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Cartas-->Heitor de Paola: Análise de um Editorial -- 14/05/2009 - 13:22 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ANÁLISE DE UM EDITORIAL

www.heitordepaola.com

Esclarecimento aos meus leitores e amigos sobre as razões de minha saída do Farol da Democracia Representativa

INTRODUÇÃO

O Editorial do Farol da Democracia Representativa (FDR) do último dia 5 (O Farol da Democracia e UNOMÉRICA) - misteriosamente desaparecido do web site - me fez refletir sobre os novos rumos que aquela organização tomava. Digo misteriosamente porque clicando no seu link surge uma mensagem de erro: “ADODB. Field error `800a0bcd`. Either BOF or EOF is True, or the current record has been d. Requested operation requires a current record. /editorial_unico.asp, line 116”. Parece que apenas o conteúdo foi deletado. Teria um providencial invasor corrompido exclusivamente aquela página que fora duramente criticada por mim dias antes? Meus conhecimentos não chegam a tanto.

Dias antes, 28/04, descumprindo compromisso anterior com UNOAMÉRICA, o Presidente do FDR recusou-se a assinar o Manifesto à Nação Brasileira, que fundava o Capítulo Brasileiro desta Organização cuja única ONG original no Brasil até então era exatamente o FDR. O Editorial veio a esclarecer as razões para aquele gesto.

Li, perplexo, que depois de anos de pesquisas baseadas nas informações levantadas pelo Dr. Graça Wagner e pelas análises independentes de Olavo de Carvalho, Alejandro Peña Esclusa e Constantine Menges, e continuadas por uma pequena equipe à qual me orgulho de pertencer, que nada daquilo que sempre denunciáramos estava ali, mas sim uma peça de desinformação cujos conceitos coincidiam com as auto-definições do Foro de São Paulo e as explicações sobre o mesmo divulgadas pelo PT. Seguiam um dos padrões de desinformação mais usados: fraqueza e evolução: subestimar publicamente o poder revolucionário para aplacar os temores de seus adversários (O Eixo do Mal Latino-Americano e a Nova Ordem Mundial, É Realizações, SP, 2008, p. 61 para mais informações sobre o tema recomendo a leitura do Capítulo I deste livro de minha autoria).

ANÁLISE

(em itálico os trechos do editorial)

1. O objetivo deste organismo (FSP) deveria ser a recriação da IIIª Internacional nas Américas. Na verdade, a finalidade do empreendimento era proporcionar uma abertura ao isolamento político e econômico de Cuba e um suporte internacional à sua sobrevivência. Em contrapartida, daria projeção ao PT e ao projeto internacionalista de Lula.

Os objetivos do FSP eram mais modestos, não obstante, mais factíveis: recriar na América Latina o que havia sido perdido na Europa do Leste, estando mais para a OLAS (Organización Latino Americana de Solidaridad) dos anos 60 do que para a III Internacional. É correto dizer que servia para proporcionar abertura a Cuba, mas qual “o projeto internacionalista de Lula”? Esta é uma frase vazia que substitui: “projeto revolucionário de Fidel Castro de fazer avançar o comunismo no Continente”.

2. “[O] denominado Foro de São Paulo, não se constituiu efetivamente como uma internacional”, pois suas declarações e recomendações nunca foram mandatórias. Permaneceu sempre um “fórum” de debates e de promoção das novas personalidades “socialistas”” e carismáticas surgidas no cenário da América Latina, particularmente de Lula, Chávez, Morales e mais recentemente Correa, no Equador...

Isto é exatamente o que dizem os próceres do FSP de sua organização, enquanto as recomendações mandatórias – sim! - foram conquistando governos até atingirem, hoje, 15 países do Continente que seguem estritamente a orientação mandatória do FSP. Colocar socialistas entre aspas seria correto se acrescentasse: na verdade, comunistas. Mas o que se segue é justo o oposto, são personalidades carismáticas. Ora, carismáticos foram John Kennedy, Ronald Reagan, João Paulo II, Charles De Gaulle e muitos outros e nada explica, pelo contrário, esconde a ideologia dos dirigentes do FSP.

3. "(...) o FSP parece não ter se estruturado para adquirir o poder ou a capacidade de promover a Revolução Proletária no Continente, mas tão somente reforçar o prestígio interno dos caudilhos populistas.

