Liberdade e Expiação
Não descreias da liberdade de caminhar para o domínio da luz, através
da escravidão aos teus próprios deveres, para que te não despenhes no
cativeiro da sombra, através da intemperança dos próprios desejos.
Diariamente criamos destino, porquanto, em cada hora de luta, é
possível renovar as causas a que se nos subordinam as circunstâncias
da marcha.
Não te suponhas enleado ao mal de tal forma que não te possas
desvencilhar dele.
Imaginemos a penitenciária, guardando vasta assembléia de
reeducandos, todos eles com sentença lavrada nos tribunais humanos.
Embora igualmente determinados pela resolução da justiça, podem
revelar, no recinto em que se vejam, procedimento diverso, atenuando
o rigor da pena que lhe for cominada ou dilatando as culpas que lhes
vergastam o espírito.
Aí dentro, vemos os rebelados que exigem trato mais complexo e mais
austera vigília, os briosos e atentos que se equilibram, ante os
imperativos da ordem, e os que, além da própria disciplina, procuram
cooperar na harmonia do reduto de regeneração em que se congregam,
seja afeiçoando-se ao trabalho, acima daquele que a emenda lhes
estipula, demonstrando mais alto padrão de reajuste moral ou
auxiliando aos companheiros de reclusão no difícil labor que lhes é
devido.
Como vemos, ainda mesmo na grade das mais severas obrigações, pode a
criatura melhorar ou agravar a própria situação, através das atitudes
mais íntimas em que se caracteriza.
À vista disso, ainda mesmo enliçados nos mais ásperos empecilhos,
aceitemos no bem a rota de cada dia, porque o bem é a lei do
Universo, que nos alçará, por fim, o espírito endividado à grande
libertação.
Livro: Família
Emmanuel e Francisco Cândido Xavier
|