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Erotico-->Os donos do lar são os amantes - capítulo XI -- 29/07/2019 - 19:21 (Lorde Kalidus) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Caminhando pela rua onde mora, Rômulo logo chega até a praça, cerca de cinco quadras adiante. As revelações da esposa ainda o perturbam e nem mesmo o ar da noite ou o anonimato gerado pela cidade em torno dele conseguem fazer com que deixe de se sentir como se todos o observassem como o marido mais enganado de todos os tempos. Ele olha em volta enquanto caminha e traga seu cigarro, observa as pessoas, seu cotidiano e se pergunta o quanto pode estar acontecendo debaixo de seus narizes sem que saibam, o quanto podem estar sendo roubadas, quantos maridos, como ele, podem estar sendo traídos, quantos filhos podem estar matando seus pais e mães, quantas filhas devem estar se drogando ou se prostituindo... a sensação de entorpecimento, de podridão causada pelas  revelações de Cristiane invadem sua mente como uma embriaguez cruel e crescente, trazendo esses pensamentos à sua mente como que numa escala evolutiva, uma sequência daquilo que lhe foi contado. Chega a causar tontura, náusea, pensar que todo esse tempo esteve dividindo seu corpo e sua cama com aquela mulher que, para ele, era praticamente sem mácula e que há pouco, em poucos minutos, revelou-se quase uma Messalina, deixando claro que praticamente tudo que já havia sido criado em matéria de sexo já havia sido experimentado por ela, ao contrário do que acreditava ser real. O romance, a pureza, a quase santidade de seu relacionamento era apenas coisa de sua imaginação, uma farsa, algo que só existia em sua cabeça, como, provavelmente, acontece com milhares de maridos e esposas pela cidade afora.

Chegando à praça, ele se senta em um dos bancos, ignorando as pessoas à sua volta, os garotos jogando bola na quadra, os que se exercitam nas barras, as mães conversando umas com as outras enquanto suas crianças brincam nos brinquedos do parque... tudo isso lhe passa despercebido nos primeiros minutos em que está lá, observando o movimento no local mais por reflexo do que por realmente estar interessado no que fazem ali. Cristiane não sai de sua cabeça e ele não consegue afastar da mente a descrição do homem que desde a época do colégio a faz agradecer por ter nascido mulher, bem como o que lhe falou sobre a origem dele, fato que lhe surpreende quase que tanto quanto suas proezas sexuais com outros homens, que ele tem quase certeza de não terem sido as únicas. Provavelmente ela lhe contaria mais se ele houvesse continuado em casa, ouvindo-a, se é que não está ligando para o amante e se preparando para sair e encontra-lo neste momento ou, por que não dizer, chamando-o até em casa. Afinal, se ela foi capaz de contar tudo o que fizeram, por que não faria isso? Para Rômulo isso seria apenas a última pá de terra no túmulo de sua masculinidade, a gota final depois de tudo o que ouviu. Seria apenas a firma reconhecida em um documento em que ele mesmo se atesta como o que seria o maior corno da história da humanidade.

Então, para e pensa no que foi dito pela esposa; sobre como o sexo não pode ser o ponto central do casamento, mas algo que ela pode fazer com qualquer um por quem sinta desejo, ao contrário do sacrifício de se manter um lar, de se dividir responsabilidades que realmente requeiram confiança e de se compartilhar tanto sacrifícios como lucros obtidos através deles. Não haveria, então, nada errado em ela procurar outros homens e talvez nem ele outras mulheres, seguindo essa linha de raciocínio. Entretanto, para alguém com a criação familiar que teve isso soa, inevitavelmente, mais como uma tentativa de justificar suas traições do que como um ponto de vista realmente defendido pela esposa. Mas isso é algo que ele nunca iria saber, uma vez que ele nunca a traiu ou teve a oportunidade de fazê-lo, já que era um homem franzino, comum, sem grandes atrativos que chamassem a atenção das mulheres. Ironicamente é justamente este fato que confirma que a mulher que o trai com frequência realmente lhe ama, pois não fala em abandoná-lo, independente do prazer que ele já se mostrou incapaz de proporcionar a ela.

