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Erotico-->Os donos do lar são os amantes - capítulo IV -- 29/07/2019 - 19:09 (Lorde Kalidus) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Rômulo e Cristiane praticamente não conversam sobre qualquer assunto o resto da tarde. Ele, alegando cansaço, decide ir para a cama e ela passa os minutos seguintes se preparando para ir à faculdade. Enquanto a esposa toma banho ele procura manter a calma diante da cena que há pouco presenciou, pensando se o que lhe incomoda mais é o fato de ter tocado no esperma de outro homem em seu próprio lençol ou daquilo se tornar uma confirmação, sem qualquer sombra de dúvida, da traição da esposa. Não seria possível que fosse dele, até porque nunca ejaculou fora da mulher, e, mesmo que o fizesse, o lençol certamente teria sido trocado logo após o ato. Isso, mais o fato de ela estar apenas de roupa íntima em casa, coisa que ela não costuma fazer, e decidir arrumar a cama justamente naquela hora.

Quem poderia ser? O dia todo em casa, sozinha, oportunidades não faltariam. E mais, onde ele poderia ter errado para dar margem para que uma traição acontecesse? Ele precisava de respostas para as duas perguntas, seu casamento estava para desmoronar e ele precisava saber o que poderia fazer para salvá-lo ou, ao menos, se valeria a pena ainda fazer isso. Mas também sabia que não poderia descobrir com quem a esposa o estaria traindo se agisse com cabeça quente. Fingiria não ter visto nada, deixaria tudo como está, por enquanto, e passaria a vigiar os passos da mulher. Sabe que precisará de um autocontrole considerável para conseguir manter-se calmo e levar adiante o que planeja, para não falar da vigilância quase que constante que terá de manter sobre ela. Seja como for, não há outro jeito.

Deitado na cama, como se dormisse, ele ouve a esposa sair do chuveiro. Não diz qualquer palavra, permanecendo deitado. Ela começa a se arrumar, passando um perfume, e colocando uma lingerie até então desconhecida por ele. Nada que veste em seguida é provocante em demasia, deixando a entender que ela não necessariamente pensa em sair para conhecer alguém. Se existe um amante ele, provavelmente, é alguém que ela já conhece há tempos e que a abordou em uma determinada ocasião. Mas e se ele não estiver na faculdade? E se for alguém da vizinhança, que aproveita enquanto o homem da casa está trabalhando para tirar proveito de sua mulher? Alguém que morasse no prédio, talvez, e que ri na cara do advogado por saber que faz o que quer com sua esposa enquanto ele trabalha? Pensar sobre o fato o aborrece, de modo que ele tenha que se esforçar par continuar calmo e não começar a interrogar a esposa sobre o assunto imediatamente.

- Amor, tá acordado? – A forma como ela o chama assim chega a soar como uma zombaria, quase como se o chamasse de corno conformado, traído pela mulher com um homem que nem sabe quem é em sua própria cama. Ele se contém como pode e responde:

- Tô, só tava dando uma soneca. O dia foi curto, mas, ainda assim, cansativo. Já tá indo embora?

- Isso. Você quer aproveitar que tá aqui pra me levar? Aí eu chego mais rápido... – é inevitável a sensação de que, para ela, não bastaria apenas que ele fosse traído dentro da própria casa, mas, também, que o marido a levasse de encontro até o local onde possivelmente encontraria o amante. Ele tenta não pensar na possibilidade de haver mais de um homem, enquanto se levanta da cama e se veste.

- Tá bom, vamos lá. – ele levanta da cama e se espreguiça enquanto a esposa, o observando, logo muda de ideia quanto ao pedido e se dirige novamente ao marido:

- Hmmm, pensando bem, talvez você esteja cansado do serviço hoje... não quero que você se canse mais ficando no trânsito. Eu pego o ônibus, não esquenta.

