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Erotico-->Os donos do lar são os amantes - capítulo V -- 29/07/2019 - 19:10 (Lorde Kalidus) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Rômulo praticamente não conseguiu pregar os olhos. Estava inquieto, como já era de se esperar de um homem em sua condição. A esposa levantou-se por volta das 7:00hs e, já sabendo que o marido não sairia pra trabalhar, pelo menos não tão cedo, arrumou-se e foi até a cozinha preparar o café da manhã. Enquanto Cristiane se veste ele caminha até a sacada do apartamento e acende um cigarro, perdido entre estar atordoado pelas revelações da noite anterior e pela noite não dormida. Cristiane prepara a mesa e chama o marido, já sentada, agindo naturalmente, como se nada houvesse acontecido ou, ao menos, nada que devesse chamar sua atenção.

- Você não vem comer? – como se o chamado da mulher estivesse distante demais para ser ouvido, ele reage lentamente, dando uma última tragada no cigarro antes de retornar ao interior do apartamento e caminhar até a mesa.

- Não conseguiu dormir? Você tá com um aspecto horrível, já tô ficando preocupada.

- Como você conseguiu dormir depois de ontem? E como consegue agir naturalmente, como se não tivesse acontecido nada? Esse não é o tipo de coisa com que alguém lida naturalmente, sem qualquer tipo de reação ou de consequência, eu ainda não consegui entender não só a forma como você vem reagindo a tudo, como se não se importasse ou como se o que fez fosse perfeitamente normal.

- Senta. Melhor você comer antes que acabe passando mal. Não vai adiantar agir assim, o negócio é você me ouvir e tentar ver a coisa do meu modo. A gente tem muito sobre o que falar.

- Não, eu não quero comer, responde ele, quase histérico. Eu quero é saber o que tá acontecendo aqui! Eu sempre achei que você me amava e, de repente, vejo você entrando num motel no carro de outro homem! Dá pra você me explicar isso???

- É o que eu tô tentando fazer. Senta.

Sem saber o que responder, olhando para um lado e para o outro, o marido traído se senta à mesa, olhando para a esposa e, depois, para a comida. Perdido entre a fome, que parece não se preocupar com os problemas do casal, e a curiosidade, que acaba falando mais alto e ordenando que a necessidade fisiológica espere, ele busca manter a calma e, finalmente, é retomado o diálogo entre os dois.

- Tá bom, fala. O que é que tá acontecendo?

Ela toma um gole do café antes de começar sua narrativa.

- Antes de mais nada, respondendo ao que você deve estar se perguntando, a resposta é sim; ainda te amo, nunca deixei de te amar e não acho que isso vá acontecer um dia. Não é um relacionamento perfeito, admito, tem problemas como qualquer outro, embora nós tenhamos uma vida boa, agradável e tranquila. Mas, embora esse romantismo todo fosse bonito e me fizesse bem, eu admito que houve um momento em que eu acabei descobrindo um caminho alternativo, que eu acabaria seguindo ainda que não necessariamente me desviasse do curso atual da nossa relação.

- E foi aí que você decidiu me trair? Quando isso aconteceu, foi depois que a gente se casou? Você acha que o trabalho fez com que eu me tornasse ausente demais?

- Não, não foi depois. Foi bem antes, praticamente na época em que a gente estava terminando o colegial. Mais precisamente durante a viagem de formatura. Você se lembra? – o espanto toma conta de Rômulo e ele respira fundo, como se apenas tomar fôlego pudesse fazê-lo recuperar o autocontrole e não fazer algo do qual poderia se arrepender posteriormente.

- E como pode falar que continua me amando se você me trai por todo esse tempo? Você se deita com outro cara, deixa ele fazer o que quer com você e diz que continua me amando? Qual a lógica disso, qual o sentido?

