Ser filho é sentir-se primário na primeira construção com paredes largas, portas altas, janelas abertas com grades. O olhar que sai daquele ambiente, ansioso ao mundo que passa pela janela brilha o olhar sempre infantil do filho que acompanha os movimentos de sua gestão genética a correr e priorizar o futuro daquele que em breve ficará sem o teto. Cai o primeiro vão, e corre a cozinha pois ainda há a garantia do quintal que tem o aroma da infància que não queria sair daquele cenário de tantas brincadeiras. Pé de goiaba, pé de pinha... tudo intacto... Fany, Kimba, Samanta, Kenny, Rebeca... amigos inseparáveis mas que partiram e apresentam o mistério da morte. Todos eles enterrados no mesmo quintal, adubando todos os sonhos da criança que fora obrigada a crescer sempre com receio de sem chão e teto ficar. Conheceu muita gente, enfrentou tempestades, conheceu o amor e voltou a adolescência tardiamente na cronologia. Relógio sem pilha alinha os encontros e desencontros, partidas e chegadas retilíneos ao futuro na esperança de abrigar-se sob a construção do amor.