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Poesias-->POROSIDADE -- 06/12/2001 - 07:01 (wladimir olivier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Por que escrever?

Porque desejo ser conhecido e admirado por todos.

É triste, mas não deixa de ser a realidade,

profundamente humana:

eu simplesmente eu.

Agora, enquanto escrevo, é sempre a mesma a intenção.

Bem disse Pessoa, que era poeta,

que “o poeta é um fingidor”.

Entretanto, eu não finjo nenhuma dor,

apenas desejo fazer-me conhecido,

quer desvendando os segredos da matéria,

quer conversando com Deus fora da existência,

quer revelando a alma do homem e a minha,

quer tentando fazer-se superar a si mesmo o que sofre.

E assim caminho pela vida,

ou a vida por mim, morto antecipadamente.

O pior de tudo é que sou racionalista e pelo raciocínio destruí o racionalismo.

Onde fico? Não sei.

A imaginação talvez possa iludir-me.

Era uma noite de vento frio.

Aos lábios uma prece me veio

que dizia: Senhor, que mandas tudo,

faze com que eu tenha o que desejo,

faze-me conhecer a verdade,

revela-te na augusta presença de tua eternidade.

Deus, Deus. Estarei sendo egoísta?

Serei um farsante?

Deus, livra-me da dúvida.;

Deus, tira-me o medo.;

Deus, leva-me contigo.;

Deus, faze-me repousar no nada!



Que sou?

De onde vim?

Para onde vou?

Por que pergunto?

Jamais poderei responder.

Jamais se poderá responder.

Apenas Deus o faria,

mas Deus não sabe perguntar,

pois seu conhecimento está integrado em sua essência.

Se Deus existisse...

ter-me-ia fulminado com seus raios de fogo,

pois duvidei

e ainda não creio.

Tudo me leva a ser agnóstico,

mesmo sabendo que a inteligência é matéria

e que tudo o que possa saber é matéria,

porque os meios de conhecimento que tenho são materiais

e minha inteligência é apenas esforço da matéria para a organização dos seres que os sentidos percebem e para a equação dos problemas de subsistência.



É somente por analogia que posso libertar-me.

Deus existe apenas por analogia

e o homem, apenas por definição.

Fria era aquela noite

e torturava-me a idéia de Deus,

Sim, Deus é apenas uma idéia

e tudo deve ser encarado por esse prisma.

Na distância, ouvia-se o relinchar do cavalo que lutava pela liberdade perdida.

E as portas batiam impelidas pelo vento, a repetir o enlouquecimento de mim.

E o navio a perder-se no horizonte, levando consigo as esperanças dos que ficaram.

E o choro da criança a relembrar-me ensurdecedoramente o tempo perdido.

E eu a desfazer-me, perdendo-me no vácuo, levado pelo sopro rude da saudade, tentando buscar os valores, não sei se perdidos.

Sou poeta. Sou fingidor. Vou dormir.



19.05.58.





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