- Não, tudo bem, eu não tô cansado. E você nem estuda tão longe, não tem por que não te levar... – como se precisasse que o marido ficasse em casa e houvesse sugerido antes que ele a levasse unicamente para mostrar que não esconde nada, Cristiane insiste:

- Tô falando sério, fica em casa e descansa. Não é problema nenhum. Eu pego o ônibus aqui na avenida e chego lá em uns vinte minutos no máximo. Ele vai pelo corredor e é até mais rápido. Não se preocupa.

Para não parecer suspeito demais, ele decide voltar atrás e aguardar uma oportunidade posterior para dar sequência ao plano. Termina por aceitar que a esposa vá de condução e ela, então, sorri para o marido o beija demoradamente, pegando a bolsa e os cadernos.

- Te vejo mais tarde, tá? O jantar tá feito, descansa bastante. Te amo, fica com Deus!

- Também te amo. Cuidado... – a quase banalidade com que ela parece ter dito que o ama, por mais calor que houvesse em suas palavras, chega até a assustá-lo. Como seria possível dividir um lar, uma cama, dizer palavras que sempre pareceram ser tão significativas com tamanho sangue frio para, possivelmente depois, acabar com outro homem entre suas pernas? Pela janela, ele observa a rua, vendo a esposa atravessá-la e caminhar em direção à avenida, onde disse que tomaria o ônibus e onde, logo em seguida, um carro que surge. Ela não acena ou faz qualquer gesto indiscreto, apenas caminhando na direção do veículo e entrando naturalmente, como se já conhecesse o motorista. Um novo indício para uma traição, praticamente já confirmada, pensa Rômulo, que leva as mãos ao rosto e respira fundo. Decidido a tirar a estória a limpo, ele se prepara para ir à faculdade à noite, no intuito de observar os movimentos da esposa e esclarecer tudo.

Pouco tempo depois, ele já está próximo à instituição, estacionando a uma distância segura, no intuito de não ser avistado pela mulher, para, em sequência, caminhar em direção ao prédio. Ele se lembra que a escola não possui catraca à entrada, o que deverá facilitar sua entrada e o acesso até a sala de aula onde Cristiane estuda. O advogado permanece atento, no intuito de não ser visto por ela e, ao mesmo tempo, possivelmente presenciar algum ato que o leve a crer ou ao menos suspeitar de que ela realmente o estivesse traindo, mas, procurando manter-se calmo, lembra-se que apenas estar na companhia de outro homem não apenas não provaria nada como, ao mesmo tempo, poderia prevenir a esposa possivelmente infiel de que ele agora acompanha seus passos. Procura, portanto, ser cauteloso.

Nem um sinal da mulher pelos corredores por onde passa ou proximidades da lanchonete. Decide, então, subir até a sala de aula, onde ela possivelmente estará. Nada pela rampa de subida e são poucos andares para que ela use o elevador. Não demora muito até que ele chegue à sala, olhando para dentro pelo vidro da porta e não vendo qualquer sinal de Cristiane na carteira onde ela costuma se sentar. A suspeita aumenta, e ele caminha para fora dali, observando o corredor no intuito de encontrar a mulher. Nada. Utiliza as escadas em vez do elevador, observando ainda uma área mais isolada onde casais possivelmente poderia estar caso quisessem um pouco mais de privacidade, mas não encontra nenhum sinal e a expectativa pelo que pode ver à medida que o tempo passa, bem como a incerteza do que pode estar realmente acontecendo, aos poucos o consomem.

Não há mais o que fazer ali, ele pensa. Não faz sentido continuar procurando sem que se saiba onde e também há a possibilidade de se começar a chamar a atenção da segurança e, possivelmente, acabar causando um embaraço ainda maior. Um escândalo não apenas chamaria a atenção da esposa para as espreitadas do marido desconfiado como, ainda, iria fazer com que os olhares da universidade caíssem sobre ela e a fizessem pagar por algo que não estaria fazendo, supondo que fosse inocente. Sendo assim, buscando manter a calma, ele se dirige à saída, caminhando até seu carro.

