Concreta e antiga, serve aos pedestres um tapete de asfalto. Une ilhas e astros rei de um Reino sem rei. O sol esquenta o chão. O asfalto queima com a energia advinda do centro e do alto na embriaguês do moço sentado na esquina, evapora a fumaça exalada pela boca sem dentes. O cachorro sarnento é o único dele a se aproximar e ali senta ao lado daquele que divide o pão. Conversam entre si pelos olhares laterais de um mundo esquecido nas ruas e calçadas. O segredo ali se estabelece sem nenhuma condição de que uma traia ao outro nas entrelinhas da vida. Seguem rumo à estação central de trem para iniciar o dia com as doações que vêm de mãos que se solidarizam com aquela situação. Mas não abrem mão do isolamento que alimenta a vida que preserva a segurança sem violência. A circunstància atual já é a paz de que tanto necessitam o andarilho e o cão. Querem apenas ver e sentir a fome e a solidão sem a elas pertencerem, pois não necessitam de fome nem de solidão.