Imigrantes Italianos: Brava e Buona Gente!!!
Em meados do século XIX, numa Itália em crise, muitos italianos, são atraídos por promessas de vida melhor, em terras distantes dali- na América, no Brasil. A vida naquele país era pintada com cores muito bonitas e devia, portanto, ser uma terra bastante promissora. Lá, diziam os anúncios, as terras são férteis, o clima favorável, e excelentes as perspectivas para o futuro.
E a esperança de vencer, de ‘fazer capital’, moveu aquela gente. Partiram então, com promessas de que teriam toda a assistência necessária até tomarem posse das terras que receberiam naquele país. Logo se tornariam proprietários, diziam os propagadores das notícias, era só trabalhar.
Mas, já durante a viagem foram percebendo uma realidade diferente da que fora apregoada para convence-los a partir. Os navios, ditos confortáveis e que proporcionariam uma viagem agradável e tranqüila, se apresentaram bem diferentes. Viajavam com super lotação, sem as mínimas condições de conforto e higiene, onde se viam submetidos a todo tipo de sofrimento. As doenças eram freqüentes e muitos viveram dias de pânico quando a peste se espalhou devido às más condições dos navios. Além do medo de adoecer e morrer, assistiam impotentes a morte de seus familiares e companheiros. Os que morriam eram jogados ao mar, e assim, à dor da perda se juntava o sofrimento por terem de abandonar aquelas pessoas queridas.
A realidade que os recebeu aqui, não foi nem parecida com aquela que esperavam. Quando atracaram no Brasil, mal alimentados, mal vestidos, muitos doentes, extenuados pela viagem tão longa e tão sofrida, foram ainda submetidos a especuladores inescrupulosos, que não hesitaram em extorquir-lhes o que puderam em troca de alimentação ou qualquer outro auxílio tão necessário naquele momento. Em meio ao cansaço da viagem, à frustração da chegada e à nostalgia pelo que ficou pra trás, viram suas expectativas desmoronarem e o desânimo apareceu, querendo tomar conta daquelas pessoas. Sentindo-se enganados e desamparados, alguns retornaram ao seu país tão logo puderam. Trsite chi è rimasto, triste chi è ritornato.
Diante de tantas adversidades e acontecimentos desalojadores, era preciso que algo os animasse e os motivasse a seguir em frente. E, como nos mostra a história, assim aconteceu. Questa brava e buona gente conseguiu se motivar e transpor os momentos difíceis, através da mobilização de suas armas internas mais poderosas e valiosas. Em sua bagagem íntima trouxeram consigo elementos preciosos de sobrevivência – o sentido de honra, dignidade e laboriosidade, e o orgulho por sua origem. E foram tais elementos que os motivaram, que garantiram sua auto-afirmação e os ajudaram a manter a auto-estima elevada, impulsionando-os à luta e indicando-lhe o caminho da fé.
Esses imigrantes, portadores de habilidades e tradições culturais tão distintas, reagiram às adversidades, formulando suas próprias estratégias de sobrevivência. Construíram o seu mundo cultural – um prolongamento da Itália, com língua, costumes, trajes, comida, religiosidade e diversões. Formaram grupos muito coesos que os diferenciavam dos demais por suas crenças, valores, normas e tradições. Eram esses grupos que os mantinham unidos e contribuíam para que se sentissem acolhidos, protegidos e mais fortes. E assim lutaram em torno de reivindicações por um tratamento digno e pelo respeito aos seus direitos básicos. Lutaram pelo sentido de honra, em defesa de sua dignidade, assegurando o respeito que mereciam como cidadãos livres e trabalhadores.
Foram então, aos poucos e com muita determinação, superando os percalços encontrados pelo caminho. Integraram-se à vida da nova terra, incorporando hábitos culturais e valores, sem no entanto deixar de lado os laços que os prendiam às suas origens, das quais tanto se envaideciam. Com seu trabalho incansável foram ficando economicamente mais bem-sucedidos e começaram a fazer parte da sociedade, destacando-se nos mais diversos segmentos, tornando-se assim parte da história desse Brasil que --conquistaram e ajudaram a construir e engrandecer.
A história desses colonizadores é escrita com páginas de sofrimento, de muita luta e trabalho, e também com páginas de fé, de sonho, de aventura e de muita esperança.
É uma história de conquistas e vitórias bem merecidas, que tanto orgulho proporciona a seus descendentes que aqui vivem e usufruem do legado por eles deixado.
(Autora: Teresinha Basso – aluna do CCIBDA- Centro Cultural Ítalo-Brasileiro Dante Alighieri,- descendente de imigrantes italianos do R. G. do Sul).
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