- Você acha, então, que desejo é uma coisa que respeita ética, convenções criadas por seres humanos ou crenças religiosas? Que a mente, o coração humano, são coisas que podem ser submetidas a compromissos de modo que nunca venham a mudar suas preferências, ainda que temporariamente? Bom, então deixa eu te dizer uma coisa, querido... a vida não é assim; sexo é uma coisa que se pode fazer com qualquer pessoa, não é preciso sequer que se saiba o nome de quem se leva pra cama. Se isso não fosse verdade a prostituição seria uma indústria falida e tantas pessoas, homens e mulheres, não procurariam gente que nem conhecem pra satisfazer suas fantasias.

- Então, esse é o ponto central? A causa da sua traição na faculdade foi simplesmente satisfazer uma fantasia? E como isso aconteceu, o que você teve que procurar em outro que não tem em mim?

- É como eu disse, meu amor... eu posso ter em outro homem ou até em mais do que um algo que não consigo ter com você. Mas isso não significa que este mesmo homem ou mesmo um exército deles iria conseguir ter comigo o companheirismo, a cumplicidade que você tem comigo. É isso que faz um relacionamento forte, não uma fidelidade imbecil, acéfala, que nós somos condicionados a aceitar como único caminho que existe pra ser seguido. Isso significa, unicamente, monopolizar a mente e a vontade de outra pessoa, tornar-se dono dela, e isso é algo que não tem como acontecer.

Como se as palavras da esposa o tocassem fundo, Rômulo respira fundo novamente, sentindo, desta vez, uma calma que ainda não sabe explicar tomar conta de si. Algo de razoável parece ser sentido por ele no que é dito por Cristiane, por mais irracional e contrário a tudo que lhe foi ensinado desde a infância que isso pode parecer. Ele se pergunta se não estaria sendo confundido pelos sentimentos que nutre pela mulher, mas não demora muito a chegar à conclusão de que algo novo e mesmo enriquecedor deve surgir a partir deste diálogo.

- E como foi que você começou a pensar dessa maneira? O que aconteceu na excursão de formatura do colégio que levou você a pensar assim? – ela toma outro gole de café e mastiga o pão com manteiga antes de voltar a falar.

- A coisa toda começou por causa da minha amiga Lilian. A gente era lado a lado na época do colégio e ela, apesar de namorar, sempre teve seus casinhos esporádicos. Eu não falava nada, era problema dela, mas não gostava da atitude porque, na época, eu ainda era uma garotinha romântica, que só queria saber de viver um grande amor. Mas foi justamente um mês antes de acontecer a excursão que aconteceu algo que acabou mudando o rumo das coisas, embora, até esse acontecimento, eu ainda fosse fiel.

- E o que aconteceu? – Como se a mente de Cristiane viajasse no tempo ela esboça um sorriso de leve e imagens de anos atrás começam a tomar conta de sua mente. O marido se incomoda levemente, sem deixar que isso mexa consigo significativamente ou o leve a interromper o relato da esposa.

- Você se lembra do namorado da Lilian? Um alemãozinho de óculos, gente boa, tinha uma coletividade com o pessoal, mas que dava pra ver que não ia conseguir dar conta de uma garota como ela...

- Lembro, sim. Até que gostava do cara, conversava bem com todo mundo, nada a falar dele.

- Bom, a Lilian tinha; sujeito legal e tudo, mas, pro azar dele, não trepava direito. E ela gostava muito da coisa, sempre foi a pomba gira em pessoa, tinha uma fogueira no meio das pernas. E, como uma coisa acaba atraindo a outra, eis que ela acabou conhecendo outro cara, com quem rolou uma sintonia, e não demorou muito pra começar a trair o namorado com ele. E, bom... foi numa dessas ocasiões que tudo começou a desabar e eu acabei passando a ver a coisa toda, o romantismo, os relacionamentos e a fidelidade de outro jeito, logo na primeira vez em que eu saí sozinha com ela e o cara, num dia da semana em que você ficou em casa estudando. 

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