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Artigos-->Fragrância Feminina na Poesia - Gilka Machado -- 01/08/2001 - 18:02 (Fernanda Guimarães) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Semanalmente, estaremos publicando pequenos artigos que visam mostrar um pouco da escrita poética feminina no cenário nacional e mundial.

Pretendemos, tão somente, falar da emoção de nossas descobertas literárias ao nos depararmos com a vasta produção feminina na construção de uma identidade poética.

É antes de tudo, uma gota de perfume que permitirá ao leitor curioso, buscar outras essências, a partir da publicação destes textos.







Gilka Machado

Só muito tarde conheci a poesia de Gilka Machado. Ela me veio numa tarde de domingo através das mãos de um companheiro de lista literária. Inevitável encanto que tomou conta dos meus olhos.

Gilka da Costa Melo Machado nasceu a 12 de março de 1893, no Rio de Janeiro.

Considerando-se a época e o contexto histórico-social em que viveu, havia nas composições de Gilka Machado uma audácia que desafiava os preceitos e a conduta moral do seu tempo.

“Gilka Machado, como poucas poetisas de sua época, fez da liberdade de expressão uma forma de libertar-se e de libertar a mulher, pela consciência erótica impressa, ousadamente, no verso. Revisitá-la, hoje, torna-se imprescindível, se quisermos investigar as limitações e avanços do tema do erotismo na produção literária de autoria feminina, bem como reconstruir a caminhada da mulher, na luta pela emancipação”.(Angélica Soares in “O Erotismo Poético de Gilka Machado: um marco na libertação da Mulher – Revista Mulheres e Literatura)”.

Publicações: Cristais Partidos, Revelação dos Perfumes, Estados de Alma, Mulher Nua, Meu Glorioso Pecado, Carne e Alma, Sublimação, Velha Poesia e Meu Rosto.

Alguns anos antes de falecer (aos 87 anos), a partir de uma seleção pessoal dos livros: Cristais Partidos, Estados de Alma, Mulher Nua, Meu Gloriosos Pecado e Velha Poesia, publicou Gilka Machado – Poesias Completas



Um pouco da poesia de Gilka Machado:





SAUDADES



De quem é esta saudade

que meus silêncios invade,

que de tão longe me vem?



De quem é esta saudade,

de quem?



Aquelas mãos só carícias,

Aqueles olhos de apelo,

aqueles lábios-desejo...



E estes dedos engelhados,

e este olhar de vã procura,

e esta boca sem um beijo...



De quem é esta saudade

que sinto quando me vejo



(in Velha poesia, 1965)





PARTICULARIDADES 1



Na plena solidão de um amplo descampado,

penso em ti e que tu pensas em mim suponho;

tenho toda afeição de um arbusto isolado,

abstrato o olhar, entregue à delícia de um sonho.



O Vento, sob o céu de brumas carregado,

passa, ora langoroso, ora forte, medonho!

e tanto penso em ti, ó meu ausente amado!

que te sinto no Vento e a ele, feliz, me exponho.



Com carícias brutais e com carícias mansas,

cuido que tu me vens, julgo-me toda nua...

– sou árvore a oscilar, meus cabelos são franças...



E não podes saber do meu gozo violento,

quando me fico assim, neste ermo, toda nua,

completa-te exposta à Volúpia do Vento!



PARTICULARIDADES 2



Tudo quanto é macio os meus ímpetos doma,

e flexuosa me torna e me torna felina.

Amo do pessegueiro a pubescente poma,

porque afagos de velo oferece e propina.

O intrínseco sabor lhe ignoro, se ela assoma,

no rubor da sazão, sonho-a doce, divina!

gozo-a pela maciez cariciante, de coma,

e o meu senso em mantê-la incólume se obstina...



Toco-a, palpo-a, acarinho o seu carnal contorno,

saboreio-a num beijo, evitando um ressábio,

como num lento olhar te osculo o lábio morno.



E que prazer o meu! que prazer insensato!

– pela vista comer-te o pêssego do lábio,

e o pêssego comer apenas pelo tato





FECUNDAÇÃO



Teus olhos me olham

longamente,

imperiosamente...

de dentro deles teu amor me espia



Teus olhos me olham numa tortura

de alma que quer ser corpo,

de criação que anseia ser criatura



Tua mão contém a minha

de momento a momento:

é uma ave aflita

meu pensamento

na tua mão.

Nada me dizes,

porém entra-me a carne a persuasão

de que teus dedos criam raízes

na minha mão.



Teu olhar abre os braços,

de longe,

à forma inquieta de meu ser;

abre os braços e enlaça-me toda a alma.



Tem teu mórbido olhar

penetrações supremas

e sinto, por senti-lo, tal prazer,

há nos meus poros tal palpitação,

que me vem a ilusão

de que se vai abrir

todo meu corpo

em poemas.



(in Sublimação, 1928)





ESBOÇO



Teus lábios inquietos

pelo meu corpo

acendiam astros...

e no corpo da mata

os pirilampos

de quando em quando,

insinuavam

fosforecentes carícias...

e o corpo do silêncio estremecia,

chocalhava,

com os guizos

do cri-cri osculante

dos grilos que imitavam

a música de tua boca...

e no corpo da noite

as estrelas cantavam

com a voz trêmula e rútila

de teus beijos...



(in Sublimação, 1928)





O RETRATO FIEL



Não creias nos meus retratos,

nenhum deles me revela,

ai, não me julgues assim!



Minha cara verdadeira

fugiu às penas do corpo,

ficou isenta da vida.



Toda minha faceirice

e minha vaidade toda

estão na sonora face;



naquela que não foi vista

e que paira, levitando,

em meio a um mundo de cegos.



Os meus retratos são vários

e neles não terás nunca

o meu rosto de poesia.



Não olhes os meus retratos,

nem me suponhas em mim.





Fonte de Pesquisa:

Sites da Internet:

http://www.terravista.pt/mussulo/1701/gilka_machado.htm

http://www.bn.br/bibvirtual/acervo/autoresbrasileiros/Gilka%20Machado.doc

http://www.secrel.com.br/jpoesia/gm.html





Fernanda Guimarães





Visite minha HP:

http://br.geocities.com/nandinhaguimaraes





















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