Usina de Letras
Usina de Letras
97 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62159 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22530)

Discursos (3238)

Ensaios - (10345)

Erótico (13567)

Frases (50571)

Humor (20027)

Infantil (5422)

Infanto Juvenil (4752)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140790)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Discursos-->ERRATA. O Brasileiro do Século -- 29/08/2004 - 10:25 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos



“Vargas, Um Destino”
(Por Domingos Oliveira Medeiros)

Lamentável, inoportuno e deselegante o artigo intitulado “Vargas, um Destino”, do eminente senador José Sarney, publicado no Correio Braziliense de 27 de agosto do ano curso, página dezessete.

O artigo procura minimizar a importância de Getúlio Vargas para a história do Brasil. Mais do que isso: enfatiza aspectos supostamente negativos da personalidade daquele nosso compatriota que, a exemplo de qualquer ser humano, possui, evidentemente, virtudes e defeitos, notadamente se levarmos em conta, no presente caso, a conturbada trajetória política de Vargas.

Parece até que estamos tratando de um exceção. Como se o citado senador não tivesse seus tropeços. Seus percalços. Suas alianças políticas desarticuladas do ideário do partido a que pertence o presidente do Senado.

Incrível como um político experiente, inteligente, escritor e membro da Academia Brasileira de Letras, cega ao cúmulo de sugerir, em relação ao trágico episódio da vida de Vargas que “Matar-se foi um espetacular golpe político. Surpreendeu seus inimigos e derrotou-os. Se não houvesse o suicídio, Getúlio teria passado como um ditador violento e um governador muito discutido”.

Prefiro ficar com o artigo do jornalista Mauro Santayna, “O brasileiro do século”, publicado no sobredito jornal, de 26 de agosto, do qual permito-me destacar alguns trechos:

“Vargas foi dos poucos políticos brasileiros, ao longo da história de nosso país, e dos pouquíssimos, nos últimos cem anos, a assumir o Brasil com o orgulho de pertencer ao nosso povo. Ao insurgir-se contra o conformismo fatalista que se resumia na máxima de que éramos um país essencialmente agrícola, o que nos conferia o destino de mero exportador de matéria-prima.

Getúlio abriu caminho ao desenvolvimento. A indústria era – e continua sendo – o aço e a energia, a máquina e a força que a faz mover. (...) Ao inaugurar a Usina Siderúrgica Nacional, em 7 de maio de 1943, Vargas repetiu trechos do discurso que fizera em Belo Horizonte, doze anos antes: não era contra a presença de capitais estrangeiros, “na forma de empréstimos o arrendamento de serviços; mas quando se trata da indústria do ferro, com a qual havemos de forjar toda a aparelhagem dos nossos transportes e da nossa defesa; do aproveitamento das quedas d’água, transformadas na energia que nos ilumina e alimenta as indústrias da paz e da guerra; das redes ferroviárias de comunicação interna, por onde se escoa a produção e se movimentam, em casos extremos, os nossos exércitos, quando se trata – repito – da exploração de serviços de tal natureza (...) não podemos aliená-los, concedendo-os a estranhos, e cumpre-nos, previdentemente, manter sobre eles o direito de propriedade e de domínio”.

E mais adiante, continua o jornalista:

“Ninguém poderá defender o Estado Novo, mas é necessário entender aquele tempo. Teria sido possível a Vargas, entre 1937 e 1945, manter a soberania nacional? Muitos, e açodadamente, consideram o seu governo, nesse período, como fascista. (...) Na verdade, ainda que Vargas tenha sido um ditador, a sua atuação em 10 de novembro de 1937 nos salvou do pior. Nas eleições que se realizaram em março de 1938, Plínio Salgado provavelmente teria sido o vencedor. A Ação Integralista Brasileira, financiada pelos alemães e italianos, era um partido armado e o mais bem organizado em todo o território nacional. Se Plínio houvesse chegado constitucionalmente ao poder (Como haviam chegado Mussolini e Hitler), outro poderia ter sido o desfecho da guerra. Um governo submisso ao Eixo, no Brasil, poderia arrastar toda a América Latina (eram fortes as simpatias pelos alemães na Argentina, no Chile e na Bolívia) a uma ‘neutralidade ativa’, quando não ao alinhamento aberto contra ao aliados”.

À vista do até reproduzido, confesso ficar em dúvida sobre a eficácia de um regime ditatorial, frente aos fatos escandalosos de uma democracia de nossos tempos, sob a égide de governos que optaram por vender nossas empresas estratégicas; privatizando bancos oficiais, empresas de telecomunicações e distribuidoras de energia; quebrando o monopólio da Petrobrás; aumentando nossa carga tributária; economizando, indevidamente, recursos orçamentários, ao não conceder reajustes de salários, por oito anos, aos servidores públicos, como manda a Constituição Federal.

Governos que se fizeram famosos por aumentar o nosso endividamento externo e interno; como o que antecedeu ao atual, que entregaram o poder com os cofres vazios, sem dinheiro para investimentos estratégicos para o crescimento econômico: infra-estrutura, energia, recuperação de estradas, geração de empregos, renda e crescimento sustentável, para ficarmos em alguns exemplos dos eternos problemas que seguem sem solução, até os dias de hoje, por este novo governo, que, ao que tudo indica, segue no mesmo rumo do anterior: sem lenço e sem documento. Sem promover mudanças e sem competência, sequer, para distribuir feijão e arroz, para 35 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza; e para outros tantos desempregados e subempregados, que passaram, este ano, a ganhar R$260 reais de salário: o máximo que o governo conseguiu para o mínimo.

Sem falar nas investidas do governo para impedir ou atrapalhar todas as CPIs que apuram denúncias de irregularidades cometidas por autoridades governamentais de quase todos os escalões superiores.

Denúncias que se arrastam sem explicações convincentes, como as ocorridas no âmbito da CPI do BANESTADO, que não consegue caminhar no sentido de passar esse pais à limpo, como era de se esperar; ou denúncias como aquela relacionada com o Sr. Waldomiro, que estranhamente recebe apoio incondicional do governo a que pertenceu; e como tantos outros “denuncismos”, como aqueles relacionados com os presidentes dos bancos do Brasil e Central. E tantos outros que não convém, por muito fastidioso, aqui repetir.

Basta comparar a ação de Vargas com as dos nossos últimos presidentes para se ter uma idéia de que a nossa tão decantada democracia não está com essa bola toda!

28 de agosto de 2004

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui