Paulo Coelho dirige-se gentilmente a Zélia e, do alto de sua montanha de dólares, oferece-lhe sua candidatura ao assento da ABL.
Mas é muita cara-de-pau! Apesar da obra de Zélia ainda não justificar tal honra, nem a obra inteira, zipada, do Coelho, valeria sequer um capítulo de "Anarquistas graças a Deus".
Paulo Coelho é fruto do marketing inescrupuloso que invadiu o mundo. Profissionais dessa carreira sem pátria que, de arte, só sabem ostentar quadros de grife nas paredes, ou volumes jamais lidos em estantes; que, sentados nas bolsas, violentaram gravadoras e, a título de lucro, promovem dejetos musicais em detrimento da vasta multidão de músicos que enriquecem a raça nacional.
A eles, marketeiros, só lhes interessa o lucro, a autopromoção, o ocupar espaços. Arte, beleza, estética, cultura, folclore, não fazem parte de seus currículos regados a MBAs, onde lhes ensinaram como fazer apliques, de esperteza, sobre uma humanidade carente de atenção.
Donos da mídia, lambem o resultado dos balanços, ou do infame IBOPE; mecenas que são da imundice que chamam de "arte".
E espalham seus paradigmas aos quatro cantos, forçando-nos, a nós, que ainda carregamos alguma dignidade nos olhos, a ouvir, e ler, uma leva de candidatos a espertinhos espalhando e alardeando suas fezes escritas, cantadas, ou pintadas, em cada espaço que se lhes ofereça.
A palavra de ordem é "ocupar espaços", não importa com que conteúdo. De tanta exposição há que surgir algum lucro, um trocado, que lhes sustente a ganância e a auto-afirmação tardia.
Assim caminhamos, tropeçando a cada passo nesses elementos perniciosos à educação de nossos filhos. A essa sub-raça, que vê no sucesso efêmero a vitória na lida humana.
E ao se procriarem, fazem nascer sementes de pior teor. Filhos de pais que tudo construíram às custas da enganação maquiada. Aprendem, desde cedo, a esmagar tudo que lhes possa impedir a marcha ao desditoso sucesso. Têm olhos blindados, que jamais suportariam um escancarar da alma.
Pobres de espírito que, embotados pela ignorância que lhes serve o viver diário, cavam as tumbas onde chorarão o tempo perdido na busca de oportunidades e vantagens.
Superam em muito a vilania dos advogados que defendem criminosos, e buscam nas leis, brechas que invertam os fatos, a peso de desonrosos honorários.
Deixo aqui meu repúdio a essa estirpe de fetos malformados, a quem jogo umas migalhas de caridade, a muito custo.
E exalto aqueles que, na sombra do anonimato, nos antros dos bares noturnos, nas parcas horas vagas, mantêm o cultivo da verdadeira arte, das raízes, do folclore, do aprendizado contínuo, da busca pela perfeição. Dou vivas aos subterrâneos da sandice globalizada, aos que aguardam, mansos e férteis, a colheita superficial de uma raça que está prestes a deixar o planeta e aqui jamais voltar.
Abraço essa humanidade que semeia, à luz de velas, a safra fértil que vai renovar a Terra, quer queiram ou não.
E divido com ela meus sonhos, enquanto aguardamos a enxurrada levar ao esgoto os que habitam holofotes.
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