Súbito, pouco tempo depois, ele avista novamente o carro em que viu a esposa há pouco, entrando em um motel na esquina da rua em que se encontra a faculdade. O mesmo automóvel preto e com vidros filmados, típico de alguém que ou busca privacidade ou já se encontra precavido e seguro caso o destino o leve a sair com mulheres comprometidas.  Teria ele, finalmente, encontrado a esposa? Estaria ela naquele automóvel, realmente a caminho de traí-lo, seja com quem for? E quem seria o homem atrás do volante, deveria ele, agora, esperar, invadir o motel em busca da mulher, qual seria a melhor opção? E se não for o mesmo carro e ela sequer estiver ali? Mas não seria coincidência demais?

Decide pegar o celular e ligar para a esposa. Estranhamente, a ligação não acaba em caixa postal. Um toque, dois e, em seguida, ela atende. Um tom de voz nem alegre, nem triste, como se, possivelmente, já esperasse a ligação do marido.

- Oi, amor, tudo bem?

- Oi, tudo... tá na faculdade? – ela hesita alguns segundos antes de responder. Alô, amor, insiste o marido. Finalmente, a mulher responde, com um tom sério, ainda que despreocupado.

- Querido, vai pra casa. Daqui a pouco a gente conversa.

- Mas o que aconteceu? Você tá na faculdade? – após nova hesitação, enquanto ele ouve um barulho de portas de carro batendo, ela finalmente responde.

- Mais tarde eu falo com você, tá bom? Beijo, tchau.

Antes que ele possa dizer mais alguma coisa, a ligação é encerrada. Ele tenta ligar novamente, mas, ao contrário de antes, a ligação acaba em caixa postal. Ele tenta mais quatro, cinco, dez vezes, mas não obtém qualquer sucesso. Agora tem certeza de que a esposa realmente se encontra no motel em frente e, permanece observando o local, sem saber que atitude tomar. O primeiro impulso é o de entrar ali, causar um escândalo, expulsar os dois, mas o autocontrole acaba falando mais alto. Ele prefere, então, caminhar até o carro e inicia, assim, a volta ao apartamento, por pouco não batendo o carro em diversas ocasiões. Ao chegar ao prédio, os porteiros notam a forma pouco prudente com que o advogado manobra o carro, comentando como algo pode ter acontecido, provavelmente relacionado à esposa. Como se já soubessem de algo, permanecem discretos e não cumprimentam o morador, tão logo ele passa por eles. O elevador demora mais do que se gostaria e os dois funcionários evitam olhar para Rômulo, que logo está, finalmente, subindo em direção ao apartamento.

Passam-se as horas enquanto ele espera deitado no sofá. Uma, duas, três, ele observa o relógio e imagina todo o tempo em que a esposa, dentro daquele motel, deve encontrar-se nua, permitindo que outro homem se sirva como quer do corpo que, até onde ele acreditava, seria unicamente seu. Do desejo de matá-la até a possibilidade de se colocar o relacionamento em ordem passam muitas coisas pela sua cabeça, lembrando-se sempre de que não conseguiria viver sem aquela que foi seu amor desde a adolescência e de que talvez deva ser paciente, procurar descobrir onde surgiu a falha que a levou a buscar o sexo fora de casa, ao mesmo tempo em que pensa que deveria acabar com tudo e simplesmente fazer uso da situação em seu favor em um posterior divórcio. Subitamente ele se pergunta quantas horas mais ela ainda levaria pra voltar, uma vez que já beira meia-noite, o que significa que ela já deveria estar de volta, ao menos pensando no horário em que estaria voltando da faculdade. Ele não consegue cair no sono, perguntando-se apenas em como começará a tratar do assunto com a esposa, lembrando que ainda não tem total certeza do que estava acontecendo. Estaria ela mesmo dentro daquele carro, seria ele o mesmo que a pegou? E se algum criminoso houvesse lhe apontado uma arma e a forçado a entrar no automóvel e, posteriormente, no motel? Cristiane é formosa, com corpo bem feito de academia, qualquer pervertido iria querer abusar dela.

