Usina de Letras
Usina de Letras
276 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62176 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50580)

Humor (20028)

Infantil (5424)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6183)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->A dúvida da certeza ou a certeza da dúvida? por Lucas.G.Jr. -- 29/10/2003 - 18:35 (Linda Cidade) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A dúvida da certeza ou a certeza da dúvida?

Lucas Gonzaga Jr.



Nosso processo de aprendizagem se inicia a partir do momento em que nascemos, continuando por toda a vida, atravessando as mais variadas formas e características. Entretanto, apesar dos vários fatores particulares envolvidos (como o meio social, as condições e estímulos do ambiente, predisposições genéticas e muitos outros), todos nós assimilamos certas posturas que irão ser determinantes para criar comportamentos importantes em na nossa vida adulta.

A maior parte destas posturas estão ligadas ao processo educacional, à maneira com somos apresentados ao mundo à nossa volta, seja na escola ou no ambiente familiar. Trataremos aqui de um dos aspectos deste processo educacional, que tem uma grande influência em nossas atitudes, especialmente para aqueles que buscam incrementar sua performance profissional através de novos conhecimentos e busca de respostas.



Quais as crianças que são consideradas como melhores alunos da turma na escola? São aquelas que sabem a resposta certa, que as leva a obter as melhores notas. São mais valorizadas pelos professores, citadas como exemplos e sempre passam, de alguma forma, a ser um modelo que deve ser seguido por todos. E o que acontece com aquelas que tentam responder e erram mais? Bem, estas recebem um retorno do professor que fará com que elas se sintam menos capacitadas ou até inferiorizadas. Estefeedback negativo usualmente não acontece por meio de ações diretas para "rebaixar" aquele que erra. É um ato sutil, implícito no tom de voz, num olhar, na própria linguagem corporal do professor, que muitas vezes o faz de forma inconsciente. E como se sente o aluno que não diz nada, que não se arriscou em uma resposta? Provavelmente menos mal, pois pelo menos ele não errou, optando por uma confortável neutralidade.



No ambiente familiar a situação não é muito diferente, onde esta valorização da certeza pode ser claramente notada no comportamento dos pais ao comparar irmãos ou ainda comparar seus filhos aos filhos de amigos e parentes. A postura para a qual chamamos a atenção continua transparente, onde aquele que sabe a resposta "certa", que não retorna com o tímido "não sei", recebe sinais nítidos de valorização no processo de comparação com o outro. A mensagem a ser assimilada pela criança é muito simples: a resposta certa, aquela esperada por quem perguntou, garante-lhe maior reconhecimento e, muitas vezes, benefícios adicionais.



Olhando a situação de outro ponto de vista, do lado dos educadores e pais, podemos observar que os professores dificilmente respondem a seus alunos "não sei", mesmo que para isso tenham que improvisar, e até mesmo dizer algo errado ou impreciso. Na situação dos pais, esta questão fica ainda mais inquestionável, pois, afinal de contas, os pais são aqueles que devem ter respostas sempre prontas. Caso contrário, acham que correm o risco de perder a autoridade ou até o respeito dos filhos, ou ainda se sentem pais pouco eficientes, não cumpridores de seus deveres.



Agora, vamos pensar um pouco na situação decorrente deste processo. Pessoas educadas, na escola e no lar, dentro de um ambiente de extrema valorização do saber absoluto, da resposta certa e hoje inseridas em um mercado de trabalho onde quase tudo pode se tornar relativo, onde a resposta certa se torna uma variável do tempo, podendo ser a resposta errada no momento seguinte. Não precisamos de muita imaginação para concluir o que acontece, pois todos nós estamos constantemente vivenciando esta situação. Temos dificuldade em lidar com as dúvidas e logo avaliamos que isto é um problema nosso, de insegurança, falta de confiança etc.



A questão, muito mais complexa é a seguinte: quem nos ensinou a lidar com a dúvida? Quem nos mostrou que a dúvida é parte de um processo de crescimento e que, até certo nível, é um elemento saudável para nosso desenvolvimento? Quem nos disse que aquele colega que parece ter resposta para tudo pode ser apenas um indivíduo que consegue lidar melhor com a própria incerteza? Quem nos fez perceber que aquele que diz ter a resposta tem apenas uma resposta parcial? Quem nos disse que a dúvida pode ser o início da construção de um horizonte totalmente novo?



Infelizmente não fomos, quando ainda em formação, adequadamente preparados para lidar com a dúvida e esta é uma das principais causas da angústia presente no dia-a-dia de todos que buscam crescer, tanto no campo profissional como nas questões pessoais. O ambiente nos enche de incertezas ao mesmo tempo em que as empresas, clientes, parceiros e familiares nos cobram respostas. O ponto de partida para atenuar essa situação pode ser a consciência de que nossas dificuldades com a "dúvida" não ocorrem por simples falta de competência, mas principalmente porque é extremamente difícil lidar com uma situação para a qual nunca fomos bem orientados.



Atualmente podemos observar diferentes posturas das empresas perante as complexas dúvidas impostas pelo ambiente. Algumas apenas reproduzem modelos ou comportamentos "herdados" do passado, enquanto outras consolidam mudanças que minimizam as dificuldades em lidar com as incertezas e utilizam essas mesmas incertezas como um importante elemento de crescimento. Podemos encontrar exemplos de profissionais e organizações que aprenderam a transformar a diversidade de cenários e questões em um consistente elemento gerador de novas conquistas.



Já em relação ao profissional de Recursos Humanos, esse se encontra com grande freqüência numa posição delicada, pois tanto a direção da empresa como seus colaboradores esperam da área de Recursos Humanos certezas que possam reduzir a ansiedade gerada pelo ambiente. Um importante passo em busca de uma redução dessa ansiedade pode estar na percepção de que fórmulas ou receitas prontas que tanto tranqüilizam as pessoas no primeiro momento, acabam usualmente se transformando em frustrações e gerando problemas ainda maiores. Somente os profissionais de Recursos Humanos capazes de entender e trabalhar alinhados com a cultura da organização na qual estão inseridos poderão realmente agregar valor a ela de forma consistente e produtiva.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui