S. tem quase tudo que admiro numa mulher, mas não consigo entender a sua maneira de pensar: ela é fatalista, acha que o pobre veio ao mundo para sofrer e o rico para gozar.
Não entende que o sofrimento do pobre é provocado pela concentração da riqueza nas mãos de uma minoria.
Não entende que quando um acionista ganha dinheiro na bolsa preocupado apenas com o rendimento, não se importando se a empresa na qual aplica o seu dinheiro está fabricando armas ou produzindo algum produto prejudicial à saúde ou ao meio ambiente. Sem se importar se a empresa está utilizando mão de obra infantil ou se o administrador daquela empresa está obrigando os trabalhadores a trabalharem cada vez mais ganhando cada vez menos porque senão é ele, o administrador, quem perde o emprego.
Este acionista está cooperando para aumentar a pobreza, que aumenta a desigualdade, que aumenta a criminalidade.
Não entende que para haver menos desigualdade e menos sofrimento é necessário que os pobres se conscientizem e se organizem para reivindicar, como estão fazendo os “Sem Terra” que ela tanto critica.
Precisamos apoiar esses movimentos, pois só com a desconcentração da riqueza vamos ter menos violência nas ruas.
Não é com esmolas e com campanhas de solidariedade que vamos resolver o problema da pobreza. É com reivindicação e luta, apoiando aqueles que defendem os interesses da maioria da população e não o das elites.
O governo vai liberar 125 milhões de reais para recuperar os estragos causados pelas últimas chuvas que deixou milhares de desabrigados em Pernambuco, enquanto doou um bilhão e meio de reais para que dois banqueiros continuassem a levar uma vida luxuosa.
Por que o governo não proíbe as igrejas de extorquir dinheiro dos fiéis, através de lavagem cerebral, no lugar de querer punir o MST por receber contribuições sobre os financiamentos conseguidos do governo pelos associados? Financiamentos conseguidos graças à pressão do próprio MST.
È contra isso que temos que lutar e não ficar de braços cruzados agradecendo as migalhas enviadas pelos governantes, aceitando tudo passivamente achando que tudo acontece devido a uma vontade divina.
Afinal não estamos exigindo nada demais, apenas a parte que nos cabe da riqueza produzida com o nosso trabalho.