O telefone continua dando caixa postal e logo são três da manhã, sem que haja sinal da esposa. Súbito, a porta do elevador se abre e, como se pudesse reconhecer o som de seus sapatos no corredor, ele parece saber que ela chegou. Não consegue, no entanto, deixar de associar a forma como reconheceu o andar da mulher à atitude de um cachorro que percebe a chegada da dona em casa. A porta se abre e a esposa entra em casa. Sem qualquer saudação, sem dizer sequer uma palavra, o marido percebe que ela se encontra exatamente como estava quando saiu de casa, sua integridade física aparentemente mantida e nenhum sinal de que tivesse passado por algum momento traumático ou, no mínimo, constrangedor.

- Eu ia chegar mais cedo, mas, depois que você viu o carro e que a gente entrou no motel, bom... até então nem adiantava mais deixar o celular desligado e eu já imaginava que você já tinha passado na faculdade. Não ia estar ali à toa.

- Então, aquele carro... é o mesmo em que você entrou quando foi pra faculdade? De quem era? E você tava mesmo naquele motel?

- Tava, como eu já deixei a entender, diz ela, tirando o salto alto e sentando-se no sofá, e aquele carro era de um colega de classe. Não adianta eu falar o nome, você não sabe quem é. E eu não acho que seja o momento ainda.

- Mas o que tá acontecendo aqui, você tá querendo dizer que você realmente anda saindo com outro? É isso?

- A estória é mais longa do que você imagina, diz ela, com tom de tédio e desinteresse, agravados pelo cansaço. Mas sim, acho que já tá na hora de você saber tudo e, por que não dizer, de realmente decidir se sou eu que você ama ou algo que vive na sua imaginação.

- Na minha imaginação? Você me trai e vem com essa conversa agora? Do que você tá falando? E que estória é essa de que você tá falando?

- Eu não vou falar disso agora, tô cansada.

- Cansada? O que você enfrentou, uma maratona de sexo? Foi isso que te cansou?

- Não, mas posso te dizer que eu passei as últimas horas com alguém que me fez sentir como se eu tivesse passado por uma. – Rômulo morde a mão, furioso, e a esposa mantém o mesmo tom. A gente fala sobre isso amanhã, agora eu preciso dormir. Você vem? – Tão enraivecido quanto desentendido, o marido, agora conscientemente traído, volta a falar.

- Mas como pode tratar esse assunto dessa maneira? Sem qualquer tipo de vergonha, sem arrependimento algum... você vai ou não falar desse assunto?

- Eu disse amanhã, diz ela, mantendo o tom seguro e caminhando em direção ao quarto. Uma sensação de temor parece tomar conta de Rômulo e sobrepujar a raiva, como se algo para o qual ele não estava preparado estivesse acontecendo. Cristiane retira o vestido e pode-se notar marcas de tapas em suas nádegas, bem como manchas na calcinha que indicam sêmen escorrendo de seu sexo. Ela joga as roupas no chão, sem cerimônia e se deixa, descoberta, como se não ligasse para o fato de que o marido traído visse o que se passou com ela. Ele ainda se indaga como as coisas chegaram a tal ponto, uma vez que praticamente não reconhecia a mulher que se encontrava, agora, deitada em sua cama. Novamente, deita-se no sofá, até que ouve o chamado da mulher:

- Você não vem?

Desorientado, ele hesita, pensa e, finalmente, se levanta, caminhando em direção ao quarto. Deita-se ao lado da mulher, ainda sem conseguir tocá-la ou sequer dar o beijo de boa noite de costume. Ela, por outro lado, adormece assim que o marido se deita, sem demonstrar qualquer remorso ou arrependimento por seu estado ou pelas marcas no corpo. 

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