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Cartas-->Dissecando a gripe A H1N1 -- 10/08/2009 - 14:22 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Dissecando a gripe A H1N1

Curitiba, 09 de agosto de 2009

Amigos, tenho lido opiniões as mais diversas sobre a gripe A H1N1.

Minha contribuição, como cidadão e como médico, é a que se segue.

Estas opiniões e sugestões são pessoais e podem não estar de acordo com orientações oficiais ou de especialistas em epidemiologia e ou infectologia, inclusive sobre o uso de máscaras e para outras medidas mais contundentes que sugiro para combater esta pandemia.

As ponderações não possuem propósito de causar pânico, mas também não se deve omitir informações que estão disponíveis na mídia, em especial em sites de instituições sérias, como o CDC de Atlanta.

Obviamente não tenho a pretensão de achar que sou dono da verdade.

Caso algum colega médico queira auxiliar nestes esclarecimentos - ou corrigí-los - por favor envie-me e-mail que estarei disponibilizando a sua opinião.

O anexo possui o mesmo texto em arquivo "Word" (sem vírus) e protegido para não ser adulterado.
O objetivo do texto é justamente suscitar o debate em suas várias ponderações.

O que não podemos é ficar inertes diante de uma pandemia destas proporções.

A colaboração e troca de idéias, em especial dos profissionais de saúde, é fundamental para que políticas públicas sejam mantidas ou redirecionadas visando o bem maior – a saúde - de toda a população brasileira.

Abraços e boa sorte a todos,

Paulo Maurício Piá de Andrade

CRM 8425 - PR
Médico em Curitiba
paulo.pia@terra.com.br


*

Ponderações sobre políticas de saúde pública em relação à gripe A H1N1

É uma virose que tem afetado, com risco de vida, faixas etárias ( 20 a 40 anos) não usuais em relação à gripe dita sazonal ou comum, aquela em que as campanhas de vacinação tem como público-alvo os idosos. Só este fato, inequívoco, já demonstra a virulência e o perigo desta nova gripe. Nos Estados Unidos, a mortalidade inicial era de 0,4% e já está em 0,7%, praticamente DOBROU em três meses (revista Época de 3 de agosto, pág. 96, contradizendo o ministro Temporão, que em entrevistas afirmou que a mortalidade estaria diminuindo no mundo). “A doença está piorando”segundo o epidemiologista Olzon, ouvido pela revista Época de 3 de agosto, pág. 96.

Portanto, nos Estados Unidos, a mortalidade pela gripe A já é maior que a mortalidade pela gripe “sazonal” que é de ATÉ 0,5%.

Segundo o Ministério da Saúde, o percentual de gripe A no Brasil já é de 60%, devendo ocorrer como nos EUA, onde a gripe A já é praticamente 100% dos casos.

Tendo em vista o exposto acima, não é razoável a política atual do Ministério da Saúde, segundo a mesma revista, de continuar a fabricar na ÚNICA fábrica de vacinas de gripe da América Latina, a vacina da gripe comum, pois ela já não é a de maior incidência – nem a de maior gravidade. O Centro de Controle de Doenças de Atlanta, Estados Unidos, referência mundial, sugeriu que “como o vírus A H1N1 já responde por 75% (dado conflitante com o do MS, de ainda 60%) dos casos no Brasil, a prioridade de vocês é a vacina pandêmica”. Deve-se salientar que a vacina está em estágio inicial de produção no exterior e campanhas de vacinação em massa lá somente poderão ser feitas a partir de outubro.
Leva-se um mês e meio para se fabricar a vacina da gripe suína. O presidente do Instituto Butantã, onde se localiza esta única fábrica na América Latina, afirmou que “só não haverá vacina em 2009 se o governo não quiser” (mesma revista, página 96). Espero que o governo queira...

Este vírus não se limita a transmitir-se somente no período de inverno. No México, que está em pleno verão, com temperaturas de 30ºC a até 40ºC, houve 1100 novos casos somente nos últimos 5 dias.

Portanto, temos de ter PRIORIDADE na fabricação desta vacina o mais rápido possível, pois este vírus "não desaparecerá” com a chegada do verão.
O especialista em gripes, o britânico Peter Openshaw, afirmou, na mesma revista, que “98% das pessoas que se infectarem se recuperarão plenamente sem nenhum tratamento hospitalar e que um terço dos contaminados sequer saberão disso. A taxa de mortalidade (lá) é baixa (0,14%). Então eu acho que o público deve ser tranqüilizado”. Dr. Peter, eu concordaria com o senhor, SE eu também tivesse a possibilidade de, NO BRASIL, AO PRIMEIRO SINTOMA DA GRIPE, preencher um questionário VIA INTERNET, pegar uma senha e comprar o Tamiflú em qualquer farmácia, como o senhor pode fazer aí no Reino Unido...

A orientação atual do Ministério da Saúde é de fornecer o Tamiflú apenas aos pacientes com agravamento dos sintomas nas primeiras 48 horas e às pessoas com maior risco (gestantes, crianças abaixo de 2 anos, idosos acima de 60 anos, imunodeprimidos, diabéticos, doença associada cardíaca, pulmonar ou renal crônica).
No entanto, a evolução clínica observada em muitos pacientes, pelo menos em Curitiba, é de rápida evolução a um quadro de insuficiência respiratória aguda, em questão de horas desde o início dos sintomas.

Assim, aguardar para esperar como será a evolução pode levar a conseqüências potencialmente graves, quando não fatais, aos pacientes. Além disso, a medicação Tamiflú possui eficácia máxima se administrado nas primeiras 48 horas do início dos sintomas, assim não é razoável aguardar a piora dos mesmos ou o resultado da confirmação laboratorial (que pode demorar de 2 dias a semanas) porque a medicação não terá máxima eficácia. Além disso, levando-se em consideração que a taxa de mutação do vírus, segundo informe da SESA/PR, é de uma a cada 10.000 infecções, a própria disseminação da epidemia pode levar à resistência ao Tamiflú.
Quando afeta gestantes, o risco de vida é muito grande se a mesma não for tratada prontamente, daí elas serem uma das prioridades para tratamento até do Ministério da Saúde. Deveriam ser dispensadas de trabalhar pelo menos até o final de agosto.

O Ministério da Saúde deveria ter se preparado para esta pandemia com um estoque maior de reserva estratégica do antiviral oseltamivir (“Tamiflú”). Estima-se que 67 milhões de brasileiros poderão ser infectados. O Ministério da Saúde informou que tem estoques para tratar nove milhões de infectados. A FioCruz deveria ter começado a fabricar o medicamento, a partir da matéria prima que tem estocada desde a época da gripe aviária, há pelo menos quatro meses atrás e não somente agora. Levará semanas até haver logística de transporte da medicação a todo o país. Mesmo assim, não há estoques para o número de potenciais infectados. A fabricante Roche afirmou que tem capacidade de produzir no mundo todo 400 milhões de tratamentos ao ano. Há previsões que no planeta todo até dois bilhões de pessoas poderão ser infectadas. Há um outro antiviral eficiente contra a gripe A, chamado ‘Relenza’ (“zanamivir”), mas não está disponibilizado atualmente no Brasil, ao que eu saiba. Ele também deveria ser importado, o mais rápidamente possível, para minimizar a falta potencial do Tamiflú, de forma a flexibilizar a prescrição dos antivirais (ver adiante).

Há falta da medicação Tamiflú também em solução, que é a formulação usada em crianças infectadas (por isso todo o cuidado para evitar a contaminação de crianças é necessário).
Mesmo nos Estados Unidos não há Tamiflú para toda a sua população (há 50 milhões de tratamentos para 307 milhões de habitantes), pois lá se acredita que as medidas de CONTENÇÃO da epidemia por parte do governo sejam eficientes a ponto de não haver contágio de pessoas no número hipotético de potenciais infectados.

A relação entre população/reserva de Tamiflú nos Estados Unidos é de um tratamento para cada 6,14 habitantes. No Brasil, com 191,5 milhões de habitantes e 9 milhões de tratamentos estocados, esta relação é de um tratamento para cada 21,27 habitantes...

Resumo: NO MOMENTO É POSSÍVEL QUE NÃO HAJA REMÉDIO ANTIVIRAL PARA TODO BRASILEIRO QUE PODE VIR A SER INFECTADO (67 MILHÕES DE PESSOAS).

Está explicada a política de só fornecer a
medicação em casos especiais...

PORTANTO A PREVENÇÃO, EM TODAS AS SUAS FORMAS, DEVE SER PRIORIDADE ABSOLUTA.

