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Artigos-->URDA E O ROMANCE NA LITERATURA CATARINENSE -- 12/08/2001 - 17:00 (Luiz Carlos Amorim) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O romance está muito bem representado na Literatura Catarinense, por uma

moça loura, brejeira e loura como outras nascidas em Blumenau, mas com uma grande

diferença: ela escreve. Escreve coisas com sabor de poesia, com sabor de vida, uma fonte

inesgotável de emoção e sensibilidade. Ela escreve obras-primas. Essa moça é Urda

Alice Klueger, que já publicou títulos como “Verde Vale”, o seu primeiro

grande sucesso, com sucessivas edições, a saga dos primeiros colonizadores em Santa

Catarina, uma canção verde da cor do amor e da serenidade, da cor da ternura; “As

brumas dançam sobre o Espelho do Rio”, “No Tempo das Tangerinas”,

“Vem, Vamos Remar”, “Te Levanta e Voa”, “Cruzeiros do Sul”,

“Recordações de Amar em Cuba II”, “A Vitória de Vitória” - o

primeiro livro infanto-juvenil da romancista - e “Entre Condores e Lhamas”.



“As Brumas dançam Sobre o Espelho do Rio” é poesia em prosa,

é um hino de liberdade e à natureza, é uma canção de amor - amor como podemos

concebê-lo em todas as suas formas. E nos dias de hoje, quando proliferam tantas

“novelas” e tantos “romances”, não é fácil escrever uma história

de amor sem cair, fatalmente, no clichê da famigerada pseudo-literatura

água-com-açúcar. Com Urda, isso não acontece. Ela conseguiu - e tem capacidade de

sobra para isso, como já bem o demonstrou em “Verde Vale” - construir uma obra

consistente, grandiosa, com uma linguagem simples e poética, objetiva, plena de

sensibilidade: o seu estilo que se firma, inconfundível.



Neste romance, a autora deixou a saga dos colonizadores alemães, embora

continue a correlação com a história do Vale do Itajaí, desta vez focalizando os

pescadores e os colonos de beira-mar, na sua luta pela sobrevivência, numa época

terrível como a da grande guerra. A fuga de uma gente simples e pura, humilde e leal,

construindo do nada o paraíso em meio à mata virgem. A poesia e o lirismo, a capacidade de amar que encontrei nessa gente e na força da narradora da autora me impressionaram sobremaneira.



Em “No Tempo das Tangerinas” - livro selecionado para o Vestibular 2000 - Urda volta ao fascinante universo da colonização do Vale do Itajaí, pelos alemães, mostrando as angústias da segunda guerra e a beleza da vida florescendo a despeito de tudo. “A guerra nunca acabava, mas o tempo das tangerinas voltava sempre.” Aqui continua a saga dos Sonne, iniciada em Verde Vale, agora com os seus descendentes. “Nem a guerra, nem a diferença de raças, acentuada pelo fato de serem alemães e ser a Alemanha a mantenedora da guerra, desfez a harmonia daquela família e a sua integração com o chão e com a gente brasileira.



“Vem, Vamos Remar” é uma novela sobre as enchentes de Blumenau, vividas pessoalmente pela autora. Nunca ninguém retratou tão bem o drama das águas

subindo, subindo e entrando pelas nossas casas e pelas nossas vidas.



“Te Levanta e Voa” é outro romance também fora da linha de ficção histórica, com a qual Urda firmou-se como a mais importante romancista de Santa Catarina. “Te Levanta e Voa” é a história de jovens a procura de si mesmos, de seus destinos, pelos caminhos da vida, aprendendo a amar e a respeitar a dor.



Tive o prazer de ler “Cruzeiros do Sul”, um dos romances mais alentados de Urda Alice Klueger, a moça loura de Blumenau, dos dedos cheios de poesia. Com maestria e segurança, Urda volta à ficção histórica e nos mostra a saga dos nossos antepassados, a saga da formação do povo catarinense, desde a chegada dos portugueses, que aqui encontraram os índios, donos da terra, até os dias atuais.



“Cruzeiros do Sul” é a história das gentes que trilharam os caminhos do tempo, construindo o nosso Estado e o nosso futuro. É a história da nossa gente, começada com Madjá-Aiu, índia xokleng e um branco europeu, que por acaso veio parar no litoral de Santa Catarina. É também a história de Miguel e Manoel, dois portugueses que começaram outra linhagem de catarinenses. Essas duas famílias, através de muitas gerações, vêm até os nossos dias para cruzarem suas histórias, numa trajetória na qual a autora retrata com fidelidade as alegrias e lutas dessa gente que deu origem ao que hoje é o nosso Estado.



Urda recria a história com pesquisa e muita sensibilidade, fazendo tudo acontecer sob as luzes cúmplices e ao mesmo tempo indiferentes do Cruzeiro do Sul. Sei que o título deste romance de fôlego de Urda era, a princípio, “Sob o Cruzeiro do Sul”, que lhe cabia muito melhor do que “Cruzeiros do Sul” opção do editor. Independentemente disso, este novo romance, talvez o maior da autora, em número de páginas e em grandiosidade de conteúdo, é exemplo de competência e criatividade no ofício de escrever. Urda dá uma sacudida na gente quando, a certa altura do seu grande painel, nos deparamos com a dura realidade dos descendentes da índia e dos europeus, que cruzam seus destinos. E isso é muito importante, para que nos conscientizemos - e essa é a função da literatura - de que essas personagens não são apenas personagens, são pessoas contemporâneas nossas, que existem e fazem parte do nosso dia-a-dia. Urda nos mostra que está acontecendo a vida ao nosso redor, sem que nos demos conta, sem que tomemos conhecimento dela e, conseqüentemente, sem que tomemos atitudes para melhorá-la.



E há que se olhar e ver, pensar e repensar a nossa realidade, que é a mesma das criaturas de Urda. Não estamos todos sob o Cruzeiro do Sul?



Urda é conhecida em toda Santa Catarina e fora dela, pelo conjunto de sua obra, mas sobretudo por “Verde Vale” seu primeiro romance. Seguramente, a partir de agora, Urda terá seu nome vinculado a “Cruzeiros do Sul” que transformou-se, de imediato, num clássico da Literatura Catarinense.



“Cruzeiros do Sul” me lembra “Cem Anos de Solidão” pela saga das várias gerações e me levou a ler novamente Garcia Márquez. E em lendo novamente “Cem Anos de Solidão” saltou-me aos olhos o contraponto entre o fantástico misturado com o real de Garcia e a recriação da realidade, da vida, com fidelidade e lirismo de Urda, empatando os dois na excelência na narrativa.







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