Assisti, de novo, o filme “As Vinhas da Ira”, da obra de Steinbeck , publicada em 1939. O filme, dirigido por Henry Fonda, foi realizado logo no ano seguinte ao do lançamento do livro, em 1940, evidenciando o sucesso desta que é a obra-prima de Steinbeck, e que mostra a exploração do homem do campo, expulso da terra quando do advento da mecanização agrícola no sul dos Estados Unidos. Vendo-se sem casa e sem terra, o agricultor é atraído por tentadoras, mas mentirosas ofertas de trabalho nos pomares da Califórnia. Acontece, então, a invasão da Califórnia por milhares de agricultores do sul que buscam trabalho, mas que quando o encontram não recebem por ele o suficiente para comer.
O filme prima pela boa interpretação e pela fidelidade quase que total à obra de Steinbeck. Apenas o final do livro foi suprimido no filme, talvez pelo forte impacto dramático que certamente causaria.
Steinbeck, no livro, registra a importância dos trabalhadores diante da implacável prepotência dos senhores de fazendas, detentores das fontes de trabalho. Trabalho que deveria dar ao trabalhador condições de ganhar o mínimo necessário para comprar o seu alimento, sem o que morreria de fome.
Algumas personagens e situações também foram deixadas de lado no filme, mas não chegam a comprometer a homogeneidade da obra. É o caso, por exemplo, do casal que se junta, no caminho para a Califórnia, à família Joad. O fato de uma família socorrer outra na corrida pela busca da sobrevivência, apesar de escorraçada e destituída de tudo quanto teve até então, mostra, no livro, o espírito de fraternidade daquela gente lutadora e sofrida.
“Vinhas da Ira”, de Steinbeck, lembra um pouco, pela tema, pelas personagens e pelas situações, a obra-prima de Zola, “Germinal”, escrito bem antes que a primeira, ou seja, em 1881, há mais de sem anos. A impressão que se tem, é que Steinbeck, talvez, quisesse, com “As Vinhas da Ira”, transportar os protestos por melhores condições de trabalho, por uma vida mais digna e pelos direitos do homem, das minas de carvão, da França (Germinal), para os campos de algodão e pomares da Califórnia.
Os agricultores – ou cultores da terra – de Steinbeck, não chegam a se levantar como os mineiros de Zola, contra a ganância e intolerância de seus patrões, mas mostram a situação do homem do campo, que cada vez mais é injustiçado e obrigado a abandonar as suas terras para ir morrer de fome na cidade grande. Ainda hoje.
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