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Cronicas-->Amolador -- 05/10/2017 - 09:30 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os heróis geralmente começam sua jornada de maneira eventualmente inusitada. Talvez nem saibam que são heróis, e eu não sei se este sabia o que sequer fosse. Será que era mesmo um deles ou seria um mito desconstruído ou apenas uma metáfora de si mesmo? Eu tenho minhas dúvidas, porque ele se jactava de sua teórica importància todo dia de manhã, quando tomava seu cafezinho amargo, esfregava as mãos de dedos gordos, olhava ao céu saudando Allah e afiando as facas.
--Allah Uh Akbar!
Afiava as facas docemente, com a sensualidade que as facas têm, malemolentes para deslizar nas carnes de diversos tipos; afiava suas làminas doces, testando-as em pedaços de queijo que eventualmente consumia, queijos azedos, queijos curados ou até de leite de cabra. O queijo era a carne que seria cortada, era a vítima preferida da antevéspera do Holocausto.
--Allah Uh Akbar!!!
Ele gostava principalmente de uma delas, comprida, de cabo de madrepérola que havia sido de seu avó, há tantos éons que ele mal conseguia recordar. Seu avó era intolerante com as mulheres, chibatava suas filhas ao menor desrespeito, porque "elas nos tentam o tempo todo com esses cabelos escuros!" e eventualmente afiava sua faca predileta com um olho sanguíneo e gelado. Aquela faca lhe tinha sido passada como uma prenda e desde que ele se conhecia por gente, fascinava-se com o brilho de madrepérola de seu cabo.
--Que Deus seja louvado!
Sua mulher se acostumara, desde que ela fora escolhida para ser sua esposa, ao ruído fino do amolador, onde ele jogava um pouco dágua para aumentar o poder da lixa que fazia fiiiiin fiiiiinnnn, fiiiinnnnnnnnn e os pescoços ardiam com aquele ruído seco, pressentindo a avidez das làminas tardias. Ele acordava cedo para começar sua função. Os outros o respeitava muito...E assim que se abria a porta, se iniciava o dia de nosso herói.
--Mohhamed, hoje quero uma vitela das boas!
--Salam!!
E a madrepérola coruscava no ar, multicor, antes de desenhar o corte profundo do naquele naco que, antes, fora um belo animal...
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