Respiro fundo, sinto que Deus respira comigo meu sopro, e me lembro do Manual da Separação, página 15, onde se pode ler:
"Jesus gostava muito de festa, tanto, que certo dia Ele estava numa delas e acabou o vinho. Foi então que, por insistência de Maria, fez seu primeiro milagre público. Em verdade, um milagre divino: transformou água em vinho. E bebeu a noite inteira. Jesus adorava vinho. Gostava de festas e de mulheres. Não acumulou dinheiro, não tinha nenhum patrimônio, não tinha casa própria, nem uma esteira onde sofrer um ataque. Não usava cueca, não se casou, não constituiu família, nunca trabalhou... O Filho-da-Mãe era filho de Deus..."
Jesus falava através de parábolas — que em grego quer dizer “desvio do caminho”. Ele falava dessa forma por uma razão simples: era para não salvar todo mundo, mas só quem tivesse inteligência para compreendê-las. As parábolas de Jesus são ícones.
Ícones são signos produtores de informação.
(Mas essa é outra semiologia, sussura-me o Décio.)
O certo é que Jesus ouvia vozes — e as seguia.
Ele arriscava.
Um gênio sempre arrisca!
Os espíritos falam para todos — mas só o gênio consegue ouvi-los. Só os gênios e os loucos são capazes de lhes entender os códigos e traduzir-lhes as metáforas.
Jesus, o Louco, ousava — isso é inquestionável.
Se Jesus seguisse só os conselhos dos mais velhos; se seguisse só o que a tradição Lhe mandava, teria sido apenas mais um marceneirozinho medíocre na pobre e devastada Galiléia.