Infelizmente o Brasil “ainda não adota a estratégia de divulgar estimativas do número real de casos, a partir de cálculos de epidemiologistas, como fazem os EUA, o Reino Unido e a Argentina, que já reconhecem a livre circulação. A Argentina, por exemplo, apesar de informar a OMS de que há 2.485 casos confirmados, estima que o número real possa chegar a 108 mil”. Assim, não temos no Brasil uma estimativa do número real de pacientes já infectados pelo vírus da gripe A H1N1.
Deve-se parar de dizer que “não há motivo para pânico” e dizer honestamente que há motivo sim de preocupação e de se tomar TODOS os cuidados possíveis para evitar o contágio. Este paternalismo crônico com que se trata a população brasileira é especialmente perigoso num momento em que toda a informação a respeito desta gripe deve ser dada com a maior transparência e respeito à vida e à capacidade de compreensão dos brasileiros. Estes, por sua vez, devem provar que entendem a gravidade da situação colaborando de todas as formas possíveis, como, por exemplo, evitar que as crianças e estudantes em geral que estão com as aulas suspensas, lotem shopping centers pensando que estão em férias...isto torna a suspensão das aulas totalmente inócuo.

É uma tragédia que pessoas - pessoas jovens e saudáveis, que em tese não deveriam morrer de gripe – tenham morrido por falta desta medicação (“Época” de 3 de agosto, pág. 90), devido a política atual do “volte se piorar” caso não se esteja no chamado “grupo de risco”. Quando estas pessoas apresentaram piora do estado clínico, mesmo o Tamiflú já não estava na fase de atuar com maior eficácia e estas pessoas vieram a falecer.

No Reino Unido, onde o Tamiflú é liberado até pela Internet para quem tem os sintomas, o resultado desta política de esclarecimento, respeito e confiança na população é de que, apesar de já terem mais de 110.000 casos, a mortalidade é de 0,14%. O índice de mortalidade médio dos países afetados é de 0,5%, semelhante à faixa superior de mortalidade da gripe sazonal.
Segundo dados do dia 29 de julho, havia 15877 casos confirmados de gripe A no México, com 142 óbitos. O Ministério da Saúde publicou em seu site que o número de casos no Brasil até 1º de agosto era de 2959, com 96 óbitos (atentar que há informações ainda não tornadas oficiais, de que este número já seria de 129 óbitos, até dia 5 de agosto).

Estes números significariam um índice de mortalidade, no México, de 0,89% e no Brasil, de 3,24%.

Em outras palavras, a mortalidade da gripe A no Brasil seria 3,64 vezes MAIOR que a do México e 23 vezes maior que a do Reino Unido.

Digo “seria” porque há a possibilidade de existência de vários “viéses” estatísticos que podem alterar, para mais ou para menos, o índice real de mortalidade da gripe A H1N1, o que nos deve levar a analisar estes índices divulgados de diversos países com uma certa cautela.
Em ambos os países, México e Reino Unido, o Tamiflú é vendido livremente nas farmácias. No Brasil a venda é PROIBIDA.

Esta proibição fere o Código de Ética Médica tanto em relação ao médico...

É vedado ao médico:

Art. 57 - Deixar de utilizar todos os meios disponíveis de diagnóstico e tratamento a seu alcance em favor do paciente.

...quanto ao paciente:

É vedado ao médico:

Art. 56 - Desrespeitar o direito do paciente de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou terapêuticas, salvo em caso de iminente perigo de vida.

Esta política restritiva ao uso do Tamiflú está impedindo o seu uso precoce e poderia explicar porque aqui, com número de casos notificados muito menor que no Reino Unido (lá,110.000, aqui, 2959) a mortalidade seja 23 vezes maior.
Veja opinião da infectologista Maria Terezinha Carneiro Leão, sobre esta política restritiva do uso do Tamiflú no Brasil: http://www.crmpr.org.br/lista_ver_artigo.php?id=180

A grande maioria das pessoas infectadas pelo vírus A H1N1 (71,5%) no Brasil apresentou sintomas leves. O restante (28,5%) apresentou febre, tosse e dificuldade respiratória - sintomas compatíveis com a definição de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). A taxa de pessoas que vão a óbito em relação ao número de casos graves é de 11,4% (96 óbitos para 844 casos graves).