Esta frase exige vários comentários:

A - Desde Gramsci não se fala mais na tal Revolução Proletária, pois ele demonstrou que esta revolução é uma impossibilidade. Afirmação surpreendente esta, pois em todos os eventos e publicações anteriores do FDR, sempre foi enfatizado que se trata de uma revolução cultural, que parte dos intelectuais e eventualmente pode ou não envolver a classe operária.

B - Chamar os atuais dirigentes eleitos pelo FSP de “caudilhos populistas” é compará-los a Vargas, Perón, Somoza, Stroessner e outros, entre os quais o único que usava a palavra sem seu título oficial, Francisco Franco: Generalíssimo y Caudillo de España por La Gracia de Diós. Nenhum deles foi revolucionário, pelo contrário, foram anti-revolucionários. Inegavelmente ditadores, mas não da mesma estirpe dos comunistas.

C - Disfarçar-se de “populista” é a mais velha tática comunista nos países que tiveram, ou têm, presidentes populistas, como os caudilhos acima. Colocam-se assim no mesmo nível e Chávez, p. ex., é a mesma coisa que Perez Jiménez, ou Fidel é igual a Batista, apenas trocar seis por meia dúzia. É inadmissível que depois de mais de dois anos de estudos o FDR publique isto oficialmente.

4. É importante notar que nenhum destes líderes socialistas pertence a um partido comunista marxista-leninista. Todos têm um discurso progressista confuso, na melhor interpretação, não mais do que identificado com um socialismo heterodoxo ou com um socialismo criollo. O Chávez introduz o seu socialismo bolivariano, invenção particular e caudilhesca, deturpando o conteúdo histórico de Simon Bolívar Morales, fiel às origens, se acomoda com o seu socialismo cocaleiro. Lula defende sua permanência no poder com o socialismo da bolsa esmola, populista. Cada um à sua moda, aproveitando-se da ilusão do sonho socialista, vai se arranjando para se perenizar no poder.

Esta negação do caráter revolucionário e da estratégia comum que une a aparente mixórdia ideológica das esquerdas é de dar imensa satisfação a Marco Aurélio Garcia, que anunciou alto e bom som: “Primeiramente temos de dar a impressão de que somos democratas. No início teremos que aceitar certas coisas. Mas isto não durará muito tempo”. Ou a Chávez: “O gradualismo é uma estratégia necessária dos governantes esquerdistas para se fazerem aceitar aos poucos, sem causar rechaço na população...”. Todos os movimentos comunistas no passado, apesar da aparência de uma estrutura monolítica, sempre foram assim. Bem, até tomarem o poder! Criollo, cocalero, bolsa esmola ou nacionalista de fachada como Lugo e Corrêa, são táticas locais de uma mesma e única estratégia. Mais uma vez um padrão de desinformação: “[criar] pretensas lutas internas pelo poder e criar movimentos falsamente dissidentes” (op. cit.) para iludir os inimigos.

5. O FSP se torna um ambiente como um clube de solidariedade entre comparsas, que se ajudam para que a eventual queda de um não atrapalhe a vida do outro.

Sem comentários.

Finalmente,

6. Ainda que as ameaças internas dos diferentes países sejam de natureza semelhante (misto de caudilhismo, populismo e socialismo criollo), as condições internas e culturais de cada um são muito diferentes. Nossa convicção é que a reação democrática em cada país, pelas suas singularidades individuais, é uma responsabilidade cívica de setores nacionais. A reversão, portanto, do problema de cada país deverá ser específica e nacional.

Além de reiterar que as ameaças semelhantes são um misto de caudilhismo, populismo e socialismo criollo, passando ao largo do processo revolucionário em curso, apenas em etapas diferentes em cada país, o restante do parágrafo mostra uma guinada totalmente inaceitável em direção a um nacionalismo xenófobo, isolacionista e arrogante em relação aos demais países do Continente. É um retorno à velha idéia de que somos diferentes, superiores, a maior potência da América Latina. Lamentavelmente quando até organizações como o FDR mostram desconhecer a ameaça – ou a negam – em breve todas aquelas afirmações estarão no passado, pois já estamos cercados por todos os lados por nações indígenas, quilombolas e países sob o tacão do FSP e internamente, por um processo revolucionário que se torna cada vez mais irreversível.

Assim sendo, nada mais me restava senão sair. Estes os esclarecimentos reais. Espero ter desfeito algumas idéias como “problemas pessoais”, “divergências que poderiam ser superadas internamente”, etc.

HEITOR DE PAOLA

Rio de janeiro, 13 de maio de 2009


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