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Artigos-->O FEMININO E OCULTO MUNDO DE PICASSO -- 14/11/2003 - 05:26 (Felipe de Oliveira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A personalidade de Picasso esmaga toda a vida artística do século XX. Nenhum pintor, depois de MiguelÂngelo, ultrapassou o seu tempo e criou tantas e múltiplas revoluções. O fenômeno Picasso foi enaltecido por todos os artistas e críticos do século, um gênio compreendido e admirado que representou um caso particular na história da arte Ocidental.



Milhares de livros foram escritos sobre o artista, mas poucos falam da vida amorosa deste “barba azul” que teve sete companheiras e inúmeras amantes durante todo o transcorrer da sua gloriosa e tumultuada vida. Qual delas ele amou realmente ?

Perguntaram a Jacqueline Picasso, sua última companheira, porque ela ficava sempre na “sombra” do seu marido. Ela foi direta : “ Porque não se faz sombra ao sol.”



De Fernand Olivier a Jacqueline Roque, sem contar as inúmeras mulheres que não conheceremos jamais, muitas delas sairam feridas dos casos de amor que tiveram com o mestre do Cubismo. Fernande sua primeira companheira, dos tempos heróicos de pobreza e arte, conta : “ Ele não tinha nada de sedutor quando não o conhecíamos, portanto, seu estranho olhar insistente chamava a atenção. Existia um fogo interior que sentíamos se desprender dele, numa espécie de magnetismo ao qual se sucumbia.”



Jacqueline Roque comenta a mesma coisa : “ Os olhos de Picasso tinham um magnetismo quando ele olhava um desenho. o mesmo fenômeno se produzia quando ele depositava seus olhares intensos sobre uma mulher; elas não podiam resistir por muito tempo.”



AMOR E MISÉRIA EM PARIS



Em 1904, Pablo Ruiz Picasso, jovem pintor espanhol de apenas 23 anos, decide viver em Paris. Ele vai morar em Montmartre, no Bateau-Lavoir, um conjunto de ateliers para artistas pobres. É lá que ele nota pela primeira vez Fernande Olivier. “ Uma noite de chuva eu ia para casa, ele vem na minha direção e me oferece um gatinho. Em seguida visitei o seu atelier. O ambiente desprendia um lado mórbido que me incomodava um pouco, no resto, tudo respirava a trabalho, numa desordem incrível.”



É exatamente neste atelier “mórbido” que Fernande vai morar com o artista e irão se amar com todo o vigor da juventude. Picasso é feliz. Ele dorme ou faz amor até meio-dia, depois ele pinta como um condenado até altas horas da noite. Picasso é ciúmento e não deseja que Fernande saia de casa. Ela passa a maior parte do seu tempo dentro de casa, lendo ou dormindo, enquanto ele pinta tudo ao seu redor em tom rosa.



“Eu era feliz, muito feliz mesmo quando eu vivia com Pablo, foi com ele que passei os anos mais belos da minha vida.” Relata Fernande no final da sua vida. O tempo de miséria começava a findar e o sucesso da venda de alguns quadros permitem que eles abandonem o Bateau-Lavoir e deixam dentro deste atelier talvez as lembranças mais belas de sua existência.



A hora da fase cubista tinha chegado. Picasso fica preso dentro do seu novo atelier no Boulevard Clichy e ninguém pode entrar no recinto, nem mesmo Fernande, sem sua autorização. Os tempos eram outros. Picasso fica cada dia mais preocupado com seu trabalho e a pobre Fernande começa a se aborrecer com a monotónia dos dias. Toda Paris pode ver Fernande nos braços de outros pintores nos Cafés de Montmarte. Picasso escreve ao seu amigo Braque : “Fernande partiu ontem com um pintor futurista. O que eu vou fazer da minha cadela ?”



Na verdade, depois de 8 anos de convivência, a partida de Fernande era oportuna para Picasso. Pouco tempo depois ele encontra uma mulher pequenina e meiga, Eve Gouel, que ele chamará de “Ma jolie.” Há quem diga que quando Picasso mudava de amante, ele também mudava de atelier e de estilo. Ele vai morar em Montparnasse e começa as suas primeiras colagens cubistas.



Sua celebridade se estende, mas uma grande crise se aproximava : seu pai morre e Eve fica doente. A Jean Cocteau ele confessa : “ Eu amo muito uma mulher e ela vai morrer.” Ele caminha sozinho pelas ruas de Paris. Eve vai morrer e Picasso está solitário. Não por muito tempo. As conquistas continuam, ele coleciona as aventuras, as mulheres se sucediam e chegam ao ponto de prejudicar o seu trabalho. “Ma jolie” morre em 1914 e Picasso muda de atelier novamente.



