Uma carta
(carta a uma grande amiga)
Não deixo de escrever-te, minha amiga.
Lamento, se te deixo angustiada.
Estivesse eu junto a ti e a minha briga,
co a vida, era coisa já passada.
Contigo, aprenderia a dar-me inteira
sem que, na volta, algo recebesse.
Contigo, veria qualquer asneira
dissipar-se, mal o dia amanhecesse.
Nunca guardaste mágoas, por ninguém.
Vives dia após dia, a trabalhar.
No meio da tanta lida, para alguém,
que necessite, tens tempo para dar.
Teu ânimo, me chega por mensagem,
no meu pc, as letras bailadeiras.
Sempre consegues transmitir coragem,
desse Brasil longínquo, brincadeiras.
Pelos traumas da minha juventude,
receio o mealheiro não encher.
Poupar, em mim, não é uma virtude;
porque tudo faz falta, sem fazer.
Assusta-me ir tão longe, conhecer-te.
Perturba-me ir tão longe, visitar-te.
Parece que o melhor modo de ver-te,
será nessa viagem ajudar-te.
Tu pensas numas férias merecidas,
junto da tua amiga portuguesa.
Paras, durante uns tempos, com as lidas...
e aqui terás descanso, cama e mesa.
---------------------------------
21/01/2002
Laura B. Martins
|