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cronicas-->Lacerda , O homem que eu desejaria ter conhecido -- 16/06/2001 - 19:12 () Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

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Meu pai se referia a ele de modo especial e como sempre admirei as pessoas carismáticas interessei-me por sua figura a um tempo impressionante e questionável. Não conseguia deixar de escutar quando nos serões ouvia alusão a esse homem tão especial que foi o líder dos anos 50. Comecei a estudá-lo profundamente e procurar nas pessoas que tinham convivido em sua época e que eram conscientes, dados sobre sua atuação.
Sentia que ele era amado com a mesmo intensidade como era odiado. Meu pai o amava e fora até amigo dele e meu avó o odiava. E entre os dois pólos eu me perdia em divagações. Em divagações e encantamento pela sua personalidade que eu vislumbrava fascinante.
Nascera em 1914 em vassouras no rio de Janeiro. Em 1947 foi vereador e fundou o vespertino "Tribuna da Imprensa". No governo de Getúlio Vargas em 1950 foi seu opositor ferrenho e em 05 de agosto de 1954 sofreu um atentado que ficou famoso na história, por pessoas ligadas à Presidência da República onde morreu o Major Vaz. Esse fato desencadeou uma crise que culminou com o suicídio do Presidente Getúlio Vargas em 1954. Foi deputado também no ano de 1954 e governador do ex-estado da Guanabara em 1960. Embora tenha tido uma liderança muito especial na revolução de 1964 acabou sendo cassado em 1968 e passou a viver de do jornalismo e de suas atividade de empresário.
Quando morou nos Estados Unidos, Unidos, tivera uma coluna em "O Globo" e usava esta para atacar Juscelino Kubitschek culpando os jornalistas americanos, pela inadequada cobertura da situação do Brasil. Era polêmico por natureza e só se sentia bem assim.
Não pretendo fazer uma biografia e nem tenho ainda elementos para isso. O que quero é passar um pouco dessa extraordinária personalidade. Seu espírito combativo, acirrado e em certas ocasiões violento foi o que o tornou um líder que se impunha onde quer que chegasse.
Fazendo uma comparação entre nossos políticos atuais e um tempo que infelizmente não pude presenciar, tenho uma profunda tristeza de que hoje não haja homens públicos que se destaquem pela sua coragem e desprendimento.
É certo que Lacerda tinha defeitos que o tornaram depois um estadista questionado como governador do antigo Estado da Guanabara. Mas enquanto líder ele conseguiu coisas tão impressionantes que hoje jamais político nenhum conseguiria. E usando apenas o dom de sua palavra fácil, eloquente refletindo brilhantismo e fortaleza em sua extraordinária vibração. Lacerda realmente foi uma figura de outros tempos quando o Brasil ainda não estava tão infeliz e carente, tão sofrido e desesperançado e quando ainda não havia tanta dor e a miséria não imperava.
Nada temia e seu espírito belicoso o fazia esse personagem, líder por estrutura e cuja inteligência deslumbrava até aos próprios inimigos. Não vou dizer que ele era um Santo. Muito pelo contrário. Mas existia! Lutava pelos seus ideais! Fazia-se amar ou odiar! Não arrefecia diante dos obstáculos e dava uma satisfação á sociedade com sua palavra fácil e capaz de convencer o mais descrente cidadão.
É isso que eu sonho no país de hoje. Isso que nas minhas digressões cívicas, procuro encontrar nos meus contemporàneos políticos. Isso que me faz pensar que ainda teria jeito um país que tivesse entre seus membros um carismático que pelos menos nos ensinasse a ter esperanças e força para lutar pela verdadeira cidadania.
Mas nada vislumbro além de sombras que se projetam tão escuras que não deixam a luz penetrar. O Brasil tem jeito, é claro e eu confio nisso. Mas para isso precisamos de alguém que fosse o maravilhoso guru da palavra que sacudisse nesse momento de desestímulo a todos nós num momento de opressão e tristeza e em que até a verdadeira luz física nos ameaça se omitir nessa luta de interesses contraditórios.
Carlos Lacerda, o homem que eu gostaria de ter conhecido, falado, olhado, compreendido mesmo sabendo que ele tinha também interesses e egoísmos como qualquer outro, mas que nos trazia no momento certo a luminosidade e o sol que haveria de nos revigorar para a luta em prol de um país pelo menos mais vibrante em seus gritos de entusiasmo e de ideais.
Sim, Ele, o inteligente mágico da palavra que empolgou a tantos antepassados, eu gostaria de ter conhecido....
Vània Moreira Diniz

Fonte Bibliográfica-Larousse Cultural
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