Devido a todas as ponderações acima, a conclusão é de que se deve fornecer a medicação Tamiflú a TODOS os pacientes com sintomas fortemente suspeitos de gripe (febre alta, tosse freqüente, sensação subjetiva de falta de ar), desde que devidamente avaliados por médico, não devendo ser necessário aguardar a confirmação laboratorial para iniciar a medicação.

As suspensões das aulas são necessárias, mas é uma medida incompleta para conter ou diminuir a circulação do vírus na população, pois o resto da sociedade continua a trabalhar normalmente, expondo-se ao contágio. Mesmo estes estudantes não estão tendo a compreensão necessária –nem seus pais – para que neste período deixem de frequentar outros ambientes, como shoppings, cinemas, bares.

Como os Estados Unidos recomendaram - para a realidade atual deles em relação ao crescimento da epidemia da gripe A - a não se suspender as aulas, é muito provável que aqui no Brasil haja defensores da mesma medida. No entanto, deve-se considerar as diferenças das realidades do crescimento da epidemia A H1N1 lá e cá (lá é verão, aqui é inverno), principalmente nas regiões onde aqui o inverno tem sido de frio e chuva, prejudicando as ações básicas de se evitar locais pouco ventilados e com aglomerações (ônibus, por exemplo). Aqui também não está havendo suficiente divulgação das outras medidas básicas de prevenção, como lavar as mãos freqüentemente com água e sabão ou álcool-gel a 70% e o uso de máscaras para quem não está infectado (medida sem consenso nem entre os médicos, infelizmente). Também há insuficiente divulgação tanto destas ações de prevenção quanto de outras informações necessárias, como o período de incubação de até cinco dias após o contato e o período de contágio, de até dois dias ANTES do início dos sintomas.

Além disso, aqui no Brasil seu médico não pode prescrever o Tamiflú livremente, ao seu critério profissional. Seu médico deve preencher um formulário afirmando se há “sinais de agravamento”, se é “caso grave” ou se tem “fator de risco, especificar”. O paciente deve levar este formulário, a notificação de caso e a receita aos “Postos Autorizados da Secretaria Estadual da Saúde para poder pegar a medicação (aguardando muitas vezes horas para isto. Sabemos que a medicação deve ser dada nas primeiras 48 horas do início dos sintomas, preferencialmente nas primeiras 36 horas e portanto cada hora de retardo em seu uso é preocupante quanto à evolução do quadro clínico do paciente.

Lá nos Estados Unidos a venda de Tamiflú é liberada para os casos confirmados, pois esta confirmação preliminar leva apenas meia hora. Aqui não estão se fazendo mais testes a todos os suspeitos, somente aos casos graves.
Você aceita esta “loteria” do Ministério da Saúde de “aguardar” para ver se você ficará bom “espontaneamente” ou se piorará clinicamente, e somente nesta situação poder usar o remédio??

Por todas estas razões a “recomendação” americana de não suspender as aulas não deve ser seguida, NESTE MOMENTO, no Brasil.

Como há previsões que o pico da epidemia no Brasil será em meados de agosto, e como o período de contágio é de até 12 dias (2 dias antes dos sintomas até 10 dias após), dever-se-ia decretar paralisação compulsória de atividades não essenciais por pelo menos 12 dias no Brasil inteiro, como o México fez (mesmo que inadequadamente, por apenas cinco dias, pois é menos da metade do período de contaminação). Neste período as pessoas contaminadas e as em incubação manifestarão a doença e não estarão expondo desnecessariamente outras pessoas à contaminação, reduzindo portanto a circulação do vírus e minimizando o ciclo vicioso da epidemia. Isto inclui fechar shoppings, cinemas, restaurantes, boates, teatros e proibir reuniões em geral.

Questões econômicas devem ficar relegadas a segundo plano quando se trata de saúde pública e não deveriam ser consideradas no presente contexto desta pandemia quanto a tomada de decisões como a exposta acima.

Para evitar prejuízo aos alunos que farão vestibular e estão com as aulas suspensas, é necessário que o MEC autorize que as universidades tenham seus vestibulares também adiados, bem como o teste do ENEM, pelo período proporcional à suspensão máxima das aulas. Para acalmar pais, alunos e professores, este anúncio já deveria ter sido feito.


