamilos se enrijecerem.
-
Olha por que eu falo que é um safado... o bichão já tá se assanhando de novo...
-
Ele sempre tá. Senão, como você se diverte? – os dois riem. Alguns passageiros
do ônibus chegam a notar o comportamento dos dois, mas os ignoram. Assim que
dois lugares são desocupados os dois se sentam e, como se um clima romântico ou
talvez o cansaço tomasse conta da menina, Audrey se acomoda sobre Rafael.
-
Aquela minha amiga, a Lilian... ela tá querendo te conhecer. Você já falou com
ela?
-
Algumas vezes, assim, tipo de passagem. Sei que ela namora um nerd lá da
escola, mas que também o cara parece fazer o tipo do corno conformado. Igual
você com o seu, sabe, amor e mais amor, mas alguém tem que fazer a mulher
gozar, e é aí que eu entro... literalmente...
-
Tô querendo levar ela lá no esconderijo pra você traçar ela. É bem puta na
cama, não sei como você não comeu ainda.
-
Ah, mas tem que dar atenção pra você e pra sua mãe... e eu não sei qual das
duas é mais insaciável. Teu pai deve ter notado que ela anda mais larga,
impossível não ter sentido nada. Ele tem pau grande?
-
Nada, de normal pra pequeno. E, de qualquer jeito, minha mãe sempre gostou dos
gigantes. No caso das minas, elas dão pra você por curiosidade, pra saber como
é ter um macho de verdade na cama, mas a minha mãe, não. Ela gosta de sentir
uma rola grande mesmo. Lá no escritório dela tinha um negão que trabalhava na
portaria do prédio e comia ela toda semana. Mas mandaram ele embora e aí não
rolou mais. Mas ela me disse que você é ainda melhor.
-
Hmmm... bom saber.
-
Só queria saber que milagre da natureza é esse pra você ter nascido gostoso
desse jeito e com essa jeba gigantesca...
-
Ah, vai saber, né...
A
conversa entre os dois cessa nos próximos minutos e Audrey termina por cair no
sono encostada no peito de Rafael. As palavras dela, a forma como relata a vida
familiar e mesmo a maneira como as mulheres com quem cruza parecem se entregar
a seu desejo por ele sem qualquer tipo de pudor, como se esquecem de toda moral
e dos costumes que dizem pregar e defender em nome dessas e outras paixões lhe
fazem pensar novamente na forma como o anjo supostamente caído, já aceito por
ele como seu verdadeiro pai, os chamou: os erros de Deus, aqueles que Ele criou
para serem algozes de si mesmos e se autodestruírem enquanto se apegam a
esperanças vãs e são submetidos a regras que jamais poderão seguir ou às quais
jamais se apegarão buscando por um paraíso que, na verdade, procuram apenas por
medo e não por qualquer tipo de amor verdadeiro a quem chamam de Criador, uma vez
que só O buscam por temerem uma condenação a um local ainda pior do que este
mundo.
O
que seria dele agora que conhece sua verdadeira origem? Os poderes que teriam
de ser demonstrados para confirmar a verdade sobre seu progenitor lhe foram
mostrados, não há como negar que ele realmente é o maior de todos os anjos e
que talvez realmente seja aquilo que chamam de diabo, o príncipe deste mundo
que, portanto, seria o lago de fogo e enxofre, o inferno descrito para onde
todos que não seguissem a Ele iriam. Agora, tudo mais lhe parece uma estória
para crianças, como um castigo para as que não se comportassem e um suborno
para os que fizessem o que Ele ordenasse. O medo os levaria a deixar aquilo que
realmente querem e não a vontade de servi-Lo. Jamais viriam a negar a si
mesmos, tomar suas próprias cruzes e seguir ao que chamam de Salvador do mundo,
como Ele ordenou.
No
esconderijo, a foda com Audrey é tão selvagem e depravada quanto das outras
vezes. A garota se acaba, urra, geme de forma tão intensa quanto de costume e
não se cansa de pedir por mais. Após ter todos os orgasmos possíveis se queda
exausta e, novamente, o sono toma conta de si. Rafael permanece deitado a seu
lado, pensativo, e não pode deixar de pensar naquilo que lhe foi dito pelo pai
verdadeiro. Qual seria, então, o motivo de sua própria existência? Por que
teria vindo parar neste mundo, exceto para tumultuar a ordem dos
relacionamentos dos mortais, importuná-los e se divertir com suas mulheres,
tornando-se apenas mais um peão a serviço do Deus sádico que vive para levar
sofrimento a eles? Não acha que exista algo como explorar alguém sexualmente e,
se há alguma exploração, é mútua. Não há razão para culpa alguma, até porque
são elas que devem alguma lealdade aos maridos, namorados e homens com quem se
comprometeram, ele nada tem a ver com isso. Mas o vazio que não só sua vida,
mas a própria existência parece proporcionar e possuir por si só, lhe incomoda.
