Usina de Letras
Usina de Letras
115 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62192 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50598)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Como Desenvolver a capacidade de ler -- 23/10/2003 - 15:38 (vicente martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Dados do SAEB 2001 apontam que 59 por cento das crianças brasileiras, da 4ª série, ou seja, com 4 anos de escolarização, são analfabetas e que é pior, a tendência detectada foi a de uma queda progressiva nos padrões de rendimento escolar

Falando em números, teríamos 983.895 crianças na 4ª série do ensino fundamental que não sabem ler (desempenho muito crítico) e 1.569.045 que são capazes de ler apenas frase simples (desempenho crítico). Em substância, nesse segmento do ensino fundamental, há, pelo menos, 2.522.940 crianças que podem ser consideradas como maus leitores

Apesar de constatarmos que a década de 90 foi pródiga em programas de aceleração da aprendizagem, regularização do fluxo escolar e habilitação de professores, tais iniciativas, isoladamente, não exerceram um efeito observável na qualidade de ensino e no nível de desempenho dos alunos, especialmente aquisição e desenvolvimento da lectoescrita (leitura, escrita e cálculo).

Há necessidade de os governos, federal, estadual e municipais e mais o setor privado, em caráter de urgência, implementarem soluções estruturais que incidam nos fundamentos do processo educacional: a valorização e a formação (e não apenas a habilitação) do professor, a gestão democrática e eficiente da escola e o monitoramento dos resultados das avaliações do SAE, ENEM e PISA pelos profissionais da educação e poderes públicos.

Inicialmente, são soluções de natureza político-educacional. No entanto, há fatores intra-escolares, pedagógicos e psicopedagógicos, no entorno escolar, diríamos, em outras palavras, fatores de natureza didático-pedagógica (professor, aluno e conteúdos), que também têm peso no desempenho dos alunos, e uma escola comprometida com seus alunos, e com a família desses alunos e mais, solidária ao esforço educador do poder público, apesar de condições adversas, pode fazer diferença.

Os dados extraídos dos testes do SAEB, em especial, sua análise pedagógica, permitem-nos uma reflexão sobre as dificuldades encontradas pelos alunos e a perceber a dinâmica do processo de construção do conhecimento.

Neste encontro, vamos nos debruçar, como nos sugere o tema deste artigo, sobre a importância da leitura na educação básica, especialmente no ensino fundamental e em ensino médio, a que converteria, de logo, num desafio metodológico de perguntar a mim mesmo, como docente da área, e aos colegas professores da rede pública: como desenvolver a capacidade de aprender a ler dos alunos da educação básica?

Vamos em parte. Comecemos por uma questão básica: a leitura é meio ou fim para se atingir o objetivo do ensino fundamental? Qual esse objetivo? A LDB, isto é, a Lei 9.394/96, no seu artigo 32, determina que o ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá objetivo a formação básica do cidadão. Portanto, o objetivo do ensino fundamental é a formação cidadã do aluno. E para essa formação cidadã, que passos devem ser dados para se atingir este objetivo de ensino?

São as quatro os passos para formação cidadã do educando no ensino fundamental. O primeiro passo, o desenvolvimento da capacidade de aprender (inciso I). O segundo passo, a compreensão da sociedade (inciso II). O terceiro passo, o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem (inciso III) e o terceiro passo, o fortalecimento da vida social (Inciso IV).

Desses quatro passos, interessa, para nossa reflexão, o primeiro passo, isto é, o desenvolvimento da capacidade de aprender? Por quê? Porque, para que possamos desenvolver a capacidade de aprender das crianças do ensino fundamental teremos que nos valer de três meios básicos ou habilidades básicas: a leitura, a escrita e o cálculo. Na verdade, não se trata apenas de ler, escrever e calcular, de qualquer jeito, ou seja, de forma rudimentar, mas atingir o pleno domínio dessas habilidades.

A leitura, a escrita e o cálculo são meios básicos para o desenvolvimento da capacidade de aprender. Desses três meios básicos, o desempenho leitor tem se mostrado muito precário, até mesmo, superior ao desempenho escritor ou matemático das crianças. A lei, de alguma maneira, nos parece sugerir que a importância da leitura está diretamente relacionada ao desenvolvimento da capacidade de aprender. Não há desenvolvimento ou aprendizagem que não passem pela leitura, seja em situação normal ou especial.

Ler para aprender é meio, pois, para desenvolvimento da capacidade de aprender. Mas, para que ingressamos nessa tarefa de ler para aprender é necessário, antes de tudo, aprender a ler. E aprender a ler é habilidade que exige da escola uma concepção nova de leitura, ou seja, leitura é decodificação (reconhecimento das letras e discriminação das vogais, por exemplo) e compreensão (sentido dado à pré-leitura, leitura e a pós-leitura).

É a leitura compreensiva, isto é, lê e entender o que se lê, descobrir o propósito do escritor, que irá desenvolver a capacidade de aprender das crianças.

A aprendizagem da leitura depende de três fatores. O primeiro, o querer aprender a ler, o equivalente a uma formação de atitudes do educando de se dispor a ler. Esta disposição pode ser refletida nas formas de expectativas, interesses, motivação, atenção, compreensão e participação. Querer aprender a ler é o primeiro passo para se ler para aprender. Para se desenvolver em leitura é preciso, antes, envolver-se em leitura, gostar de ler, isto é, a obra está no centro de seu inter-esse (dentro do ser) em ler a obra

Se há disposição para aprender a ler, há possibilidade de chegarmos à capacidade de aprender a ler, e sobretudo, do educando, considerar que pode aprender lendo. Aqui vale o ditado: querer é poder. A partir da leitura de uma obra regional ou nacional, uma criança pode desenvolver aptidões ou competências ou competências e habilidades de natureza intelectiva e procedimental. A aptidão intelectual ajuda a ler para aprender a pensar a prática social e aptidão procedimental a ler para aprender a atuar no mundo do trabalho.





Vicente Martins é professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), de Sobral, Estado do Ceará, Brasil.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui