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São Paulo, 19/11/2009
À DIRETORIA DO COLEGIO SANTA CRUZ
À COORDENADORA PEDAGÓGICA da 3ª SÉRIE DO ENSINO MÉDIO
Ao Professor Vicente de Teatro do Colégio Santa Cruz
A todos os integrantes do Grupo de Teatro do Colégio Santa Cruz
O terceiro colegial está acabando mais uma vez, e agora meu filho faz parte desta turma. Reflito a respeito de tudo que o Colégio Santa Cruz possa ter significado para a vida dele, e fico realmente satisfeita. Mas existem algumas questões que, além de me deixar satisfeita como mãe, deixam-me feliz como pessoa : grupos de jovens como este, do qual meu filho participa, que foram alunos do Santa e que são, tem a “sorte” de levar com eles (além de todos os valores, instrumentos, relações, reflexões e conhecimentos que possam ter adquirido no Colégio) UM tipo específico de vivência: a que fica do Grupo de Teatro do Santa Cruz.
Sem dúvida: muitas são as razões para agradecer ao Colégio. Mas hoje particularmente, reflito sobre as vivências do meu filho junto ao Grupo de Teatro do Santa.
Acredito que as mudanças reais e positivas que vi acontecer no meu filho, muitos viram nos demais integrantes do grupo. A primeira mudança veio do trabalho com a plástica do corpo. Diz Eduardo Galeano:
"O corpo não é uma máquina como nos diz a ciência. Nem uma culpa como nos fez crer a religião. O corpo é uma festa."
Vi no meu filho e em todos os seus colegas de teatro que tive a sorte de conhecer mesmo que pouco, a maravilha de perceber seus próprios corpos como festa : que independe da etiqueta da camisa, do viés “fashion” ou de sua total ausência. Um corpo que impõe-se pela verdade, um corpo em festa.
E finalmente, reflito sobre o que eu acredito tenha sido influenciado principalmente, mais do que por qualquer outra coisa, pelos dias “suados” passados no Grupo de Teatro...
Entendo isso como o verdadeiro toque da arte na vida das pessoas. Toda e qualquer manifestação artística, quando verdadeira, traz alguma mudança.
De novo, reflito com Galeano:
“ Somos o que fazemos, mas somos, principalmente, o que fazemos para mudar o que somos.”
Duas questões aí : a constante construção de “quem sou”, o contínuo conhecer-se para renovar e crescer : fazer para mudar o que se é. Mas tem outra idéia nisso: é o fato de poder mudar fazendo parte de um Grupo. “Grupo” é plural. Abraçando um “nós” que só pode ser aprendido na vivência coletiva - com reflexão e espírito construtivo. Tenho a certeza de que este Grupo de Teatro é uma das maiores expressões educativas do Colégio- e digo isso por conviver com estes alunos do Teatro que, como o meu filho que dele participa há cinco anos, hoje afirma a importância da construção do coletivo como valor assumido para o resto de sua vida.
Surpreendentemente, em um mundo que valoriza o individualismo e tenta colocá-lo como um dos pilares do caráter- neste cenário, estes jovens aprenderam através de um trabalho de verdadeira arte, a dizer “somos”, ao invés de (sempre) “sou”. Aprenderam a colocar o “sou” onde corresponde, e o “somos” onde se faz necessário.
Obrigada ao Colégio Santa Cruz – por manter um verdadeiro Grupo de Teatro funcionando, e ao Professor Vicente e toda sua equipe, pela qualidade do trabalho e mais do que tudo, por transmitir a estes alunos ( e entre eles, ao meu filho) a real significância da ARTE e da SOLIDARIEDADE.
Mãe de um Aluno do Santa Cruz, 3º. Ano do Ensino Médio- 2009
(Cristina Campiglia)