Tinha somente vinte e sete anos. Casado, pai de dois filhotes.
Passou a terminar o estudo, já adulto, por incentivo da mulher, professora primária.
Maurício sentia-se bem no colégio. Terminava o oitavo período do Ensino supletivo para adultos. Era aluno-representante e já havia programado, com a classe, sua festa de formatura para hoje, sexta-feira. Estava radiante.
“- Vou fazer Letras, fessora, quero ser professor de português!" – dizia ele para Penha, sua professora de língua portuguesa...
Ao chegar à escola, porém, o que encontrei foi bem diferente de uma “festa”. Estava um ambiente de “sexta-feira da paixão”.
Maurício havia morrido, ontem à noite, durante um jogo de futebol, acometido de um enfarte fulminante.
Foram-se os sonhos. Foi-se o entusiasmo. Acabou-se a alegria que Maurício esbanjava pelos corredores, sempre ajudando no que fosse preciso: trocar as lâmpadas, ajeitar ventiladores... Tudo! E via-se em seu semblente a satisfação de poder ser útil. Nada havia no ambiente, com mau funcionamento, que ele não se oferecesse para fazer. Os olhos brilhavam; sentia-se em seu verdadeiro lar!
E eu penso em alguns seres “humanóides” que por aqui persistem e não merecem nem o oxigênio que consomem.
É a vida.
Milazul
|