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Poesias-->Angústia -- 14/12/2001 - 11:29 (Alan Carlos Dias) |
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Angústia.
Nada vivi
Mas as rugas da idade
Já me consomem
num processo de mutação corpórea
Minha metamorfose humana
completa o ciclo da vida
de uma infância sofrida
adolescência perdida
e juventude roubada.
O peso dos anos
me desfiguram as faces,
antes jovens,
agora, enruguecidas,
me desolo em frente do espelho.
Nada vivi
E as minhas lembranças
juvenis são tão pequenas
que num leve pensar, momentos,
diante de mim.
todas passam.
Os calos em minhas mãos
desfiguraram a inocência
por causa da sobrevivência
tive que me tornar operário.
Enquanto os da minha idade
pelas valas d’água corriam
vivendo despreocupados
minha barriga roncava
e minhas lágrimas desciam.
Nada vivi
E meus dias
a cada dia regridem
e tantos sonhos
ainda estão em construção.
O que fazer para parar este tempo
mórbido, ingrato
que me tira a juventude
e me aproxima da morte?
Não que envelhecer seja furtil
é que não vivi as pompas da vida
Não conheci ombros fortes
e ninguém chamei de pai.
Em sendo assim,
metamorfose é castigo
observo entristecido
que minha história foi negada
sou um livro velho
com as principais
páginas rasgadas.
Alcarias.
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