Por algum motivo ele sente que não a encontrará em casa; ou que não estará só quando ele retornar ao lar. Uma mulher que é capaz de contar ao marido o que ela contou esta noite é capaz de tudo. Mas, no fundo, ele parece cada vez mais pensar no que lhe foi contado como algo aceitável, normal, seja por realmente ser assim ou porque agora é forçado a admitir que não conseguirá viver sem a mulher, ainda que ela tenha carregado para a cama dos dois o cheiro de outros homens e o gosto de seus membros em sua boca, compartilhando-o com o marido há anos sem que ele soubesse. Um ímpeto de esquecer o passado e voltar para casa e ver a esposa toma conta dele, ao mesmo tempo em que para, pensa e olha em volta, pensando a respeito das cenas que viu agora há pouco no parque. Os garotos que jogam na quadra, os homens que se exercitam nas barras, teria algum deles já estado em sua cama com sua mulher? As mulheres que conversam enquanto os filhos brincam, sejam estes de seus maridos ou resultados de alguma traição, estariam essas ali com o propósito de buscar possíveis amantes futuros? Cada rosto ao seu redor parecia esconder algum objetivo oculto, alguma identidade secreta, uma vida à parte que revelava o que realmente eram, ao contrário do que costumavam demonstrar a quem mais amam ou dizem amar.

Talvez seja este o problema, ele pensa. A preservação da mentira devido ao fato de que somos criados desde novos para acreditar em fábulas sobre amor eterno e felicidade, como se ambos dependessem de se tomar posse do desejo alheio, como se fosse possível fazê-lo, sendo os relacionamentos, no final das contas, mais baseados em vaidade e em satisfação do próprio ego do que no próprio amor que dizem ser o alicerce que sustenta a casa que cada casamento diz ser. Então, mais certo do que antes, como se caminhasse em direção à certeza absoluta de que a  esposa tem razão, ele se ergue e deixa o parque, andando em direção à sua casa. Apertando o passo, ele consegue fazer o trajeto em um tempo menor que o anterior, esquecendo-se de cumprimentar o porteiro quando entra ou notar um olhar apreensivo em seu rosto quando entra no elevador, como se a presença de Rômulo ali e agora fosse o estopim de um problema. Logo, ele chega ao apartamento e ouve uma sequência de rangidos vindos do lado de dentro, não demorando a reconhece-los como vindos de sua cama. Os gemidos também são familiares, embora ele nunca os tenha ouvido expressar tanto prazer, perdidos em meio a uma respiração ofegante. Rômulo entra devagar, encontrando a porta destrancada, como que propositadamente para facilitar o acesso do amante que agora se serve do prazer proporcionado por sua esposa, que, agora, visivelmente se realiza entregando-se a outro homem.

Aproximando-se do quarto, cuja porta Cristiane visivelmente não teve preocupação em fechar, ele observa pelo espelho na parede a esposa de quatro, abraçando o travesseiro, e um homem alto, de musculatura bem definida, penetrando-a de forma tão rápida quanto forte, enquanto ela geme e grita palavrões, numa cena facilmente comparada a um filme pornográfico.

- Me come, pintudo gostoso... soca essa rola grande na minha boceta...

O homem sorri e desfere uma sequência de tapas na nádega de Cristiane, enquanto Rômulo observa a esposa, presenciando agora, na prática, o que ela havia lhe contado anteriormente. Ele respira fundo, observa, sem saber que reação deve tomar, permanecendo na sala enquanto a esposa se entrega ao homem dentro do quarto de todas as formas possíveis, fazendo pressão com o próprio corpo para trás, no intuito de obter uma penetração maior. Observando aquela cena, Rômulo permanece atônito, até que, subitamente, sente uma mão grande, de peso considerável, tocar-lhe o ombro. 

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