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cronicas-->Alice não mora mais aqui -- 17/06/2017 - 20:32 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Amanheci estranho; não havia sol lá fora e as nuvens baixas denunciavam que eu estava a grande altura do solo. Não me lembro de ontem ter saltado de paraquedas, portanto disso me salvei. Também não comi feijoada regada a chope e torresminhos, também pudera. Comi uma saladinha de alface com tomate e um prato básico desses que você come num quilo, como um brasileiro mediano.


Que raios faço nesta altura?


Olho pela janela do apartamento: As nuvens é que baixaram, ou fui eu que subi? Será que comprei por engano os feijões de João e vim parar na boca da casa do Gigante dorminhoco?


--Ó da poltrona!
--Eu?
--Você, mesmo. Tem mais alguém aqui?
--Você, pelo que presumo.
--Ah, bom. Então, está tudo bem?
--Que nuvens são estas? Não vejo nada lá embaixo!!!!
--Nem eu. Como subimos aqui?
--Eu sei lá! Aliás, que faz dentro de meu apartamento?
--Esse é o MEU apartamento.


O camarada, baixinho e barrigudo, parecia um pinguim. Coçava a cabeça, desorientado às pencas, como esse que vos fala.


--Então, desembucha logo . Onde estamos?...
--...De onde viemos, para onde vamos?
--Já sei. Isso é um sonho, só que em vez da belezoca da Alice, puseram um barbado feio, eu, na história.
--Exagerado. E eu, que faço aqui?
--Você deve ser o Gato de Alice, tal sua barriga rosada.
--Não. Nem sei quem sou e o que faço aqui. Acordei e me vi aqui, olhando pelas janelas.
--Ora, ora. Você tenta mas não me convence de sua inocência.
--Eu não fiz nada. Acordei, e é só.
--De onde você vem?
--Não vim de lugar nenhum, amigo. Eu dormi e acordei aqui.
Sério e compenetrado, o pinguim estava convicto, como eu, de que havia algo meio suspeitoso em tal situação nebulosa. Por falar nisto, os ventos movimentavam as nuvens lá embaixo de maneira tal que figuras se formavam, como se isso fosse normal.

--Olha que coisa estranha!
--Vejo carneiros.
--Eu vejo um gato.
--Eu vejo um mamute!
--Cada cabeça, uma sentença. Olhe o elefante!!!
--Amigo, não acordei aqui para ver nuvenzinhas poéticas e ciganas, estou aqui em dúvida íntima por conta de saber o que me traz aqui.

Nisso, ouvimos um ruído que vinha de dentro do apartamento. A se acreditar que este habitáculo fosse um simétrico de meu apartamento, eu e o pinguim caminhamos em direção ao ruído. Tinha som de louça batendo. Caminhamos devagar e abrimos a porta: A cozinha tinha um cheiro de sopa, talvez de ervilhas, cebola, ovos e ervas. Na pia, uma moça de cabelos aloirados e esguia preparava pratos. O fogo ardia no fogão, a lenha(!!!) em brasas aquecia o ambiente.
Ela se voltou: Um misto de Marina Ruy Barbosa, Sophie Charlotte e Maria Casadevall nos fitou.

--Olá, estrangeiros, quem sois?
--Eu moro aqui.
--Também moro aqui!
--Sois um casal?
--Não!!!!!!
--As coisas estão mudadas hoje em dia, não? Vós sois visitantes, ora pois?
--Sim, somos.
--E você, se me permite, quem é, ó formosa dama?
--Meu nome é Alice.

Nós dois nos olhamos, afinal, estávamos ao mesmo tempo perplexos e embevecidos, tal a beleza da moça, que ao mesmo tempo que falava, descascava batatas e preparava molhos com incrível agilidade. Alice, ou quem quer que fosse, tinha habilidades insuspeitas a nós, reles mortais.

--Se você é a Alice de Carroll, permita-me dizer, você está uma moça.
--Cresceu, ele quis dizer.
--Ora, vós sois muito gentis. Cresci de tanto ficar neste lugar, onde permanecer não necessáriamente leva a ficar.
--Como viemos parar aqui?
--Se vós não sabeis, muito menos eu o saberei. De fato, eu estava preparando nosso jantar, pois que eu sempre recebo visitas, de fato. Vós não sois nem os primeiros e muito menos os últimos.
--Complexo, cara.
--Estou sabendo. Como nos livraremos desta?
--Eu não comi nada que me desse indigestão.
--Muito menos eu. Eu apenas me excedi um bocado na birita.
--O que vós denominais de "birita"?

Como explicar a Alice/Marina/Devall/Charlotte que birita era água que passarinho não bebe?

--Hummm, deixe-me ver. Seria algo assim...
--Uma coisa destilada...
--Vejamos, é uma água que arde.
--Só isso?
--Sim.
--Pinga, ora pois?
--Menina valente!!!
--Das nossas.
--Tenho algo parecido em minha mesa. Sirvam-se!

Eu e meu colega de quarto, agora promovido a quase parceiro e amigo, estávamos saboreando uma aguardente deliciosa com uma garota absolutamente encantadora que preparava um prato exótico numa cozinha de algum lugar num fim do mundo; situação das mais esquisitas, permitam-me observar.

Lá pelas tantas, talvez pelo efeito de tal elixir, Alice/Charlotte começou a cantar e nós ficamos extasiados com a visão de tal musa a exibir tais dotes, quando ouvimos bater à porta de serviço, que surgiu do nada.

--Justo agora!
--Deve ser o tal gato que rí.
--Porra...!
--Com licença...

Do outro lado da porta, a figura de outro rapaz, vestido de short, camiseta, meião de futebol e cara de confuso, como nós dois deveríamos ter parecido a Sophie/Alice/Casadevall.

--Seguinte, meu: Eu estava jogando bola muito doido. Cheguei em casa e dormi assim, desse jeito. Acordei e vim parar aqui. Qual é a parada, mano?

--A parada é a seguinte, garoto. Senta aqui e fica calado, porque senão te cobrimos de porrada. Não vê que a moça está ocupada?
--Mas ela não é...Aquela que trabalha numa novela...
--Não, não é.
--Cala a boca, Magdo.
--E vós, sois quem?
--Aparecido, ao seu dispor.
--Sente-se ao lado deles.

O garoto se aboletou, pegou um copo e se serviu.

Brindamos à saúde de Sophie/Alice/Casadevall.

Evoé, sonho!
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