Comentário do dia 27.11.08
Racismo em alta
ROBERTO FENDT*
Recomendo a todos a leitura do artigo de Demétrio Magnoli** publicado no Estado de São Paulo (e no Globo) de hoje. Formulado como uma carta aberta ao deputado Paulo Renato Souza (PSDB-SP), ex-ministro da Educação do governo FHC, o artigo historia a aprovação na Câmara dos Deputados da lei de cotas raciais nas universidades federais e instituições federais de ensino médio no País.
Não vou reproduzir aqui os argumentos do artigo. Basta mencionar que se trata da primeira lei racial brasileira desde que proclamada a República; que o projeto de lei não foi votado em plenário, mas resultou de conchavo de lideranças; e que aos deputados foi poupado ter de expor-se ao julgamento, senão presente, pelo menos futuro, quando os efeitos nefastos de se começar a trilhar o caminho do racismo no País se manifestarão.
Todos são supostamente iguais perante a lei, inclusive perante a regulamentação que estipula que o ingresso em universidades federais se dá por mérito apurado em concurso público, independentemente de religião, “raça” ou filiação partidária. Qualquer cota, por razões econômicas, raciais, religiosas ou de outra natureza, abole o sistema de mérito em vigor.
Faltou, contudo, dizer outra coisa. O problema não ocorreria se o Estado se abstivesse de se envolver na educação universitária dos brasileiros. Se a sociedade acredita que o Estado deve envolver-se na Educação, então que o faça bem, o mais próximo possível do contribuinte – isto é, no município. Grifo que o faça bem. Porque de fato não o faz, como não o faz na Segurança e na Saúde. De intervenções desse tipo estamos todos cheios, para termos de aturar agora uma lei racial, ainda por cima.
*VICE-PRESIDENTE DO INSTITUTO LIBERAL
** “Carta aberta ao Grande Chefe Branco”, Estadão / Opinião, 27.11.08
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