*

Informações sobre a gripe A H1N1 e medidas preventivas gerais

SINTOMAS MAIS FREQUENTES: Febre, geralmente elevada e de início súbito (acima de 38ºC), falta de apetite, nariz entupido, tosse seca, dor de garganta e de cabeça, dores musculares e nas articulações, calafrios, cansaço, fraqueza, vômitos, diarréia, falta de ar ou dificuldade progressiva para respirar, extremidades arroxeadas (indica gravidade da insuficiência respiratória).

TRANSMISSIBILIDADE: A gripe A transmite-se por secreções de pessoas contaminadas, sendo este contágio direto, se uma pessoa gripada tossir ou espirrar perto de você. As gotículas expelidas podem contaminar se atingirem seus olhos, boca ou nariz (se aspiradas). Também deve-se ter cuidado com o contato de suas mãos potencialmente contaminadas e levadas aos olhos, nariz ou boca. Suas mãos podem se contaminar se tocar em superfícies de objetos com estas secreções de pessoas infectadas, como os apoios de mãos em ônibus, superfícies de mesas, canetas, copos, interior dos carros, celulares, etc... Há relatos que estas superfícies podem contaminar por até 10 horas. Por isso a orientação de lavar as mãos freqüente e adequadamente!

O período de incubação da gripe oscila entre um e cinco dias após contato com o vírus.
O período de transmissibilidade ocorre desde dois dias antes do início dos sintomas até 10 dias após (até 14 dias em crianças). Não se deve sair do isolamento até 24 horas APÓS a ausência de febre.

Evite aglomerações. Se possível, mantenha-se em casa. Quando sair, tenha em mãos recipiente com álcool-gel a 70% para passar nas mãos a cada contato com objetos de uso comum e ou contato físico. Se não conseguir comprar álcool-gel, use álcool líquido, 90º, na proporção de 8 partes de álcool para 2 de água filtrada, o que tornará o álcool próximo a 70º e coloque num recipiente para levar sempre consigo. Esta mistura não evaporará tão rápido e não deixará suas mãos muito ressecadas por lavagens sucessivas. Apesar de não haver consenso, sugiro o uso de máscaras ao adentrar em ambientes fechados e com aglomerações.

Evite saudação com aperto de mãos.

Especial cuidado ao utilizar banheiros públicos: pensar sempre que as torneiras, alavancas que acionam papeis toalha, assentos sanitários e válvulas de descarga podem estar contaminados por secreções nasais, de tosse ou diarréia (um dos possíveis sintomas desta gripe) de pessoas infectadas e de pouca noção de higiene (é só lembrar como nossos banheiros públicos são “limpos”...). Após lavar as mãos, não toque mais em qualquer objeto, fechando a torneira e abrindo a porta com papel toalha. Se possível passe papel com álcool-gel antes de encostar no assento sanitário (lembre que o contágio é das mãos contaminadas e destas aos olhos, nariz ou boca).

Os profissionais da saúde, tanto médicos quanto enfermeiros e demais funcionários que trabalham em ambientes hospitalares, clínicas, consultórios e similares devem prestar atenção a não circular fora do ambiente de trabalho com aventais ou roupas potencialmente contaminadas por terem estado expostas a estes ambientes. De preferência, deixar estas vestimentas no ambiente de trabalho.

Ao chegar em casa, lembre que as solas dos sapatos podem estar contaminadas com secreções de pessoas contaminadas que tossiram ou assoaram o nariz deixando estas secreções caírem nas calçadas. De preferência, todas as pessoas devem ter um pano no chão e embebê-lo em álcool a pelo menos 70%, esfregando as solas dos sapatos neste pano. O ideal é depois desta limpeza tirar os sapatos assim que entrar em casa, usando chinelos para circular no ambiente doméstico. Você pode até considerar este cuidado exagerado, pois não há relato da possibilidade deste tipo de contágio, mas até haver prova em contrário você arriscaria se contaminar, por exemplo, por um objeto que caísse em seu piso e você o pegasse e depois inadvertidamente pegasse um alimento e o levasse à boca sem antes lavar as mãos ou então que uma criança que engatinha se contaminasse desta forma? Lembrar também que bolsas, sacolas, mochilas e mesmo roupas podem ser contaminadas se pessoas infectadas tocarem com as mãos sem estar desinfetadas, espirrarem ou tossirem próximo.

