Em uma pequena cidade mineira, lá pros lados de Berlandia, um padre foi se queixar ao sacristão:
— Uai ... ma que trem ruim cumpadri! Faiz um mês que não como uma beata, um coroinha, nada. Nadica de nada. To ficando vesgo sô.
O Sacristão falou:
— Uai... padre.... comi o trem do ceguinho, qui pedi ismola na missa di domingo.
— Mais como? Perguntou o padre.
— Despois da missa, eu levo o moço pra sacristia, tranco bem a porta, e vou tocar o sinos. Ele pode berrar o que quiser... ninguém vai escutá o coitado geme.
E não deu outra. Acabou a missa o sacristão levou o ceguinho pra a sacristia onde estava o padre esperando com o enorme bastão armado.
Os sinos tocaram tão alto, que ninguém escutou os berros do ceguinho.
Depois da caridade, deram um lanche pro ceguinho e mandaram ele passear.
Assustado e dolorido o ceguinho ficou mais de um mês sem aparecer na missa de domingo. Mas, como estava precisando de grana, resolvei ir naquele domingo, sem saber que tinha festa na igreja.
Sentou no seu banquinho do lado de fora. Quanto o bispo chegou para festa o sacristão começou a tocar os sinos fazendo o maior barulho.
Apavorado o ceguinho correu se agarrando em uma saia. Não era saia! Era a batina do bispo que tinha acabado de chegar. Desesperado o infeliz gritou:
— Cruz credo... me acuda minha senhora... é o fio da puta do padre José, que quer de novo come o meu cu! Me proteja por caridade dona, daquele padre tarado!