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Poesias-->A Praça, o Amanhã e o Hoje -- 24/12/2001 - 17:52 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A PRAÇA, A MANHÃ E O HOJE







Era um daqueles pequenos caminhos, que se cruzam por entre árvores, lagos e bancos de praças. De algumas cidades e praças que conheci. E que me lembro, ainda, com certa saudade. Bons tempos. Lá estava eu. Era manhã. Dessas manhãs límpidas e com o sol mais para fraco. Digamos amarelado, porém aquecedor. Que acordava, com carinho, as gotas de orvalho adormecidas sobre as folhas, na sua maioria verdes, que pendiam de verdes galhos. Verdes de todas as cores. Inerte, fui surpreendido pelos pássaros que, numa saudação espontânea, enchiam a praça com suas canções matutinas. Em seguida, numa alegria impetuosa, batiam em revoadas circulares, formando um conjunto de bailarinos gritante e harmoniosamente unido. Caminhava pelo parque, observando as folhas que se desprendiam das árvores, para formar um imenso e natural tapete, que enfeitava o chão da praça, compondo a paisagem daquele dia. Até que o sol, quando mais quente, viesse secá-las, cumprindo o ritual da natureza, iniciando o preparo da paisagem do dia seguinte. Adiante, uma simpática ponte convidou-me ao outro lado da praça. Fui até lá. Até um lago. Pude contemplar o seu interior festivo e buliçoso. Pude ver o passeio de pequenos peixes que, àquela altura, formavam remoinhos, que piscavam e sorriam, humildemente, de baixo para cima, para quem se dispusesse ou quisesse admirá-los. Debruçado sobre a ponte, contemplava tudo aquilo quando, de repente, o metal frio da pulseira do relógio, em contato com outras partes de meu corpo, chamou-me a atenção para a hora. Para o dia. Para o mundo. Ou seria para a realidade? Para o que tinha de fazer, melhor dizendo. Para o hoje. Para o já. Para o dali a pouco. Assim, despedi-me, rapidamente, daquela manhã, daquela praça, e, com pressa, atravessei a rua que a circundava, àquela hora, já entulhada de carros, empoeirados e barulhentos. Todos conduzidos por pessoas de vários rostos. Algumas sérias, outras nem tanto. Com expressões carregadas, trocavam olhares diversos e enigmáticos e, vez por outra, até insultos. Era um desfile monótono. Carro, após carro, escorrendo em duas direções: Enquanto alguns iam, outros vinham. À noite, ao voltarem, trocavam de sentido. Na verdade, era como se os motoristas não tivessem para onde ir. Pelo menos, faltavam-lhes a certeza. Andavam sem rumo. Não sabiam de um lago onde pudessem olhar, com profundidade, para o seu interior. Não conheciam, desse modo, outras alternativas para formas, movimentos e cores escondidos em remoinhos e lagos de tantas praças, de tantas cidades. Tesouros que muitos julgam inexistentes, mas que, na verdade, encontram-se submersos, em naufrágios que aconteceram, até mesmo, em outras vidas. Tesouros que não se descobrem sem a ousadia de parar no tempo e atravessar pequenas pontes, para chegar ao outro lado e poder constatar que cada praça pode ser vista de vários ângulos, todos irradiando belezas e riquezas até então desconhecidas e inimagináveis, principalmente quando se tem que estar dentro de um automóvel, sem rumo. Apenas, com os relógios nos pulsos, indicando as horas, sem indicar outras formas de tempo. A não ser aquele que passa sem ser percebido. Aquele hoje de tempo, identificado como moderno, progressista, científico e tecnológico. Um tempo, sem tempo. Vazio. O que fizemos, hoje, de útil ou de bom para nós e para o próximo? O que mais poderíamos fazer? Há causas, pelas quais vale a pena empreender nossa luta diária. Basta que estejamos dispostos a olhar para os lagos e as pontes da vida.

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