Não esqueça que o período de contaminação começa até 48 horas ANTES dos sintomas da gripe iniciarem e estas pessoas podem estar circulando livremente sem saber que estão infectadas e portanto podem estar contaminando pessoas e ambientes!

Use máscaras cirúrgicas para prevenção de contágio* e máscara tipo N95 em casos de pacientes já diagnosticados com gripe e a seus cuidadores, mesmo se não houver confirmação de ser o vírus A H1N1, pelo período de observação máximo (10 dias).

Sei que este ítem é discutível e que a maioria dos médicos não tem preconizado seu uso para quem não está infectado. Bem, eu discordo e acho que temos de usar máscaras, mesmo as comuns, chamadas de “cirúrgicas”, em qualquer ambiente em que fiquemos com pessoas muito próximas, inclusive em casa. Por quê? Porque podemos ter nos contaminado, ou contaminar, em qualquer lugar fora de casa, pois devemos lembrar que as pessoas infectadas começam a ser contaminantes até dois dias ANTES de começar a se sentir doentes. Há até médicos que estão com seus filhos infectados e estes NÃO saíram de casa há dias (contaminados possivelmente pelos próprios pais). E porque o vírus se transmite por gotículas relativamente grandes de secreções, do tamanho que podem, segundo estudos norte-americanos, ser bloqueadas por este tipo de máscara. Lembrar do cuidado ao retirá-las para não se contaminar ao tocar na parte externa. Afirmações de infectologistas orientam que, para viroses como esta, seria desnecessário trocar as máscaras a cada 2 horas. Leia o texto abaixo, traduzido de um site do governo norte-americano.
Interim Public Health Guidance for the Use of Facemasks and Respirators in Non-Occupational Community Settings during an Influenza Pandemic
http://www.pandemicflu.gov/plan/community/commaskguidance.pdf

• Sempre que seja possível, em vez de confiar no uso de máscaras ou respiradores, evite contato muito próximo com outras pessoas e ambientes lotados durante o período da pandemia de influenza.

• Deve-se considerar o uso de máscaras para indivíduos que entrem em locais com muitas pessoas, tanto para proteger seu nariz e boca da tosse de outras pessoas, como para reduzir a probabilidade da pessoa que usa a máscara de tossir sobre os outros.

• O tempo que se passa em lugares lotados deve ser o mais breve possível.

• Deve-se considerar o uso de respiradores (máscara tipo N95) para indivíduos que não podem evitar o contato com uma pessoa infectada. Isto inclui indivíduos que tenham que cuidar de uma pessoa potencialmente contaminada com este vírus (por exemplo, um membro da família que está acometido de uma infecção respiratória aguda).

• Um estudo mostrou que quando existe uma pessoa infectada na família os outros membros da família podem cortar o risco de se infectar em 60% a 80% se usarem máscaras de forma adequada e contínua, desde que combinada às outras medidas preventivas como a lavação das mãos freqüente e evitar contato muito próximo com a pessoa doente. Considerando-se que uma pessoa pode estar contaminada e contagiando até 48 horas ANTES do início dos sintomas, é prudente pensar-se que podemos ter contato com uma pessoa potencialmente infectada e que ainda esteja se sentindo bem, em qualquer ambiente, público ou de trabalho. Como o contágio é por gotículas grandes de secreção, e estas são efetivamente bloqueadas por máscaras cirúrgicas comuns, este é mais um argumento a favor do uso contínuo da máscara em qualquer ambiente exceto ao ar livre desde que longe de outras pessoas. As máscaras sempre devem ser utilizadas junto às outras medidas preventivas, como a higiene freqüente das mãos e o isolamento social, de forma a auxiliar a reduzir o risco de contágio desta gripe durante a pandemia.

Uso de óculos de proteção para profissionais da saúde e cuidadores de pacientes confirmados ou suspeitos de estar com a gripe A H1N1 (faz parte do “EPI”, equipamento de proteção individual).
Como os ambientes devem ser arejados e ventilados, devemos alertar a Vigilância Sanitária em casos de ambientes que não estejam dentro das orientações de ventilação adequada, de acordo com a legislação vigente.

Pessoas que trabalham em ambientes potencialmente fechados por horas a fio, como motoristas e cobradores de ônibus, ascensoristas, bancários, funcionários de escritórios em geral, de aeroportos, rodoviárias e de shoppings e todos que viajam de avião (ver abaixo), deveriam usar máscaras cirúrgicas, trocando-as sempre que elas fiquem úmidas.

