A manifestação mais bem humorada que já vi de uma cidadã, foi em Brasília, onde uma militante - não sei de que partido ou sindicato - levou para as ruas uma faixa ou camiseta, não me lembro ao certo, onde se lia - RENAN, ME COME.
Se referia ela, como a maioria dos leitores e leitoras deve saber, aos valores interessantes supostamente destinados pelo Renan a uma suposta amante.
Eu considerei aquela manifestação a glória da cidadania. Com o bom humor típico do Brasil. Embora, confesso, tenha dúvidas sobre essa invasão da privacidade das pessoas. São pessoas.
Ao ver os recentes episódios divulgados pela mídia - nem tudo é verdade, mas aquele vídeo era a morte anunciada.... - eu fiquei com uma vontade louca de descobrir aquela moça. O que ela escreveria numa faixa, para os ministros da Suprema Corte, com todo o respeito que o cargo deles exige?
Exige, sim. Pois se um Presidente do Supremo consegue mobilizar os Três Poderes da República para mudar a lei porque um cidadão chamado Daniel Dantas foi algemado, é de se respeitar o Ministro Gilmar Mendes.
Só que tem um problema - em seguida o Ministro atacou o MST. Publicamente. Ora, diria o Macaco Simão, o que tem isso de mais?
Tem, Simão, que um magistrado não deve se pronunciar publicamente sobre questões que podem envolver uma demanda judicial. Isso exige uma ação jurídica - ai, eu leiga, me arriscando, mas é do meu perfil aquariano - chamada de SUSPEIÇÃO.
Agora, imaginem o seguinte - esse mesmo Ministro, numa sessão que ele lidera, ri, debochadamente, de um seu par. Negro.
Ri mesmo.
Não é hilário?
Foi o apartheid personificado nas telas da Globo, da Record, da Bandeirantes, da TV Brasil, etc etc.
Riria o Ministro da sua parceira loura? Duvido.
Era o próprio Louro José numa cena daquelas das manhãs da segunda feira.
Eu fico imaginando o que aquela moça do RENAN ME COME escreveria numa faixa.
Principalmente depois da nota de APOIO DE TODOS OS MINISTROS E MINISTRAS - vejam o e-mail que recebi do Marcio Leal:
"Os ministros apoiam Mendes. São eles:
Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Cezar Peluso, Carlos Ayres Britto, Eros Grau, Ricardo Lewandowski, Carmen Lúcia e Menezes Direito. Não assinaram a nota somente os envolvidos na polêmica, Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa, além de Ellen Gracie, que está fora do Brasil."
Eu não quero transformar esse episódio num caso de racismo. Longe de mim.
Mas não é estranho que os pares do Presidente que deveriam dizer - Presidente, o cargo exige que o senhor seja magnânimo, conciliador, respeitoso - assinem uma nota apoiando a desqualificação de um Ministro, com risos, ironias?
Ai, minha filha, faz a faixa. Eu copio e prego no meu carro inteiro.
Que coisa.
Aguardo o macaco Simão.
(enquanto aguardo o Macaco Simão, me dei ao trabalhao de enviar e-mail aos Ministros e ao Conselho Nacional de Justiça, defendendo a tese da suspeição do Ministro). Quem poderia fazer isso? O OAB Nacional? Duvido. |
