O Sorriso Enigmático do Presidente
( Domingos Oliveira Medeiros)
Como dizia o nosso querido e saudoso TOM JOBIM, o Brasil não foi feito para principiantes. O povo continua dando legitimidade às eleições, mas não se faz representado, como devia, junto aos parlamentares e demais autoridades que elegem. Tão logo terminam as eleições, tudo volta ao quartel de Abrantes. E o Brasil, de repente, se vê tomado por um grupo que se julga dono da verdade e do seu destino. Arrogantes e pretensiosos, dão às costas para os eleitores e até para os que fazem oposição construtiva.
Só se fala em reeleição e índices econômicos, a maioria dos quais, sabidamente, inventados, produzidos ou manipulados, com o objetivo de perpetuar uma situação favorável, apenas, aos detentores do capital especulativo. Tem sido assim há, pelo menos, dez anos. Até quando?
Ninguém tem coragem de propor uma renegociação séria de nossa dívida junto ao FMI, de modo a restabelecer o equilíbrio econômico do acordo que, atualmente, só tem beneficiado o lado dos credores, ás custas da miséria do povo brasileiro e da estagnação de nossa economia. Que acordo é este que não permite o investimento em infra-estrutura? Qual a vantagem do Brasil em manter a tão decantada credibilidade junto à comunidade financeira? Para manter a subserviência? Por quanto tempo agüentaremos? Só não vê quem que é cego, ingênuo ou quem se beneficia de tamanha covardia.
Parte da imprensa tem culpa por esse estado de coisas, na medida em que ajuda o governo a propagar seu otimismo extravagante, num clima do euforia inconsistente e utópico.
"Isto é uma vergonha", como diria o Boris Casoy, com a lucidez e competência que lhes são peculiares.
Enquanto isso, os escândalos são acobertados, silenciados, protegidos, escondidos, e mal-resolvidos pelos desmandos, incoerências e incompetências generalizados. E nosso presidente continua sorridente.
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