Há risco sim de contágio em aviões. Veja os links “é seguro viajar de avião durante pandemia?” e “gripe, aviões e combustível” para saber porque, potencialmente, existe risco de contágio durante voos.

Obrigar todos os aviões a permanecer em solo entre os vôos tempo suficiente para que a higienização de seus interiores seja feita de forma adequada, o que nem sempre ocorre. Aviões de longo percurso deveriam ter entre as medicações de primeiros socorros cápsulas de Tamiflú, caso alguém inicie febre alta com sintomas gripais associados durante o vôo. Todas as pessoas destes vôos devem ficar em quarentena ao chegar ao destino.

Deve haver orientação aos motoristas de ônibus para evitar superlotação e para manter as janelas abertas para haver ventilação permanente.

Disponibilizar máscaras cirúrgicas nas estações-tubo e com os cobradores de ônibus de linhas comuns para que estes distribuam-nas aos passageiros que queiram usá-las, caso seu uso compulsório não seja legalmente possível.
Ampliar a disponibilidade de informações ao público na forma de cartazes em todos os ônibus, nos seus pontos, em outdoors, shoppings, revistas, jornais, tvs e rádios.

Solicitar aos governos federal, estadual e municipal, isenção de impostos para compra de máscaras, álcool gel, termômetros, sabão e medicamentos usados para a prevenção e tratamento desta pandemia, tal como o oseltamivir ( “Tamiflú”, o qual deveria ser disponível em farmácias, para compra exclusivamente com receita médica). Isto se o governo tomar atitudes para disponibilizar medicamentos antivirais em quantidade suficiente, como já analisado em tópicos acima.
Orientar como se deve usar termômetros clínicos, de forma a que qualquer cidadão saiba utilizá-los em casa para medir a temperatura de pessoas suspeitas de estar com a gripe.

As autoridades devem ter mínimo bom senso na distribuição do Tamiflú a pacientes que possuem indicação e receita médica. Na rádio CBN ontem, dia 7 de agosto, divulgou-se um caso em Niterói em que o centro de saúde recusou-se a fornecer a medicação se não fosse a própria paciente pegar. Resultado: uma pessoa infectada foi, de ônibus, com máscara, até o centro de saúde. Passou mal na cidade, potencialmente contaminando pessoas saudáveis, simplesmente por questões burocráticas. Desrespeito à paciente, à população exposta desnecessariamente a uma pessoa infectada e ao médico que a atendeu porque duvidou-se que tenha dado receita a uma pessoa realmente doente. Um verdadeiro absurdo. Naturalmente que um familiar levando a receita médica pode pegar a medicação nos centros de distribuição. A “BUROCRACIA” necessária para se pegar a medicação deve ser divulgada extensamente e, claro, diminuir ao mínimo possível.

Procure manter uma vida saudável, reduzindo fatores que podem deprimir seu sistema imunológico, como o stress, a falta de sono, a ansiedade e a depressão. Mantenha uma alimentação balanceada. Não fume. Faça exercícios físicos regularmente (mas evite academias por enquanto (ou use máscara) e não faça exercícios extenuantes). Tenha uma atitude positiva diante da vida.

Analise que, como em tudo na vida, pode até haver um lado positivo nesta pandemia, guardando o devido respeito por aqueles que tiveram entes queridos falecidos por esta gripe: aproveite este tempo em que você terá de ficar mais tempo em casa com sua família para ter mais interação com todos eles... simplesmente curtir estar junto com seus filhos e esposa e fazer atividades familiares como “nos velhos tempos”... para quem tem filhos adolescentes, por exemplo, esta pandemia pode ser uma rara oportunidade de podermos conviver um pouco mais com eles: conversar, ver filmes ou TV juntos, jogar aqueles velhos jogos de mesa como Banco Imobiliário e outros...reacender a Unidade Familiar...quem sabe tivemos de precisar de um vírus para voltar a termos e sermos, novamente, “famílias” e não somente um monte de pessoas agregadas, muitas vezes que mal conhecemos apesar de sermos todos parentes, vivendo sob um mesmo teto...

Abraços e boa sorte a todos,

Dr. Paulo Maurício Piá de Andrade

CRM 8425-PR
paulo.pia@terra.com.br


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