Rodrigo,
comungo com você a definição - desconsideradas as raras exceções - o escritor é, sim, um tímido da comunicação oral.
E mais, com observância ao horário quando postadas as mensagens, concluí que são, os escritores, irremediavelmente, insones.
Afastam-se do computador muito tarde e para ele voltam bem cedo.
Diria, então, são todos -ou quase- tímidos insones.
Cedo, a emoção, distraída,
na caneta, de saída,
flui com volteios mansinhos
e nos despe aos pouquinhos.
A boca, maior orifício,
desnuda, enquanto veículo,
a emoção que, em amplo espaço,
tropeça nos próprios laços.
Assim, prefiro escrever,
uma vez que o leitor,
tão discreto esse ser,
oculta-se atrás dos livros,
quando, disposto a ler.
Dificulta-me falar,
tendo logo e bem à frente,
olhos que fitam a gente,
ansiosos, aguardando
os dizeres indulgentes.
Falando, faço-me breve,
escrevendo, mais eu me estendo...
O som esvai-se ao vento,
mas, as letras no papel,
seguras, vencem o tempo.
maria da graça almeida
Escrevi quando usava
caneta,lápis, batom,
o que, na hora, à mão...
Bons tempos de tempo sumido!
abraço,
maria da graça
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