Simplesmente não consegue, subitamente, entender por que estaria ali, por que
existiria e se não seria simplesmente mais uma parte de um plano de Deus que
não deu certo ou que funcionou bem demais. Muito prazer, muita diversão parece
estar aparecendo no meio do caminho, mas, de repente, isso não parece ser o
bastante para lhe fazer feliz por estar por ali.
-
Hum... – Audrey desperta. Aquela gostosa sensação de cansaço e relaxamento,
típica do sono após seus encontros com Rafael, toma conta do seu corpo.
Espreguiçar-se é tanto um esforço quanto uma benção, mas todo cansaço parece
desaparecer quando ela vê novamente o membro do rapaz e acomoda a cabeça sobre
a coxa do amante, passando o pênis avantajado em seu rosto e beijando-o
carinhosamente.
-
Filho da puta, me arrombou de novo, diz ela, enquanto sente o esperma escorrer
de dentro de si, sem conter uma risada que se junta à dor do coito, que a faz
lembrar do sexo feito minutos atrás. Que foi, você não parece legal... alguma
coisa que te deixou chateado?
-
Não... só pensando. Coisa pessoal, nada com que eu vá te incomodar, até porque
não valeria a pena falar sobre isso. Só um mal-estar passageiro.
-
Bom. Vou mandar mensagem pra Lilian e dizer pra ela vir aqui hoje. Quem sabe
comer uma putinha diferente faz você se sentir melhor... é até bom, podemos
aproveitar que minha mãe não vem aqui hoje.
-
É, acho que é uma boa. Fala com ela.
Audrey
pega o telefone e manda uma mensagem pela rede social para a amiga, que não
demora a responder. Perdido em seus pensamentos, Rafael não dá muita atenção ao
fato ou procura saber o que as duas conversam sobre ele. Finalmente, o diálogo
termina.
-
Ela quer que você vá até a casa dela hoje. Parece que o pai vai pra igreja e
ela vai tá sozinha em casa com a mãe, que também é crente, mas vai ficar em
casa com a desculpa de que tá indisposta. A Lilian falou de você pra ela,
parece que você vai ter que comer a mãe dela também... já tá virando costume.
- E
a mãe dela é gostosa?
-
Aqui, ela mandou foto pra você. – pela tela do celular, na janela do bate-papo
da rede social, Rafael vê uma mulher de aparentemente 35 anos, loira de olhos
claros e pele branca como neve, posando sensualmente em roupas íntimas, como se
quisesse deixar mais que claro suas intenções de conhecer o quanto antes aquele
jovem bem dotado que vem enlouquecendo mulheres pela vizinhança e tumultuando
namoros e casamentos. A lembrança sobre o fato da mulher ser religiosa não
poderia passar esquecida enquanto ele observa as fotos e, novamente, ele se vê
pensando sobre a forma como a fé nada mais é que uma forma daqueles que seu pai
verdadeiro chama de “erros de Deus” buscarem desesperadamente se livrarem de
problemas muitas vezes causados por si mesmos ou de, simplesmente, buscarem,
através de um suposto amor por seu criador, encontrar um alívio para suas almas
um pouco mais duradouro que os pecados que tanto apreciam às escondidas e que é
parte constante de seu dia a dia.
-
Coroa safada... dá pra imaginar que o corno do marido não dá conta.
-
Né? Vou dizer pra ela que você vai lá hoje.
-
Vou, sim. Essa pilantra deve foder feito uma deusa.
-
Do jeito que você gosta... – as carícias no membro de Rafael começam a se
intensificar quando Audrey percebe que ele começa a aumentar de tamanho até se
endurecer novamente. Ela chupa sem qualquer cerimônia, mas o impede quando ele
tenta penetrá-la novamente, dando a entender que ainda não está em condição de
aguentar uma nova sessão de sexo com ele. O jovem sorri enquanto é servido pela
moça e, como se isso logo apagasse seus últimos pensamentos, ele foca na visão
dela saboreando seu sexo e se lembra de como é bom estar vivo e tendo as
mulheres dos mortais para servi-lo e estarem à sua disposição tanto quanto
desejar...