CARTA AO PSICÓLOGO
Olá querido,
Tenho sentido muito sua falta, especialmente nesses últimos dias. Desde que me mudei para cá, não tive a sorte de encontrar outro profissional como você.
Na verdade onde moro agora não há nenhum psicólogo com quem eu possa partilhar momentos tão bons como tinha contigo nas seções de terapia.
Lembro que após tanto tempo freqüentando seu consultório acabamos nos tornando grandes amigos, e hoje sei que você faz parte de minha vida, o que me traz motivação para lhe escrever essa Carta dizendo o que passo nesse instante.
Tenho que te confessar uma coisa: “estou completamente apaixonada !!!” E, o mais surpreendente de tudo isso é que acabei encontrando aqui nesse lugar tão longínquo uma pessoa que se formou na mesma faculdade sua, mas numa turma um pouco posterior à sua.
É verdade que nós já conversamos sobre diversos assuntos, e sei que você se lembra de toda a dificuldade que eu sentia nas minhas relações afetivas com outros homens. Até hoje não sei bem explicar o que acontecia, mas, em geral, sempre quando me apaixonava por um “affair” surgia uma barreira que me impedia de viver essa paixão de forma intensa.
Tenho plena convicção de que essa situação não ocorre só comigo, pois sei que muitas pessoas sonham uma “vida idealizada", que se baseia em referências carregadas de subjetividades. Essas referências são construídas ao longo de nossas vidas e são alicerçadas em parte no exemplo de pessoas com quem convivemos de perto. Assim, crescemos e formamos nossos gostos e nossas crenças por meio da convivência com familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, e até mesmo focando em pessoas distantes, como artistas, políticos, desportistas, entre tantos outros.
Dessa forma, rotineiramente almejamos essa “vida idealizada”, querendo ter uma aparência física diferente, conquistar outro emprego, conhecer novos amigos, morar em outra casa, conviver com uma família um pouco diferente etc. E desejamos, também, amar pessoas diferentes daquelas que estão à nossa volta. Quem nunca desejou encontrar um príncipe encantado ao dobrar a esquina da rua, ou num momento de distração em meio às compras do supermercado???
Por outro lado, temos a "vida real" que é aquela em que realmente vivemos no presente, e que quase sempre está longe daquela "vida idealizada" que sonhamos todo tempo.
Já tenho vivência suficiente para entender que nossa vida segue caminhos que quase nunca queremos. E, é justamente aqui que eu queria chegar, pois estou escrevendo tudo isso para que saiba sobre o momento feliz que estou vivendo agora.
Hoje sinto uma grande paixão por uma pessoa especial !!! Confesso que meu amado não representa nenhum ícone idealizado pelos meus sonhos e devaneios. Mas, o melhor disso tudo é que consigo ver o lado bom de nossa relação, pois estou curtindo cada momento, sem perder o foco naquilo realmente que mais importa para nós ...
Após tantos desencontros e tropeços na vida, aprendi a tolerar as falhas e erros alheios e, até mesmo, os meus próprios.
Sei que perdoar os outros é muito difícil e, talvez, seja ainda mais difícil perdoar a si mesmo, sabendo conviver com nossas próprias imperfeições e limitações.
Quando falo em aceitar o que somos, não implica necessariamente que eu não queira melhorar. Acredito que devemos ter um referencial de vida que pode ser baseado nas nossas crenças religiosas, ou nos ensinamentos que recebemos de nossos familiares, e, até mesmo, em exemplos bons que recebemos dos meios de comunicação de massa.
Quero realmente viver uma vida feliz, curtindo cada momento de forma plena, sentindo-me satisfeita comigo mesma, sem deixar de valorizar aquilo que há de bom nas pessoas que me querem bem !!!.
Sinto-me muito feliz nesse instante e quero partilhar cada momento dessa alegria com pessoas amigas como você !!!
Araçoiaba - SP, 1º de outubro de 2009.
Wanessa Lara Neres e Silva
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Iperó - SP, Outubro de 2009.
Giovanni Salera Júnior é Mestre em Ciências do Ambiente e Especialista em Direito Ambiental.
E-mail: salerajunior@yahoo.com.br
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