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cronicas-->Como valorar pessoas -- 23/06/2001 - 18:34 (Felipe Cerquize) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Certamente, o ser humano não tinha a menor idéia dos efeitos colaterais que provocaria, quando substituiu a permuta por um padrão de referência que lhe permitisse a aquisição dos bens que bem entendesse. Gerador de sentimentos mil e capaz de adaptar o homem a todos os meios, o dinheiro é o agente tanto de guerras como do conforto tecnológico com o qual estamos cada vez mais acostumados a viver. Um perfeito promotor de atitudes, que move as massas para todos os sentidos, metaforicamente ou não. Tê-lo não deveria ser, em hipótese alguma, uma referência para a classificação dos indivíduos, mas, infelizmente, é uma das fontes de preconceitos a que o homem se acostumou na hora de avaliar o seu semelhante. Eu arriscaria dizer que a cultura, a aparência física, a fala mais cativante, os olhos mais belos, a melhor das intenções, tudo isto passa a ser secundário, para a maioria dos habitantes deste planeta, quando o poder aquisitivo do interlocutor se sobrepõe ao dos que estão na vala comum das guerras de rotina. Diante dessa força tão contundente, não é de se estranhar que vejamos andróides pelas ruas, chorando lágrimas de crocodilo, a fim de tirar um centavo que seja de outrem, para que, à noite, possam sentar-se numa confortável poltrona, ligar o ar-condicionado e apertar o controle remoto para ver o mundo desabar.

Não é meu intuito fazer do dinheiro a fonte emanadora de todos os males. Na sociedade contemporànea, nunca dois ou dez sacos de sal seriam formas justas de se recompensar o trabalho de um assalariado. Sinceramente, acredito que a utilização de um padrão monetário seja a forma mais viável de agradecer pelos préstimos de um serviço, pois, assim, o trabalhador poderá fazer o que bem quiser com o fruto do seu suor. No entanto, o perigo surge no fato de, muitas vezes, os fins justificarem os meios, criando uma situação maquiavélica que deteriora o alicerce das necessidades essenciais. Pior do que isto, só quando não existem nem meio nem fim, o que poderá levar o proponente a um distúrbio psíquico ou mesmo a uma inanição social. Um exemplo simples é o do operário, que recebe o seu salário, passa em frente a uma agência de automóveis e vê que o recebido corresponde a um por cento, ou menos, do valor de um carro. Que vai ao supermercado e mal consegue transformar o dinheiro que recebeu em nutrientes, a fim de poder continuar trabalhando. E mesmo que queira ser místico, não poderá esquecer-se do dízimo, que são dez por cento do pouco que ganha. Portanto, o alerta é este: o dinheiro acabou virando a grande fonte das injustiças sócio-económicas das nações. Pela sua má distribuição, pelo seu mau emprego, pelas suas potencialidades bélicas, pela sua capacidade de despertar sentimentos negativos etc.

Existe alguma outra maneira de valorar as pessoas? É claro que sim!! Na verdade, o dinheiro não valora nada. Na maioria das vezes, é apenas a parca retribuição para um esforço físico e/ou mental. O problema é que estamos cada vez mais desaprendendo como perceber o que as pessoas são de fato e, talvez por isto, tudo esteja mudando tão freneticamente no mundo atual. Diante desta realidade, o que sugiro é que prestemos mais atenção nos verdadeiros sentimentos de nossos semelhantes, ou seja, naqueles sentimentos que, convertidos em desejos, não signifiquem a preocupação em obter recursos financeiros que os tornem reais, pois independem disto para que se concretizem. Tenho plena convicção de que ainda seja possível valorar as pessoas pelo seu grau de humanismo. Tenho certeza de que o homem é um produto do meio em que vive. Então, se ficarmos de braços cruzados, alimentando o ódio e subestimando tudo e todos, não tenha dúvida, leitor, de que, mais cedo ou mais tarde, seremos vítimas de nossas próprias armas, sem ninguém para compartilhar eventuais crenças e esperanças e com o nível de auto-estima bem abaixo do mínimo tolerável para podermos continuar tocando nossas vidas no meio da sociedade que escolhemos para somar nossas ambições.
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