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Infantil-->A lenda do Cordão dourado -- 12/02/2005 - 21:42 (Lady Morais) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
São 20 hs e as estrelas parecem que dançam no céu. Todas muito iluminadas, piscando sem parar: ora uma ora outra. A luz era tão forte, tão forte que clareava o caminho para os animais que seguiam para suas tocas. Era noite, hora de dormir e sonhar. Na fazenda, enquanto os animais dormiam e o perfume das flores invadiam a casa num convite irresistível à criançada: é hora de sentar, se juntar a beira da fogueira, pois começaria as histórias do Senhor Zx.

- Vovô, você poderia nos contar as suas histórias da infância? De preferência àquelas em que você e seus amigos passavam noites e noites em busca de mistérios, em busca de tesouros, em busca do sonho que só ao adormecer somos livres suficientemente para realizá-los (disse Amanda, a menorzinha de todos);

- Yes! Yes! Yessssssssssss... gritou Matheus, o mais tagarela. Estas eu adoro, especialmente as que envolvem escuridão, fantasmas...

- Que tal se sentarmos embaixo do embuzeiro com uma grande fogueira, disse Vinícius;

- Vamos nos ajeitando, pois hoje não quero que ninguém fique de fora, disse Sr. ZX. Vamos falar sobre um tesouro perdido que só as pessoas do bem, teriam a oportunidade de encontrá-lo.

A noite cada vez mais iluminada com as estrelas e agora, com a lua que de mansinho, apontava no horizonte. Era lua nova o que acelerava os corações, a emoção de estar ali ouvindo e vivenciando cada detalhe da história.

As crianças se preparavam para o grande espetáculo, a maior história de todos os tempos. Pareciam que estavam diante de um grande teatro, pois a capacidade do Sr. Zx de contar histórias era tamanha, que as crianças tinham a impressão de estar assistindo ou vivendo um conto de fadas.

Eram cinco amigos: Zx, Baton, Matias, Gordo e Eufrásio. Tinham o hábito de inventar histórias e brincar como se fossem grandes heróis. Um dia, Matias, o mais esperto da turma, resolveu invadir o quarto de seu pai e acabou encontrando alguns escritos em um velho livro com algumas páginas rasgadas, cheirando a mofo e de tom marrom, provavelmente tinha sido branco, mas pelos anos de estrada tinha uma cor amarelada. Este livro era super interessante e retratava as experiências dos grandes fazendeiros e delegados do século passado. Ele dizia que os ricos fazendeiros da época, quando não tinham mais com o que gastar, enterravam seus tesouros embaixo de suas próprias casas, no quintal, nas roças ou até mesmo à beira de estradas abandonadas.

Como Zx era o mais letrado da turma, Matias veio correndo ao seu encontro pedindo ajuda para decifrar algumas palavras e frases, que a sua gagueira não permitia traduzí-las. Àquilo era como se fosse um presente para Zx que tinha duas paixões: a leitura e a descoberta de grandes feitos, especialmente as histórias sobre o passado e os homens que marcavam a história do mundo.

Rapidamente Zx, o homem do bem, como era conhecido, pegou o livro.
Deixou os seus afazeres e como sempre gostava de fazer, subiu rapidamente no pé de Umbu. Uma sombreira enorme em frente à casa grande da fazenda Santa Rosa, o condomínio onde ele e todos seus irmãos haviam nascido e crescido, vivenciando tudo que uma infância de fartura porém ingênua poderia lhe proporcionar. Debruçou em cima do pequeno livro e começou a folheá-lo. Cada página contava uma história e trazia um tracejado, que logo Zx decifrou e apelidou de mapa da aventura. De todas as histórias, uma lhe chamou a atenção e naquele mesmo dia, reuniu o quinteto: Zx, Matias, Baton, Gordo e Eufrásio para seguirem rumo ao que lhes parecia: uma grande descoberta.

Neste momento, Baton chamou a atenção de todos e fez um convite ao saber ouvir: prestem atenção na história que mudaria, para sempre, nossas vidas. Zx, letrado como é, irá decifrar tudo que as escritas trazem.

Os amigos, de olhos arregalados, sem mover um só músculo, ouviam a leitura de Zx, que, aos sete anos de idade, por vocação já estava alfabetizado, coisa rara para o ano de 1952. Ele lhes mostrava três páginas, com muito tracejado e pouca escrita... Os tracinhos que ora se entrelaçavam formando uma corrente, ora passava um pelo outro, como se fosse uma trança...mas o esperto do Matias, foi logo decifrando, é um cordão! E dourado, complementou Zx. Esta é a nossa grande chance! Um cordão de ouro que vamos encontrá-lo.

Todos se debruçaram sobre o livro e começaram a querer entender cada detalhe, cada letrinha, mas apenas Zx era capaz de decifrá-los.

