Curral cheio de animais olhando à volta sem ver o capim viçoso. Não havia marcação e eles estavam com sede. A liberdade tardia, nunca chegava e deveriam permanecer assim até o dia do transporte. Todos enfileirados, obedeciam ao grito do homem de chapéu de couro curtido sobre a cabeça a proteger do sol escaldante que fazia o pensamento saltar qual grão de milho de pipoca no microondas da cozinha que ficava bem próximo. Os animais levantavam a cabeça e ruminando o nada ficavam enquanto o homem mascava uma folha de capim pra não perder o costume. Todos os dias eram assim e os animais sonhavam um dia frequentar a cozinha e provar das delícias deles oriundas. Não conheciam o sabor e não compreendiam tal domínio desumano. O homem e o curral das esperas de nada e por nada, acalentam os sonhos nos piquetes sem rotatividade. Ruminar, minar da saliva a molhar o conteúdo de retorno da má digestão de ser apensas um animal na desumanidade.