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Artigos-->Assessoria de Peso -- 29/10/2003 - 12:08 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


ASSESSORIA DE PESO

(por Domingos Oliveira Medeiros)



No Brasil, o presidente sempre governou com o apoio de gente muito poderosa e bastante competente. Houve época, e não faz muito tempo, que até Deus, de tanto ajudar este país, recebeu nacionalidade dupla e passou a ser, também, brasileiro. Época em que éramos reconhecidos no mundo inteiro como os melhores jogadores de futebol. Chegamos, inclusive, ao tetracampeonato mundial. Tínhamos os melhores jogadores do mundo, basta citar, apenas, como lembrança, o Rei Pelé, o Garrincha, o próprio Zagalo, e até há pouco o Ronaldinho, que ainda continuava tratando do seu joelho. Mas, parece que já ficou curado pois fez um sucesso relativo na conquista daquele pentacampeonato, onde as melhores seleções foram para casa antes do tempo.



Tivemos, ainda, uma época de ouro, na fase da Bossa Nova, onde poetas como Vinícius de Morais e tantos outros compunham belas músicas que soavam pelo mundo inteiro, inclusive no país do Tio Sam. Mas (sempre tem um mas) o tempo foi passando, os políticos foram envelhecendo, o povo também, e todos começaram a esquecer das coisas. Esquecemos de jogar futebol, o Ronaldinho melhorou um pouco, mas ainda sente o joelho. O Guga, com problemas na virilha, já foi operado, mas já disse que está bem, apesar de cair do primeiro para os trigésimo classificado entre os melhores tenistas. E o nosso presidente continuou com os eternos problemas de esquecimento.



Mas, como seguro morreu de velho, o jeito foi apelar para nosso assessor maior, Deus. Que de tanto ajudar, e não ver resultado positivo, passou a bola para São Pedro, que logo foi nomeado pelo presidente como o seu principal assessor para assuntos meteorológicos diversos.



Estávamos na época das secas. De quebra de safras, de aumento de preços, de aumento da inflação, da fome no nordeste e parte do chamado polígono das secas, que inclui um pedaço de Minas Gerais, até que, finalmente, chegamos ao fantasma do apagão.



O presidente tinha esquecido de investir no setor energético. Mas, pela graça divina, São Pedro chegou e com ele vieram as chuvas. E o fantasma do apagão, depois de causar tanto prejuízo à população, e tanto lucro as empresas distribuidoras, passou a assustar menos. Muita água, muita geração de energia. Aí vieram as quedas de barreiras. Na região serrana do Rio de Janeiro, na Região Sul, Minas Gerais, e assim por diante. Milhares de desabrigados. Alguns óbitos. E o governo sempre dando a desculpa do mau tempo.



No Brasil inteiro, as estradas ficaram intransitáveis. Culpa das chuvas, que tanto serviram para diminuir o sofrimento do apagão. Desgraça pouca é bobagem. E a chuva continuou. Encheu pneus, garrafas e cisternas descobertas. Vieram os mosquitos da dengue. De repente, em todo o território nacional, a doença reaparece. Nunca vi mosquitos tão organizados. Suspeita-se, até, de que eles estejam utilizando telefones celulares, pré-pagos, tal a eficácia da operação “dengue”. O grupo agora tem três representantes: o tipo A, o B e o C, este o mais feroz de todos. A dengue hemorrágica.



E aí começou o jogo de empurra. O governo federal responsabilizou, mais uma vez, os municípios de não terem agido preventivamente durante todo o ano passado. Só que o governo, mais uma vez, esqueceu que a SUCAM fora extinta. Justamente a Superintendência que tratava de campanhas de saúde pública. E, como é comum nestas ocasiões, recomeçaram as trocas de farpas.



O governador do Rio acusou o governo federal de ter demitido mais de mil funcionários, que cuidavam dos equipamentos para eliminar os focos da doença. O Ministério da Saúde, em tom de réplica, acusou o governo do Rio de usar o dinheiro reservado para o combate às epidemias para contratar novos funcionários.



De repente, acontece um blecaute na rede elétrica que deixou parte do país às escuras. Lembram-se? . Toda a assessoria em busca das causas. Ninguém sabia de nada. Nem eu sabia que tinha tanta gente cuidando da energia. Finalmente, descobriram tudo: um parafuso. Um parafuso mal colocado. Que acabou derrubando o terceiro cabo. Já que o segundo caíra por falta de manutenção.



E o primeiro? Bem, o primeiro foi aquele que a Teresa pôs a mão, quer dizer, é caso para ser entregue na mão da engenharia elétrica que apresentará suas teses. Talvez em cadeia de rádio e televisão. Isto, é bem verdade, se não faltar energia no dia em que a cadeia for ao ar, novamente, para explicar não só a questão do parafuso, mas anunciar, com pompa, a inauguração de uma “nova era” no campo energético brasileiro, com a construção de, sei lá, trinta e tantas usinas hidroelétricas.



Para quando? Para muito breve, é claro. A menos que algum outro parafuso na cabeça de alguém, lembre que este governo está quase terminando, e que será melhor esquecer tudo, posto que, como eles dizem, a construção de hidroelétricas implica projetos de “longa maturação”, de longo prazo.



Por falar em parafuso, as eleições estão de volta. E parece que a candidatura do Serra entrou em parafuso. Nas ruas só se fala nisso. Foi desse jeito que começou a cair a candidatura da Roseana. Apareceu um dinheirinho no escritório da candidata. E daí? Mas o problema não é esse. O problema é que não se podia falar do assunto. Era segredo de Justiça. Depois, o segredo passou à condição de perseguição política.



Depois vieram as explicações: o dinheiro era para pagar os operários. Depois não era mais. Depois era o sinal pela compra de uns chalés. Depois não era mais. Depois o marido disse que era para ajudar na campanha da esposa. Pediu desculpas e pronto. Tudo ficou resolvido. E quem deu o dinheiro? É segredo. Vamos esquecer tudo isso. Afinal, é bom guardar nossas energias para novas surpresas. A era dos dossiês começou. Muita coisa irá surgir. Muita água vai rolar por debaixo das pontes. Bom para o presidente. Bom para o mosquito da dengue. Ruim para a gente.



A nós, eternos colecionadores de roupas sujas e de segredos e esquecimentos, só nos resta, mesmo, é fazer valer a fama de que brasileiro tem pouca memória: melhor é esquecer tudo. Voltar a ler os jornais e acompanhar as novelas que passam na televisão. E, também, as novelas que se renovam em todos os lugares. Que descem pela rampa do Palácio da Alvorada, passam pelos salões da Câmara e do Senado, até atingir ministérios, autarquias, superintendências, tribunais, autoridades diversas e até estados paupérrimos da Federação. Novelas que de tão bem feitas confundem a ficção com a realidade.



A propósito, já estou atrasado para acompanhar a novela da falta de segurança, da violência e do crime organizado. É uma novela longa. Já dura anos. Há, inclusive, projetos a respeito, que tramitam no Senado, a quem caberá definir o seu final. Até às próximas eleições. Se até lá ainda sobrar candidato. E se não chover, é claro!



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