Enquanto isso, na fazenda Santa Rosa, Matheus, Amaná, Vinícius e todos os outros, olhavam para um lado e para o outro e sentiam arrepios. Nesta hora se aproximavam e se aqueciam na fogueira que agora já estava baixa, quase toda cinzenta. Pareciam corujas atentas, sem pestanejar.

Zx pegou o cordão e ao puxá-lo, veio junto um papel. O papel pardo, meio rasgado e quase dissolvendo como se fosse água. Todos se espantaram e perceberam alguns desenhos: cruzes, uma ovelhinha pintada ao centro, uma árvore enorme ao fundo com tracejados até o Rio, o Rio Piauí, um casarão antigo...

Rapidamente os amigos se agarraram a Zx e este pôs-se a caminhar em direção aos pontilhados. É um mapa, é um mapa do tesouro, gritou Eufrásio, o caçula da turma.

De repente, quando caminhavam, uma nuvem negra pairou sobre suas cabeças e uma enorme tempestade parecia acompanhá-los. O vento forte, assoviando balançando as palhas dos buritizais, mas a força e coragem deste menino valente era a fortaleza que todos precisavam para seguir em frente.

Um, dois, três, meia dúzia, volta para a esquerda. Parece um código de cofre secreto, gritou Baton, mas Zx logo respondeu: é a chave secreta do mapa.

Andaram por três longas horas e todo o circuito que perfaziam, trazia de volta a casa grande, embaixo do embuzeiro.

De repente, Amanda gritou: aqui, onde estamos sentados?

- Zx respondeu: exatamente querida Amanda, aqui onde estamos e onde jamais conseguimos encontrar o verdadeiro cordão.

Uma ventania apagou as últimas faíscas da fogueira aproximando as crianças e Matheus, com seus olhos vibrantes se posicionou: acho melhor irmos dormir.

Vinícius completou, a história poderá continuar amanhã.

Todos se recolheram, menos ele, Zx. Já com seus 69 anos, ficou observando a noite e agradecendo a Deus o privilégio que é a vida. O privilégio de poder viver seus 69 anos e acompanhar o crescimento de seus netos queridos, Matheus, com os 7 anos, a mesma idade que Zx tinha anos atrás, quando ele e seus amigos encontraram o mapa, Amanda, a caçulinha, com 5 anos e Vinícius, o mais brincalhão de todos, com 8 anos.

Depois que todos se foram, Zx pegou uma enxada e pôs-se a cavar. Cavou, cavou, 10 metros na raiz do Umbuzeiro. De repente.... a enxada bateu em algo firme, algo que fazia barulho, algo sólido, forte, tão forte, que quebrou o cabo da enxada.

Zx foi até a cozinha, pegou um lampião, e voltou para o seu buraco. De repente, assustou-se, pois se tratava de um baú. Um baú tão pequenino, que poderia guardar apenas um livro. Um livro de no máximo 20 páginas.

Zx iluminou novamente o local e puxou com toda a sua força o pequeno baú. Este se encontrava com uma chave dourada em sua fechadura. Zx destrancou e... para sua surpresa, lá estava um outro cordão e um bilhete.

Ele arrancou rapidamente, com muito cuidado para não quebrar o cordão e nem rasgar mais ainda a pequena cartinha. Lentamente, abriu o envelope e começou a leitura:

“Estive aqui, vim lhe dar um beijo, um abraço e um afago e lhe deixar um pedaço do cordão de ouro. Vim lhe trazer boas notícias, vim lhe dizer da importância da família e dos amigos. Vim lhe dizer do quanto é importante ser do bem e ajudar o próximo. Passe este pequeno pedaço de cordão de ouro a Matheus, ele saberá o que fazer. Diga a Matheus, para junto com o cordão, levar Amanda e Vinícius também. Leve tudo até o monte da colina, onde construímos a capela. De um pico até o Rio, você verá o verdadeiro cordão dourado.” Fique com Deus e passe adiante.

Zx foi tomado de uma emoção grandiosa, as lágrimas escorreram pelo seu rosto, seus olhos negros e de grandes cílios pestanejaram e um semblante feliz lhe tomou a face: ele havia reconhecido a letra: vovô Quirino.

O dia amanheceu e Zx ao abrir os olhos, balançando em sua rede de cordas, percebeu que adormecera na beira da fogueira em cinzas e que tudo o que havia vivido ou dito, não se passava de um gostoso e bom sono. Levantou-se e aproximou-se da cama de seus netos, deu um beijo em cada um deles. Parou em frente a várzea, na frente do casarão e pensou: tive um sonho, um sonho onde tudo parecia real. Um sonho onde podemos ser heróis, nos emocionar e conquistar. O sonho, o lugar onde se consegue realizar tudo e transformar em realidade, desde que seja um homem de bem.

Fim
De 12/02/2005 a 31/12/2006
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