Há um consenso entre os analistas de que a maior oposição ao governo Lula está no próprio PT. O chamado “fogo amigo”. Os partidos que compõem a oposição, que seriam representados pelo PSDB e PFL, ainda não conseguiram organizar um campo que demarcasse uma estratégia oposicionista. Lula consegue manter uma base de sustentação no Congresso. Inclusive com votos dissidentes desses partidos.
Dada a conjuntura atual devemos crer que uma articulação conservadora que proporcione transtornos a Lula ainda permanece na fase da articulação política.
Entretanto, ao virarmos à esquerda desse espectro ideológico, notaremos que as críticas ao governo Lula são mais contundentes e programáticas. É a esquerda que critica.
Esse campo rebelde é composto pela senadora Heloisa Helena e os chamados deputados radicais, Babá e Cia. Recentemente, em função das votações da Reformada da Previdência, o senador Paim coloca-se em rota de coalizão com as orientações do governo.
Com a direita, Lula não tem problemas. Os acordos com o PL e outros partidos estão selados. Tudo bem. É como tocar violino, segura com a esquerda mas toca com a direita, para desencanto de alguns históricos correligionários. Se a bursite dói-lhe o ombro direito, um afago com a esquerda, a mão, e a coisa se resolve. Com dor, mas resolve.
Mas como conseguir o apoio de velhos companheiros de luta? Como imobilizar e acalmar a esquerda? Essas as maiores inquietações de Lula.
Ironicamente, em virtude de uma torção no pé esquerdo, o presidente teve que imobilizar a perna com uma bota plástica.
Finalmente! Lula consegue imobilizar a esquerda. Mas para isso teve que cancelar compromissos. Inclusive com um membro do PC Chinês. Tudo por causa de uma luxação no pé esquerdo. No almoço, à mesa com o presidente Carlos Mesa, Lula já havia sentido algumas dores no pé.
- Preciso imobilizar a esquerda. - comenta Lula para si e com a perna estendida sobre uma almofada vermelha.
- O Henrique quebrou o tornozelo, o Palocci, a perna esquerda e eu machuquei o pé esquerdo... será que o governo anda mal das pernas? Assim nós vamos quebrar a cara...
O presidente sentia uma dor insuportável que mal conseguia articular as palavras. Nesse instante toca o telefone. Era o Zé Dirceu.
- Oi Zé.
- Tudo bem presidente?
- Tudo bem nada... imobilizei a... esquerda. – as frases saiam truncadas em função da intensa dor no pé esquerdo.
- Mas é uma excelente notícia. Como conseguiste controlar o Babá? E a Lu?
- Foi uma... torção no p... escadaria. – o presidente se contorcia de dor.
- Como? Torceu o pescoço do deputado.
- O pé Dirceu... foi meu o pé esquerdo, Zé. - e levantou, manco, foi ao encontro de um charuto cubano.
- Como será que estão os calos do Fidel? Não sinto inveja daqueles calos. Uns devem ter quarenta anos. – pensou, em voz alta, soltando uma baforada de fumaça na sala de visitas do Palácio da Alvorada.