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cronicas-->O ónibus -- 28/04/2017 - 01:13 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Coceira danada na cabeça. Estou no ónibus, prensado entre uma senhora que parece um barril e um senhor que parece um destróier, de modo que minha mobilidade urbana mais deveria ser chamada imobilidade total. O problema é que estamos parados, imersos num trànsito caótico; um dos ónibus quebrou e os outros invadem a pista dos carros normais. De pé, preso entre duas montanhas de carne, não posso soltar a mão direita da barra de apoio senão perco o lugar e sou arrastado pela onda humana(a mão esquerda segura a pasta com documentos que preciso entregar na Caixa Económica). Enfim, sufocante.

Passa uma mocinha dizendo que ela tem e vende docinhos, chocolates, bombom e quitutes, tudo por noveenoventaenove. Quase posso ouvir a cachoeira de saliva do senhor que ocupa a massa de um buraco negro, tal sua densidade demográfica. A outra mulher escarafuncha na bolsa um trocado pois não consegue viver sem um quitute. Massa e energia se combinam, já dizia Einstein. No caso dela, massa e massa resguardam mais energia, de forma que ela é uma verdadeira bomba calórica em repouso perpétuo, daí seu crescimento exponencial.

Por falar em bomba, alguém soltou um traque fedido que sufoca pelo azedume e odor de ovo podre. Deve ser o navio do lado. Não posso largar a barra do alto senão a massa me arrasta ao ponto longínquo que não é, definitivamente, o ponto G da mocinha que está sendo bolinada lá ao canto; revoltante a visão. Ela tenta afastar, mas vem um e gruda, vem outro e apalpa, vem mais outro e aperta. Ela só falta chorar. Humilhante!

Passado o cheiro nauseante, vem o odor de pizza do camarada que passou ao lado, suado e agitado. Deve ser um desses que usa de tudo um pouco e que vive perto do Centro, essa nau de insensatos que ocupa o chão das metrópoles, por falta de outras moradias. Vergonha das vergonhas! Gente perdida e pobre, lá fora. Aqui dentro, pizza, ovo, sufoco e perfumes baratos. sou mais o perfume!

Bom, vejo que meu ponto é o próximo. Arrasto-me com dificuldade, tendo de me desvencilhar da bunda enorme da senhora que ocupa três quartos do corredor e passo, pago minha passagem e refrescado, saio à rua.

Todo cuidado é pouco.

Depois volto para contar mais aventuras.
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