A ÉPOCA MUNDANA



Ele aceita realizar a decoração de “Parade”, o balé de Cocteau que Diaghilev está trabalhando em Roma. É lá que encontra uma bailarina fina e requintada, Olga Khoklova. Ela corresponde ao gênero de mulher que Picasso procurava : jovem, bela, sofisticada que irá permitir de continuar a sua ascensão social. Eles se casam e se instalam em Paris. A época heróica do cubismo tinha acabado. Agora é a época que os críticos e biógrafos chamam de “época mundana”. O casal pode ser visto nas recepções mais sofisticadas de Paris.



Este período vai terminar bruscamente, Olga fica doente e Picasso começava a ficar enfadado de festas e recepções luxuosas. Olga multiplica suas cenas de ciúmes das inúmeras amantes do pintor e ele resolve o problema indo morar numa outra casa e com uma nova companheira.



Agora será a vez de Marie-Thérèse Walter, uma real representante da beleza nórdica. Ela tem apenas 17 anos, quando Picasso pega no seu braço no meio da rua e diz : “ Eu sou Picasso. Você e eu, iremos fazer grandes coisas juntos.” Oficialmente ele ainda vive com Olga e sua vida sentimental termina virando um inferno. Picasso pensa no divórcio, mas hesita, ele se casou em comunhão de bens e, em caso de separação, terá que ceder metade das suas obras a esposa.



Os anos 1935-36, são os mais difíceis do artista, a guerra civil explode na Espanha. Ele encontra num Café de Saint-Germain, apresentada por Paul Eluard, Dora Maar, pintora e fotógrafa ligada aos surrealistas. Dora se torna imediatamente sua amante. Ele gosta desta mulher bela, jovem, inteligente, politizada e somente com ela pode falar da guerra da Espanha. Para Picasso ela será a própria Espanha. Ele não resiste e termina ficando com as duas mulheres, pinta uma e outra, atormentado dentro das suas obras.

Querendo justificar a sua atitude ele diz a André Malraux : “ Dora para mim sempre foi uma mulher que chora. É importante pois as mulheres são máquinas de sofrer.” A própria Dora lhe retribui a ofensa : “ Enquanto artista você é extraordinário, mas moralmente você é indigno.”



UM MACHISTA PRIMITIVO



Uma nova mulher vai penetrar na sua vida, a bela Françoise Gilot, Ela hesita um pouco a viver com o artista, porém, não resiste por muito tempo e termina cedendo diante da determinação de Picasso. Porém, com essa mulher as coisas são diferentes. Picasso espera que ela se submeta a sua autoridade. Após dez anos de convivência ela o abandona por não suportar mais as suas cóleras e seu machismo primitivo.



Picasso é mortalmente ferido, ele não admite, em hipótese alguma, que uma mulher seja capaz de deixar de amá-lo. Para este espanhol o fato de uma mulher abandoná-lo é o anúncio de sua própria morte. Picasso tem 72 anos, o golpe é terrìvel e de repente ele se sente velho. O verdadeiro drama vem com a publicação, em 1964, do livro de Françoise Gilot : Vivre avec Picasso. Ele tenta proibir a publicação, mas o livro aparece e faz um escândalo enorme. Gilot diz num trecho do livro : “Ainda impregnado de lembranças de suas antigas amantes, duas vezes por semana ele visita Marie-Thérèse até a sua morte em 1955.” Visto por Françoise Gilot, o artista reprova o mundo inteiro, salvo Matisse, o único pintor que ele respeita. No final ela confessa : “ Picasso é fundamentalmente um trágico, mas ele me forçou a me descobrir e a sobreviver, eu não cessarei jamais de lhe agradecer por isto.”



Os últimos 20 anos são passados ao lado de Jacqueline Roque que se torna oficialmente, em 1961, a segunda Madame Picasso. Esta época é para o pintor o tempo da glória e da solidão. Apressado pela perspectiva da morte, ela não pára de pintar. Seu objetivo principal é aplicar todas as suas forças no projeto final : criar o máximo possível.

Jacqueline tem somente 30 anos e o mestre já esta na casa dos 74 anos. É preciso que alguém o pegue pela mão e o conduza para fora do labirinto que se tornou a sua vida. Será o grande papel de Jacqueline que no dia 8 de abril de 1973 fechará os olhos do homem que foi comparado ao grande MiguelÂngelo.



O pensamento da inevitável aproximação da morte foi cruel para este homem que um dia disse que no campo da arte ele era Deus. Para Picasso o paraíso era um dia de vida e criação. Fernande Olivier disse : “ Ele parece possuir uma grande e obscura dor ou uma impaciência de não poder viver cada dia em toda a sua plenitude. Ele não sabe explicar o monstruoso e único poder : o ato da criação. ”

A imensidade da sua produção prova que as mulheres não conseguiram alterar a sua atividade artística. Para Picasso o único amor importante estava dentro daquilo que ele fazia. Uma sorte de frenesi intelectual que, sobre tela ou cerâmica, o impulsionava a abraçar homens e coisas, natureza e idéias. A vida de Picasso foi uma luta constante para não ser uma outra coisa que um pintor.





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