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Contos-->SUPERTRANQÜILO -- 29/10/2001 - 20:43 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A Região dos Lagos do Rio de Janeiro já estava numa insegurança de pôr inveja ao Velho Oeste Norte-Americano. As pessoas tinham medo de carregar consigo qualquer coisa de valor. Até mesmo as bijuterias eram evitadas, pois, se um ladrão descobrisse que estava sendo enganado durante o seu assalto, a vítima morreria. O que estava acontecendo era uma série de coisas que faziam as pessoas se borrarem de medo, estivessem dentro ou fora de suas casas. Não dava mais para confiar na Segurança Pública, que cada vez mais ia minguando, ficando reduzida a uns poucos carros da PM e aos guardas municipais de trânsito.

Percebia-se claramente que não se podia necessitar das autoridades. O que se tornava necessário, naquele momento, era de um herói que surgisse quando um bandido estivesse agindo em qualquer parte da Região dos Lagos. Um herói que voasse tal qual Super-Homem. Era disso que se precisava. E ele surgiu, um dia. Quando eram, mais ou menos, três horas da tarde e o alto-falante da Pleidisco estava clamando por policiais, pois o locutor acabara de ver um ladrão assaltar outro ladrão, ouviu-se um ensurdecedor assobio vindo do céu. Alguns acharam que era um avião da TAM, que estava caindo na região. Outros (passarinheiros), acharam que era um pássaro de grande valor, que mereceria uma grande gaiola. Então, o assobio foi ouvido outra vez, só que acompanhado de um enorme estrondo, como se o pássaro, ou seja lá o que fosse, tivesse atingido alguma coisa no meio do caminho. Mas, na verdade, o que aconteceu foi que, durante o seu vôo de reconhecimento, o nosso herói deu uma trombada numa torre da Telefonica Celular, caiu e cambaleou por alguns segundos, até se recompor. Todos que estavam nas proximidades puderam ver do que se tratava. Era um sujeito forte, com capa de cetim e roupa de cambraia, em cujo peito estavam as letras ST. Já recomposto, ele cruzou a rodovia Amaral Peixoto, tomou o microfone do locutor da Pleidisco e identificou-se como SUPERTRANQÜILO, o novo herói da Região dos Lagos, defensor dos fracos e oprimidos (aquela mesma xaropada de sempre). Depois da aparição do nosso super-herói, passaram-se meses de tranqüilidade. SUPERTRANQÜILO guardava praças, bancos, ruas, indústrias, tudo.

Numa bela tarde, quando estava em Rio das Ostras lendo o jornal num banco de praça, avistou, com sua visão de raios-X, um assalto que acontecia numa loja de eletrodoméstico. Como um foguete, foi até o local do crime, encarando os bandidos. De repente, subiu-lhe uma fraqueza pelos pés e ele desmaiou. Os bandidos, aproveitando-se daquele mal súbito, completaram o assalto, deram uns tiros no herói, pegaram o ônibus e foram embora (de ônibus!!). Felizmente, SUPERTRANQÜILO era invulnerável a balas, mas, por azar, como todo super-herói que se preze, ele tinha a sua vulnerabilidade e foi isso que o fez desmaiar. Sim, SUPERTRANQÜILO era vulnerável a imagens de televisão, o que havia com fartura na loja roubada. Constatou-se, também, que essa vulnerabilidade causava-lhe seqüelas, pois se soube, mais tarde, que havia ficado parcialmente paralítico.

Depois daquilo, os assaltos voltaram a florescer. A última vez que foi visto, SUPERTRANQÜILO estava em Cabo Frio, sentado numa cadeira de rodas, vendendo balas para os turistas mais piedosos. Com todos aqueles fatos, os moradores da Região dos Lagos viram que não existem milagres para a defesa do bem comum. E concluíram que um lugar prazeroso e seguro só pode existir a partir de muita organização social e principalmente de atitudes.

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