Li o texto de Adriana Ruella, no qual é colocado a diferença entre “ser” e “estar” professor. Por sinal muito bem metabolizado! Depreende-se que a professora Adriana exerce sua profissão com consciência e integridade.
São raros os professores que o são realmente, por opção, vocação para ensinar. Lidar com crianças, adolescentes,- transmitir-lhes não só informações e conhecimentos bibliográficos produzidos por outrem – sobretudo educa-los,
Moldar o comportamento, orienta-los para a vida em sociedade humana.
O professor “está”: - por uma contingência de falta de opções, dar aulas para sobreviver, nem sempre se doando, nem gostando do que faz. Tem o magistério como um biscaite, uma ponte para outra atividade profissional mais rentável. Há professores que para sobreviver, têm que lecionar em várias escolas, em tempo diurno e noturno.
Tudo se remete a uma questão estrutural e vai se arrastando num círculo vicioso.
“Sendo” ou “estando” em muitas realidades estruturais deficitárias- aquele saberá driblar as dificuldades, adaptando-se, criando condições do nada, segurar o barco da aprendizagem. Na maioria das vezes, falo aqui no Nordeste, o professor só dispõe do quadro, giz, garganta e sobretudo amor a profissão! As professoras do ensino fundamental da zona rural são verdadeiras heroínas! Não obstante os baixos salários doam-se imensamente e não deixam os alunos sem aulas. Muitas andam léguas para chegar na casinha improvisada para escola.
Em ambos os casos, sendo e estando, o professor deverá ter compromisso com a educação, reivindicar melhores ferramentas de trabalho, cujo objetivo último é assegurar uma educação de bom nível.
Não é fácil ser professor-educador. Carrega sobre os ombros, seu próprio peso existencial, somado a missão de ensinar com as responsabilidades que lhe são inerentes. Só algo transcendental para prosseguir a árdua caminhada e nobre missão!
O professor no século passado era visto como um Deus sábio distante. Vomitador de conhecimentos diversos, nem sempre querido, mas respeitado pelos alunos, pelo temor. Senhor da cátedra exigia dos alunos uma memorização forçada.
Felizmente os Paulo Freires e outros teóricos da educação, operaram verdadeiro milagre, libertando muitas algemas da educação tradicional. Defensores de uma educação participativa entre educador x aluno x escola x família x comunidade, todos integrados renovando o aprender e ensinar. Aí professor é aluno e aluno é professor. Todos aprendem e ensinam simultaneamente, tendo em vista os dados da experiência.
Não mais aquela metodologia de empaturrar os alunos de informações muitas vezes inúteis, estéreis, que talvez nunca tenham aplicabilidade na vida prática.
Abordagens mais válidas e atitudes que incutam novos valores e ao mesmo tempo leve-os a criar, num ambiente de liberdade e um pensar mais condizente com a realidade de cada um.
Destarte, num espaço assim, propicia o professor a produzir conhecimento em sua área de atuação, efetivar pesquisas de campo, ao invés daquele mero repetidor de conhecimentos livrescos, repetitivo.
Parabéns professor! De qualquer modo, sendo ou estando, estão contribuindo com diminuição do analfabetismo neste país!