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cronicas-->Dr -- 21/10/2017 - 15:02 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O olhar desvairado quer esconder alguma coisa, ela se encolhe feito um passarinho de pernas tortas na cadeira de rodas. Seu amigo está pálido. Ele a trouxe porque a encontrou vagando pelo campus da universidade onde estudam, completamente desorientada, dizendo coisas desconexas e aparentando estar fora deste mundo.
--Eu a achei assim, andando sem parar. Duro foi trazê-la para cá, porque eu a peguei , ela fugiu de meu carro em movimento e eu a achei de novo perto do Bosque da Biologia!
--E ela sempre foi assim?
--Não! Uma baita aluna, CDF de tudo, melhores notas!
Olho a moça nos olhos e lhe pergunto, num tom o mais baixo possível:
--Posso ajudar em alguma coisa? O que você está sentindo?
--Nada!
--Qual é o problema?
--O problema é este país!!!!!!!!!!!
Levantando da cadeira de rodas, precipitou-se em minha direção de punhos fechados; quando eu já me preparava para receber um golpe, seu amigo a segurou. Sentou-se de novo na cadeira de rodas, impotente contra sua própria fúria, amedrontada com o que poderia ter feito e não fez. As pessoas são assim, eu acho, elas se controlam e só dizem aquilo que é filtrado pelas palavras adequadas e pelos comportamentos ditados pela maioria dita "normal". Nós não nos damos direito de sermos verdadeiros, a não ser em situações que são experimentos controlados, perfeitamente maquiados, disfarçados de liberdade. Raros os indivíduos que se comportam de maneira rebelde ou autêntica; são os "excêntricos".
Por quê nosso país a enlouquece?
Talvez porque estejamos sendo pragmáticos demais e pouco atentos ao olhar da Alma. Nós banimos a Alma de nossas relações: Amigos, amigos, negócios à parte. Pagando bem, que mal tem? Pague o que deve e não terá inimigos, atrase uma parcela e serás escorraçado da mais vil das sociedades!!! Quando perguntamos a alguém se está bem, não fazemos a pergunta com o sentido real de escuta, estamos sendo incisivos ao lhe afirmar "você deve estar bem, caso contrário eu não estaria a lhe fazer esta pergunta". Nós nos escondemos na praticidade de nosso mundo asséptico, virtual, luminoso e falso.
As relações humanas são envenenadas por falsos papéis e por máscaras que caem à lufada da ventania da Alma, se esta assim o desejar. Alguém disse que somos ilhas de ego cercadas por mares de desconhecidas ondas. Talvez a pobre moça, o tal pássaro encolhido, estivesse feito uma corda retesada, exausta de tanto brilhar a centelha que de verdade se escondia em seu êxito, e lhe cegava as emoções tornando a sua vida num abismo insondável.
Os olhos dela me marcaram profundamente, porque depois eu me perguntei "que raio de direito eu tenho de estar deste lado de cá e ela do lado de lá? porque não sou eu a fazer a louca afirmação e ela talvez segurando meu braço dizendo: calma?"
Aparentamos calma, mas somos um fio tênue, cordas invisíveis de um Universo em mutação, num planeta que talvez entregue a um sangramento difuso, esteja destampando os seus poros começando pelos mais sensíveis, para depois atacar os menos frágeis...
Feliz Dia dos Médicos!
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