Eu sou aquele que está na contramão
Um rejeitado, um transviado, sem ilusão.
Eu sou a escória, o aflito.
Estou no chão.
Sou aquele que está na margem.
De mãos estendidas, implorando pão.
Sou o excremento, purulento,
virulento, instrumento sedento, nojento.
Sou indigente.
Inocente, penitente, indecente.
Tenho as chagas da miséria, as cores da podridão.
Reviro o lixo, sou como um bicho.
Sou a realidade da ficção.
Não sou homem, mas sou humano.
Das grandes verdades, eu sou o engano.
Sou o arranhão.
Não tenho vida, não tenho morte,
nem solução.
Sou o banido.
O escondido.
A frustração.
Eu sou o quisto,
Eu inexisto.
Sou o vilão.
Eu não fui convidado para a festa.
E o que me resta nesta aresta,
é ser o resto.
Ser como um cão.
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